Mulheres
no comando
Cesar Vanucci
“Uma porta foi aberta.”
(Cardeal
Mario Grech)
Ativistas
dos direitos humanos, pessoal engajado em causas de valorização do papel da
mulher na sociedade receberam com júbilo decisões, adotadas recentemente, nas
esferas de atuação do Vaticano, Organização Mundial do Comércio e Jogos Olímpicos.
Ngozi Okonjo-Iweala, economista, negra,
nigeriana, é a primeira mulher a presidir a OMC. A mídia deu enorme destaque ao
fato, ressaltando que a instituição ganhou novo alento para a execução de sua
missão, já que vinha se mostrando entravada por força da hostilidade
estadunidense, na gestão do golpista Trump. Com a nova dirigente e a disposição
anunciada do presidente Joe Biden em prestigiar o órgão, o cenário altera-se,
para melhor. Ngozi revelou que sua
prioridade será a recuperação econômica global abalada pela pandemia. A OMC é
referência em relações econômicas entre países. Assegura suporte técnico para o
debate de questões ligadas às estruturas comerciais, estimulando acordos que
abrandem conflitos. Conta com 164 países membros. O Brasil é um dos fundadores
do órgão. Ngozi foi
ministra de estado na Nigéria em duas ocasiões.
O Comitê
Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio nomeou Seiko Hashimoto como sua nova
presidente. Ela substitui Yoshiro Mori, que renunciou sob pressão da opinião
pública, motivada por declarações sexistas. As Olimpíadas de Tóquio, como
sabido, foram adiadas para este ano por causa da pandemia. Ao assumir, Seiko
deixou dois postos no governo, um deles o de Ministra da Igualdade de Gênero. Participante
desde 1995 da vida política é famosa ainda pela circunstância de haver disputado,
como atleta, as modalidades de ciclismo e patinação em torneios olímpicos
passados. Chegou mesmo a conquistar uma medalha de bronze em prova de patinação
de velocidade nos 1500 metros, nas Olimpíadas de Inverno de 1982. É
interessante ressaltar, a propósito das Olimpíadas de Tóquio, que o comitê
responsável pela seleção dos atletas nipônicos instituiu um conselho consultivo
onde cerca de 40 por cento dos integrantes são mulheres.
Das
designações, em dias recentes, pela primeira vez na história, de mulheres para
cargos executivos de relevância mundial, as de maior força simbólica talvez
tenham sido as ocorridas no âmbito da Santa Sé. O Papa Francisco, no ver de
muita gente, o único grande estadista dos tempos modernos, nomeou duas pessoas
do sexo feminino para cargos anteriormente ocupados exclusivamente por homens.
Convocada para Subsecretária do Sínodo dos Bispos, Nathalie Becquart foi diretora do
Serviço Nacional para a Evangelização da Juventude e das Vocações da
Conferência dos Bispos da França. A posição a que foi alçada concede-lhe direito
de voto no conclave. Com 52 anos, Becquart
é relativamente jovem para os padrões do Vaticano. Catia Summaria, magistrada
italiana, a outra mulher nomeada, vai responder pela função de Promotora de
Justiça no Tribunal de Apelação do Vaticano. Até aqui, apenas os chamados
“padres sinodais” podiam votar em sínodos da Igreja, embora já algumas mulheres
deles participassem como observadoras ou consultoras. Em 2018, uma petição, contendo
milhares de assinaturas, foi encaminhada ao Papa solicitando a presença de
mulheres como votantes. “Uma porta foi aberta. Veremos que outros passos podem ser
dados no futuro”, foi o comentário publicamente feito, a respeito das
nomeações, pelo cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo.
Não são
poucos os observadores a admitirem não estar tão distante assim o momento em
que as mulheres possam vir a ter acesso ao sacerdócio na Igreja Católica. Deus
louvado!
Um comentário:
Ainda veremos uma Papisa...
Postar um comentário