Reflexões sobre a
cidadania
Cesar
Vanucci
“Consideramos estas verdades como
evidentes por si: que todos os homens são criados iguais; que são dotados pelo
seu Criador de certos direitos inalienáveis; que entre esses direitos estão a
vida, a liberdade e a procura da felicidade."
(Thomaz
Jefferson 1743-1826, Declaração da Independência Americana)
O exercício em plenitude da cidadania se assenta na
consciência individual de que todos os seres humanos somos senhores de direitos
e deveres. Onde esse conceito não se faça presente, alí a cidadania estará
sendo, seguramente, alvejada ou questionada.
A vida em sociedade cobra deveres e prodigaliza
direitos. Uma coisa conectada naturalmente com a outra coisa. Ambas traduzindo
valores indissociáveis na convivência. Todo o arcabouço social repousa em tais
vigas mestras: o cumprimento do dever e o respeito aos direitos humanos.
Augusto Comte fala magistralmente dessa simbiose
que preside a ação humana: “Ninguém possui outro direito senão o de sempre
fazer o seu dever”.
Está visto que o exercício da cidadania só pode
vicejar e florescer em ambientes onde se respire o oxigênio das liberdades
públicas. Os regimes despóticos aborrecem a cidadania. Conspurcam-na. Negam-na
como atributo da personalidade e dignidade humana.
Em nossos tempos, a força da cidadania vem
crescendo de forma auspiciosa. Da conjugação de vontades de multidões
interessadas na construção de um mundo melhor e, justamente por isso, desejosas
de estender seu exercício aos limites máximos permitidos pelo bom senso e
consciência humanos, têm nascido conquistas preciosas. Há um entendimento cada
dia mais universalizado de que os direitos pessoais, como propunha Thomas
Paine, são uma espécie de propriedade do tipo mais sagrado. Aceitar que o outro
é portador desses direitos é uma forma de fazer reconhecida a condição idêntica
de que somos também investidos.
No mais, buscando um roteiro para essa pugna
permanente que a prática da cidadania nos exige, esforcemo-nos por proceder
como recomenda, liricamente, o poeta Ledo Ivo: “Teu dever é este: lembrar,
sendo antigo; amar, sendo humano; morrer, sendo vivo; e cantar o mundo com uma
linguagem que é comum tesouro de todos os homens.”
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