segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

 

Tarados por vacina

 

Cesar Vanucci *

 

“Tarados por vacina: bendito sejam.”

(Antônio Luiz da Costa, educador)

 

 “Tarados por vacina”, reportando-nos a uma iracunda fala negacionista palaciana, são doutos cientistas de renome mundial, alguns agraciados com o Nobel, responsáveis por estudos e experiências inseridos no processo de evolução civilizatória. “Tarados por vacina” são, também, homens e mulheres de boa-vontade que exercem funções de liderança na política, na gestão de negócios, nas lidas religiosa e classista e que se esmeram em esforços voltados para a dignificação da aventura da vida.  São médicos e outros profissionais da saúde fiéis ao juramento hipocrático que, em todos os confins do planeta integram a “linha de frente” do heróico e extenuante trabalho de enfrentamento das calamidades sanitárias, tipo pandemia da Covid-19, no exercício magnífico de salvar vidas e de acalentar, nos leitos das UTIs e enfermarias, transmitindo-lhes um sopro de esperança, enfermos em estado desesperador. “Tarados por vacina” são igualmente, pela mesma forma, chefes de família, gente de todos os escalões sociais, alvejados de forma direta ou indireta pelo flagelo virótico que se espalha, insidiosamente, por tudo quanto é canto, matando, ferindo, mantendo em permanente sobressalto milhões e milhões de criaturas, boa parte delas desprovidas de acesso pronto, minimamente eficaz diante de riscos terríveis e iminentes. Gente, por sinal, que deposita na providencial vacina criada pela ciência e aprovada por instituições cientificamente acreditadas, suas expectativas e esperanças no sentido de proteger vidas preciosas. “Tarados por vacina” são, ainda, de forma destacada entre numerosos segmentos profissionais, os jornalistas que falando, escrevendo, fotografando, filmando, acompanhando de perto os acontecimentos do dia a dia, prestando serviço de utilidade pública inestimável, garantem orientação criteriosa acerca dos procedimentos a serem adotados pela comunidade face às situações geradas pelas dramáticas questões  decorrentes da indesejável pandemia das múltiplas e amedrontadoras cepas. Educadores e pais de alunos são, eles também, - saibam, distintos cavalheiros e damas negacionistas - são “Tarados por vacina”. Receiam que a falta da picada de agulha contendo imunizante nos braços da garotada querida possa provocar novos surtos de contaminação e com isso trazer novo e duradouro recesso escolar. “Tarados por vacinas” são, enfim, todos aqueles cidadãos, independentemente de nacionalidade, crença ideológica, cor, categoria social, grau de instrução, nível cultural, que afeitos ao diálogo democrático e resilientes a preconceitos e dogmatismos rançosos, sonham  por transformações deste mundo do bom Deus em que o tinhoso consegue ainda plantar alguns insidiosos enclaves, um lugar melhor, socialmente mais justo, mais fraternal, mais solidário, acorde com as lições humanísticas e espirituais, para a celebração da vida em plenitude. 

2022. Esse 2022, sei não! Entrou com impetuosidade negativa, revelando-se um tanto parecido com 2021, apontado na convicção de muita gente como “o pior ano de nossas vidas”. Apesar do avanço vacinal, ainda insuficiente em termos globais (A África, esquecida dos homens e dos deuses, com seus ridículos índices de imunização é uma amostra contundente dos fatos), combatida com ferocidade pelo fundamentalismo negacionista, a pandemia do coronavirus continuou sua mortífera expansão. Para isso contribuiu – é certo – a insensatez humana evidenciada nas não recomendáveis aglomerações dos festejos de fim de ano. Junto com o flagelo, chegaram as chuvas com características “diluvianas”. Inundações de cidades inteiras, transbordamento de rios, desabamentos de moradias, interdição de estradas, destruições e muitas vítimas fatais, sobretudo em áreas menos providas de recursos de infraestrutura urbana. Outra caudal avassaladora que está deixando todo mundo em pânico é o da elevação de preços para tudo que seja produto e bens de consumo. Na esteira dos abusos altistas, da inflação descomedida, já se podem apontar na curva de chegada mais desemprego, aumento da pobreza extrema, afinal um formidando conjunto de situações socialmente clamorosas.

2022, uma quinzena já transcorrida, vou te falar...


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