Os recados de Glasgow
Cesar Vanucci
“Não há mais tempo a perder.”
(Rainha
Elizabeth, da Inglaterra)
Não há mais tempo a perder. Os ponteiros do relógio se aproximam de hora decisiva. Já estamos entrando, por assim dizer, nos descontos do segundo tempo da prorrogação. Se, ao fim e ao cabo, o resultado mostrar-se adverso o caos e o pânico imperarão.
Os recados de Glasgow são diretos. Incisivos, implacáveis. Propiciam entendimento de suprema clareza, numa linguagem categórica, a quem tem olhos para enxergar e ouvidos para escutar, sobre acontecimentos funestos que espreitam a marcha humana. Sem essa, por conseguinte, de os acomodados da silva absorverem, assim sem mais nem menos, com bovina resignação, os argumentos falaciosos dos teóricos da “terra plana”, com suas retrógradas interpretações das narrativas científicas e manifesta belicosidade contra valores sagrados da sabedoria humana.
As advertências ao mundo para que corrija seus rumos no sentido de manter convivência harmônica com a Natureza são volumosas. Ao contrário do que talibanistas de todas as graduações insinuam – com utilização desarvorada das fake news -, os alertas emitidos não são produto de imaginação alucinatória de cientistas e ambientalistas zuretas. Constituem, sim, um acervo extraordinário de dados, números, índices, gráficos, coligidos em estudo e pesquisas exaustivos que demandaram anos. Nessa poderosa conjugação de vontades esteve envolvido um verdadeiro exército de cabeças pensantes representativas do pensamento científico em seu mais elevado grau de percepção das coisas do planeta e do universo.
Tudo isto posto, a sociedade humana coloca-se, agora, na expectativa – mais do que isso, alimenta fervorosamente a esperança – de que as lideranças políticas e dos demais setores investidos de poderes de decisão nas magnas questões abordadas no histórico conclave na Escócia, saiam logo das palavras para ação. Aos olhares atentos de todos que acompanharam (e continuam acompanhando) os trabalhos, debates, análises, compromissos e pactos celebrados, acordos firmados, o certame revelou-se extremamente positivo. A impressão geral é de que os responsáveis por políticas públicas e definições setoriais vinculadas ao equacionamento dos dramáticos problemas gerados pelas alterações climáticas extremas acham-se verdadeiramente apoderados da convicção de que há algo de importância crucial a ser feito. A recomendação – bem mais do que isso, a exigência – que se lhes é feita fala de um “mãos à obra” em ritmo de urgência urgentíssima. Estas lideranças estão também compenetradas de que, por parte da opinião pública mundial, haverá vigilância permanente com vistas ao cumprimento, a tempo e a hora, dos deveres solenemente assumidos. Tudo faz crer que dagora em diante os blábláblás e o “faz de conta” de passado recente, os protocolos firmados com cláusulas e prazos expressos elaborados com o secreto propósito de jamais saírem do papel, as retóricas populistas ocas, pra enganar trouxas não mais serão aceitas sem questionamentos veementes. Eventuais embromações serão, certeiramente, denunciadas, julgadas e condenadas, no veredicto inapelável das ruas.
Importa,
por derradeiro, salientar que chefes dos governos de todos os continentes
deixaram demonstrada sua disposição em contribuir para que as metas pertinentes
à redução das emissões dos poluentes que degradam a Natureza e que põem em
risco a sobrevivência humana no planeta sejam rigorosamente efetivadas. Seja
frisada também a participação intensa nos trabalhos de representantes de
grandes conglomerados empresariais, que se comprometeram a fazer substanciosos
aportes financeiros na luta contra as alterações climáticas. Mesmo não estando
representado no encontro pelo seu Presidente, o Brasil aderiu às importantes deliberações
estabelecidas nos acordos globais celebrados.
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