Por falar em pesquisas
eleitorais
Cesar
Vanucci
“Entender o que não se compreende, assim a
política.”
(Beaumarchais,
pensador francês)
O jogo político é
repleto de inexplicabilidades. Uma situação que, em dado momento, se afigura
devidamente consolidada ao olhar perspicaz de analistas traquejados, pode, às
vezes, sofrer bruscas alterações, gerando espanto que se desvanece, logo
adiante, com o surgimento de algum outro marcante lance que fomente discussões.
As pesquisas sobre
intenções de voto são parte indissociável do processo eleitoral numa democracia
pujante. Merecem atenção e respeito. Mas não podem ser supervalorizadas, nem
tampouco subestimadas. Traduzem o sentimento popular numa determinada
circunstância. Refletem anseios e
aspirações captados num preciso instante. As reações colhidas podem ou não
perdurarem. Os resultados dessas consultas por amostragens tecnicamente
corretas serão ou não serão confirmados em outras ocasiões. Tudo passa a
depender do comportamento pessoal e dos posicionamentos dos candidatos a
respeito de questões relevantes para a sociedade, de estratégias de persuasão
dos votantes montadas pelos comitês partidários responsáveis pelas campanhas de
cada um deles. Já aconteceu, em várias oportunidades, de os números apurados
nas confiáveis urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral coincidirem em cheio com
os indicadores das pesquisas pré-eleitorais. No pleito presidencial de 2018,
Bolsonaro liderou, o tempo todo, as pesquisas organizadas por todos os
institutos de opinião. E já aconteceu também, em mais de uma ocasião, de os
resultados do pleito contradizerem os das pesquisas, numa reviravolta causada
por fatores imponderáveis.
Um caso bem frisante
diz respeito à eleição que conduziu Célio de Castro à Prefeitura de Belo Horizonte.
As consultas prévias de opinião davam-no, até a véspera da eleição, em segundo
lugar entre os candidatos.
Tudo isso posto,
cuidemos de comentar pesquisas recentemente divulgadas com vistas à sucessão
presidencial. Todas elas sinalizam que na hora presente os ventos sopram
favoráveis à candidatura, ainda não confirmada oficialmente pelo próprio, de
Luiz Ignácio Lula da Silva. Ele mantém folgada margem de liderança na
preferência dos votantes consultados com relação a prováveis competidores, a
ponto de se admitir até a possibilidade de sua vitória já em primeiro turno. Na
hipótese de ocorrer um segundo turno, o dirigente petista sairia vitorioso em
confronto com quaisquer outros oponentes.
Jair Messias Bolsonaro
aparece em segundo lugar em todas as pesquisas. Chama, a atenção dos
observadores, de modo especial, o elevado grau de rejeição apresentado ao seu
nome, ainda também não oficialmente lançado como candidato. Na suposição de
eventual participação sua num segundo turno, Bolsonaro, consoante as pesquisas,
seria derrotado por todos os outros possíveis candidatos apontados, Ciro Gomes,
João Doria, Sérgio Moro e, como já citado, Lula.
Sérgio Moro até aqui só
mencionado, por motivos óbvios, numa única pesquisa, coloca-se em terceiro
lugar, à frente de Ciro Gomes, João Doria e outros. O índice de rejeição ao seu
nome está sendo considerado bastante elevado (30%). Ciro e Doria alcançam
percentuais parecidos, ainda com pouca chance de alavancagem. O mesmo pode-se
dizer de Simone Tebet e Luiz Henrique Mandetta, ambos já considerados
pré-candidatos.
Política, repita-se,
não é ciência exata. Os caminhos eleitorais são inçados de imprevisibilidades.
Aquela manjada história, volta e meia citada no tagarelar político, da nuvem
que, repentinamente, se desfaz, ou muda de lugar, faz todo sentido como
definição das mudanças repentinas suscetíveis de ocorrerem na vontade dos
protagonistas do enredo eleitoral. Tem muita água ainda pra rolar debaixo da
ponte.
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