Tragédia
sem fim à vista
Cesar
Vanucci
“Por que
tanto ódio, tanto conflito, justamente nos lugares mais sagrados?”
(Domingos Justino Pinto, educador)
Gaza,
com seu aterrorizante cenário fratricida e devastação, é um “filme” já visto inumeráveis
vezes. E com propensão, fatalmente, para uma ou mais “reprises”, em outras
ocasiões, mesmo que resultem positivas as mediações, ora em curso, para o
“cessar fogo”.
O
que acontece, nessa permanente situação de beligerância reinante numa região onde
se acham localizados os lugares mais sagrados na devoção universal, conduz a
inenarráveis tragédias sem fim à vista. Fica gritantemente visível ali a
prevalência absoluta dos escusos interesses de uma geopolítica perversa –
difícil de ser confrontada - sobre as generosas aspirações de paz e convivência
fraterna que, certeiramente, povoam os corações da gente do povo do lado
israelita e do lado palestino. Exacerbadas paixões políticas, de cunho religioso
sectário, concorrem pronunciadamente para desfazer acordos, compromissos e
propósitos bem-intencionados no sentido de favorecer decisões consensualmente
estabelecidas no âmbito da Organização das Nações Unidas.
O
que está claramente expresso, há dezenas de anos, desde o término da Segunda Guerra
mundial, é que esse pedaço de chão, volta e meia sacudido por conflitos
sangrentos, deveria ser compartilhado, em termos de convívio harmonioso, por
israelitas e palestinos. Confabulações infindáveis, envolvendo em momentos
variados, as lideranças internacionais mais influentes precisaram os rumos a
ser percorridos pelas partes visando estabelecer os espaços de cada nação no
mapa. Os pactos feitos, os acordos firmados, as resoluções anunciadas, os
apertos de mãos em conversações dadas como exitosas, tudo isso, num bocado de
ocasiões, esbarrou num empecilho intransponível qualquer nascido de
intransigências e radicalismos. São a perder de conta, nas tratativas havidas,
os avanços e os recuos, a volta abrupta à estaca zero, depois de arranjos
pacientemente elaborados e até festivamente celebrados.
As
negociações tendem, mais cedo ou mais tarde, a ser reabertas. A pandemia do
coronavírus cria, obviamente, condição desfavorável para que as partes voltem a
discutir as questões cruciais que estão em jogo, a aparar suas divergências, a
buscarem a paz, de modo a atender, naturalmente, os anseios legítimos de suas
populações. Vale anotar, como dado promissor, nesse conturbado panorama, a recente
mudança de governo nos Estados Unidos. A presença na Casa Branca de um
presidente com maior sensibilidade política e diplomática, mais receptivo ao
diálogo, traz um alento para as discussões que inevitavelmente se processarão
logo a frente. É indiscutível o peso e importância do país na legitimação de
entendimentos. No passado, esses entendimentos desafortunadamente goraram, todavia
os contendores, influenciados pelos os EUA sentaram-se numa mesa para troca de ideias
e apresentação de propostas, colocando-se próximos em alguns momentos das
definições almejadas. A provável intermediação de Joe Biden contribuirá
bastante, para refrear os impulsos belicistas, e, quem sabe até, restabelecer
rodadas de negociações de modo a permitir seja reacesa a esperança em dias
melhores de dois povos que se têm presentemente na condição de inimigos, mas
que, na trajetória da vida, se acham irmanados pelo sofrimento e pelas
perseguições que, em circunstâncias distintas lhes foram impostas.
· Mal sem remédio. Os
medicamentos, como outros produtos essenciais, estão custando, como se diz, “os
olhos da cara”. Sobem incessantemente, debaixo dos olhares complacentes dos
órgãos de fiscalização. Tomei o trabalho de coletar os preços de um determinado
remédio, por sinal utilizado para fortalecer a visão, junto a fornecedores
varejistas. E vejam só o que constatei, com os olhos arregalados de espanto: o
valor da mercadoria, uma caixa com 60 comprimidos, variou de um ponto de venda para
outro, entre R$345,00, R$299,00, R$248,99, R$245,00, R$225,00, R$203,56,
R$179,99, R$138,90. Dá pra ver tudo isso sem sentir indignação?
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