sábado, 27 de fevereiro de 2021

 

Planos de saúde, corte salarial, alvará de soltura

 

Cesar Vanucci

 

“Quando vi o valor caí duro”.

(Cliente de plano de saúde, chocado com abusivo aumento)

 

● “O reajuste assusta os consumidores”, apregoa a manchete de página inteira. O susto tem toda razão de ser. Os usuários dos planos de saúde estão sendo surpreendidos, neste início de ano (até aqui, parecidíssimo com o ano que ficou pra trás), com majorações de 50 por cento em média, nos carnês dos planos de saúde. O noticiário explica que o despropositado aumento foi devidamente autorizado pela agência reguladora oficial. O órgão acolheu postulação das empresas credenciadas a operarem seguro saúde, sob a alegação de que se mostram defasadas as remunerações pelos serviços prestados... “Quando vi o valor, caí duro. Cheguei a conclusão que não vai dar mais pra continuar pagando plano de saúde, em razão desse aumento exorbitante devido às condições que estamos enfrentando em um contexto de pandemia. Resolvi cancelar o plano de saúde e estou à cata de outras medidas de assistência à saúde para minha família.” O desabafo de um cidadão do povo, lido acima, colhido ao acaso no jornal, traduz a perplexidade e inconformismo, pode-se dizer, dos 60 milhões de brasileiros que, de acordo com as estatísticas, mantêm planos de saúde. A sociedade brasileira não concorda com o fato de o órgão regulador permanecer, face à abusiva situação, “mudo e quedo que nem penedo”. É mais do que compreensível a expectativa que paira no ar quanto à eventualidade de alguma intervenção providencial capaz de conter a exorbitância assinalada nas faturas encaminhadas aos usuários dos programas de assistência à saúde. Ganha oportunidade mencionar, aqui, algo bastante curioso que ocorre, não é de hoje, na relação dos planos com os consumidores. Contingente apreciável de clientes bateu na porta da Justiça pleiteando a revogação de reajustes inopinados, na vigência do contrato, para certas faixas etárias. Amparados na legislação que protege idosos e consumidores, viram-se vitoriosos na 1ª e 2ª instâncias, mas com a restrição de não poderem desfrutar imediatamente do benefício da redução, a levar-se em conta a perspectiva de uma “súmula vinculante” a ser elaborada por instância superior. A espera pela “súmula vinculante” está sendo longa demais da conta.

● PEC (Proposta de Emenda Constitucional) propondo cortes salariais de servidores. Iniciativas desse gênero são reveladoras, mormente num país com nossas incomparáveis potencialidades, de inaptidão gerencial, falta de visão administrativa, insensibilidade social, ausência de imaginação para conceber programas arrojados com metas de acelerado desenvolvimento econômico e social. Ái de nós!

● Mais essa agora! Falsos alvarás de soltura permitiram a saída pela porta da frente de alguns presídios, de delinquentes da mais alta periculosidade. Traficantes de armas e drogas, sequestradores, entre eles. Pelo que foi divulgado, a maior parte desses estrepitosos casos ocorreu na ex-Cidade Maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro, território onde milícias bem articuladas deitam e rolam, zombando das leis e das autoridades. As façanhas ininterruptas do crime organizado conferem sentido ao brado contido em bela canção de Aldir Blanc: “Brasil, tira as flechas do peito do meu Padroeiro, que São Sebastião do Rio de Janeiro ainda pode se salvar.”

● A campanha educativa na televisão, promovida pela Prefeitura de BH e outros órgãos, exortando os “foliões” a se resguardarem, no período carnavalesco, mode que evitar contaminações pelo coronavírus, foi muito bem “bolada”. Sei de telespectadores que se postaram, frente à telinha, à espera do “intervalo comercial” no meio dos programas, só pra ver e ouvir as sugestivas cenas e melodias.

 

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