quinta-feira, 14 de outubro de 2021

 

Amazônia ameaçada

 

Cesar Vanucci

 

“Em 33 anos, a área devastada foi do tamanho do Chile.”

(Estudo do MapBiomas Amazônia)

 

Por mais que, em falas oficiais, se insista na negação da realidade dos fatos, o bioma amazônico acha-se sob grave ameaça, não é de agora. Informe recente registra que a chamada “Pam-Amazônica” perdeu 724 mil km2 de cobertura florestal e vegetal, entre os anos de 1985 e 2018.

A área mencionada equivale a todo o território do Chile. Mais: aos territórios somados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A divulgação desses chocantes dados foi feita pelo “MapBiomas Amazônia”. 61,8% do bioma Pan-Amazônico acham-se localizados no Brasil, país que se viu desprovido, com a devastação, de 624 mil km2 da cobertura florestal no período, sendo de longe o mais prejudicado no tocante à questão. Os outros países afetados são Bolívia, Peru e Colômbia. Segundo a mesma fonte, a maior parte do desmatamento decorre do avanço das atividades agrícolas e pastoris. O aumento das atividades, no curso de tempo mencionado, foi de 172%. No Brasil, a área destinada a práticas agrícolas passou de 319 mil Km2, em 1985 para 960 mil km2, em 2018.

No dia anterior ao pronunciamento do Presidente da República Jair Bolsonaro, na sessão de abertura dos trabalhos da ONU, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) assinalou que o volume de queimadas na Amazônia havia sido de 19,6%, o maior já observado, desde 2007, em um mês de junho. O registro do órgão técnico contrastou, de alguma maneira, com as declarações do supremo mandatário brasileiro ao frisar, durante a reunião de cúpula dos Chefes de Estado, seu intento de “desfazer opiniões distorcidas” sobre a atuação oficial na proteção do bioma amazônico e dos povos indígenas da floresta.

 

. Talibanistas. O talibanismo é, na essência, igual em todas as partes do mundo onde possui aguerridos adeptos. As extravagâncias cometidas podem, todavia, às vezes, variar de um lugar para outro. Talibanistas do Afeganistão expediram ordem de proibição, anunciando severa punição para quem ouse desrespeitá-la, aos cidadãos do país, para que não mais aparem os fios de barba. Os do Brasil continuam a propagar, sobretudo nas redes sociais, que a vacina contra a Covid-19 adoece, mutila, mata, quando não provoca o aparecimento de escamas no cotovelo, no joelho, no tornozelo, nas orelhas e nas chamadas partes pudendas, minha nossa!...

 

Imigrantes. O presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, está anunciando medidas substanciais de abrandamento na política de imigração vigentes no país. Promessas nesse sentido haviam sido formuladas no curso da campanha que o conduziu à Casa Branca. Críticas contundentes ao tratamento dispensado, no governo Donald Trump aos imigrantes representaram prenúncio dessas alterações. As cenas chocantes registradas no aeroporto de Cabul e, pouco tempo depois, as imagens impactantes da repressão aos haitianos no Texas reforçaram a disposição de se partir logo para as mudanças. A presunção é de que, daqui pra frente, a situação dos imigrantes seja enxergada com olhares mais benevolentes, sem ocorrências que agridam a dignidade humana, como tantas vezes já aconteceu.

 

Denúncias. As denúncias contra a “Prevent Sênior”, levadas por um grupo de médicos à CPI do Senado, são de estarrecer um frade de pedra, como era de costume dizer-se em tempos de antigamente. A manifestação deixa evidente o posicionamento escancarado dos mentores da organização favorável ao negacionismo científico, inconcebível numa organização de presença realçante na assistência à saúde. Além disso, revela disposição descabida da empresa em obter lucratividade bem mais elevada com a substituição dos medicamentos recomendados pelos protocolos médicos ministrados aos pacientes sob seus cuidados. Essa questão vai render ainda muito pano pra manga.

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