sexta-feira, 4 de junho de 2021

 

Ártico, Biden, Salles

 

Cesar Vanucci

 

“O Ártico é um ponto-chave do aquecimento global.”

(Jason Box, cientista)

 

Com o olhar fixo na martirizante pandemia, o mundo está deixando passar ao largo das preocupações mais prementes algumas situações com claros prenúncios de futuras calamidades. É o caso do aquecimento do polo norte, derivado do “efeito estufa” produzido pela insanidade humana, embora negado pelo talebanismo que grassa solto na praça. Cientistas renomados emitiram um alerta inquietante. O Ártico aqueceu três vezes mais rápido do que o planeta entre 1971 e 2019, uma elevação de temperatura mais acelerada do que se acreditava. Foi o que informou o Conselho do Ártico, em relatório recentemente vindo a lume. O Ártico é realmente um ponto-chave do aquecimento global, acentuou Jason Box, especialista em geleiras Dinamarquês. Segundo ele, em menos de meio século, a temperatura média anual da calota subiu 3,1°C, contra 1°C da Terra. Esse estado de coisas gera impacto planetário com ocorrências dramáticas. A temperatura num trecho do Ártico acusou pouco tempo atrás 30°C, índice equivalente a clima tropical no verão. Um dos efeitos atemorizantes da mudança climática no Ártico, de acordo com os pesquisadores, é o derretimento das geleiras que contribui para a elevação do nível das águas oceânicas, com a catastrófica perspectiva de alcançar regiões densamente povoadas, nas faixas litorâneas em diferentes partes do mundo.

 

Uma outra informação relevante, relativa à Antártica e não ao Ártico, igualmente recente, é também indicativa das graves consequências do aquecimento global. Satélite do programa Europeu Copérnico constatou que o maior iceberg do mundo desprendeu-se de uma colossal plataforma de gelo. O iceberg em questão com quase 170 km de comprimento por 25 km de largura e uma superfície total de 4.320 quilômetros quadrados, está à deriva no mar de Weddell. Não é necessário nenhum conhecimento técnico para prever o que um incidente dessa natureza acarreta: o gelo se transforma em água elevando o nível do mar. Imaginem só o que não poderá acontecer com eventos desse gênero continuados.

 

● O presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, criou força-tarefa, composta de eminentes cientistas, com a incumbência de averiguar as origens da praga da Covid-19. Instituiu o prazo de 90 dias para que um relatório conclusivo seja trazido ao conhecimento da opinião pública. Ao que está sendo divulgado pelos veículos de comunicação a pesquisa se orientará, num primeiro instante, por dois pressupostos volta e meia lançados como hipóteses capazes de decifrar a questão. O coronavírus resultaria de um relacionamento promíscuo entre humanos e animais. Na outra vertente seria consequência de uma experiência bacteriológica desastrada, provavelmente ocorrida num laboratório chinês. Oportuno anotar que, cientistas designados pela Organização Mundial de Saúde descartaram a segunda hipótese. Outra anotação pertinente: conjecturas assemelhadas foram formuladas também à época do surgimento da AIDS. Falava-se, igualmente, em manipulações científicas que escaparam ao controle nalgum laboratório americano ou europeu.

 

● Ao atirar-se com ardorosa disposição à labuta de “fazer passar a boiada”, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, complicou-se de tal modo que a esta altura, parece estar, fatalmente, com os dias contados no exercício da Pasta. As investigações da Polícia Federal, complementadas por decisões judiciais emanadas do STF, e as pesadas denúncias do Departamento de Estado dos EUA, acerca da mercantilização clandestina de madeira extraída de devastações florestais deixaram-no numa posição muito delicada. Sua saída do Ministério é vista com bons olhos por muitos setores, que em sua atuação, respaldada pelo presidente Jair Bolsonaro, identificam constantes demonstrações de desapreço à causa ambientalista, com reflexos negativos na imagem que se tem lá fora de nosso país.

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