Óvnis, um documento de quase 70 anos
Cesar Vanucci
“As grandes potências se interessam pelo assunto.”
(Cel Adil de Oliveira, oficial da FAB, em 1954)
Alguns, escorados em rançosos preconceitos, submissos a paradigmas culturais difíceis de serem quebrados na interpretação de variados aspectos prodigiosos da aventura humana, veem com incredulidade o “fenômeno óvni”. Rechaçam-no a priori. Às vezes até em atitudes zombeteiras. Classificam o volumoso e sempre crescente registro de depoimentos recolhidos pelos investigadores a propósito dos insólitos avistamentos de “discos voadores” como fruto de delirante fantasia. Proclamam, equivocadamente, com forte convicção, que a exuberante documentação trazida a público pertinente ao assunto é ilusória, inconsistente, carecendo de legitimidade quanto à procedência. Tais argumentos, comprovado está, são despojados de conhecimento de causa. Pecam estridentemente por absoluta desinformação.
Há quase 70 anos, bem antes da famosa “Operação Prato”, sobre a revoada de óvnis na Amazônia, a Aeronáutica trouxe ao conhecimento público um documento muito instigante sobre essa temática. Conserva frescor de atualidade. Reafirma que a questão dos óvnis é algo muito relevante. Sério o bastante para suscitar pronunciado interesse de organizações respeitáveis, altamente qualificadas do ponto de vista técnico, como é o caso das Forças Armadas, engajadas no trabalho de zelar pela proteção do bem-estar da sociedade. Trato de resumi-lo aqui.
No dia 2 de novembro de 1954, no Rio de Janeiro, a Escola Superior de Guerra promoveu uma conferência sobre “discos voadores”, confiando a exposição ao Coronel-Aviador João Adil de Oliveira, Chefe do Estado Maior da Aeronáutica. O oficial em questão, mais tarde promovido a Brigadeiro, presidiu a Comissão Militar de Inquérito que apurou as circunstâncias do chamado “crime da rua Toneleros”, estopim da crise política culminada com a trágica morte de Getúlio Vargas. As palavras do conferencista foram acompanhadas, atentamente, por assistência de escol, constituída por altas patentes das três Armas, além de outros convidados civis de projeção intelectual e política. Ao cabo da exposição, o conferencista abriu espaço para depoimentos de testemunhas oculares de avistamentos de óvnis e outros insólitos eventos correlatos.
Pertencem à conferência, da qual conservo em meus guardados cópia integral, os trechos a seguir anotados.
Na introdução, o expositor assinala: “Em 1.952, época em que houve um recrudescimento no aparecimento de “Discos Voadores”, estávamos cursando a Escola Superior de Guerra e fomos quase que forçados a fazer uma palestra sobre eles. (...) Nunca supus que o assunto despertasse tanto interesse. Posteriormente, os discos continuaram aparecendo e o interesse público cada vez crescendo mais. Neste ano de 1.954, novamente voltam eles a aparecer com frequência, atraindo a atenção do mundo inteiro e novamente somos chamados a dizer algo sobre discos. O assunto é realmente fascinante, porém delicado e a prova disso são as controvérsias que têm surgido a seu respeito pelo mundo afora (...). Há outro ponto que convém esclarecer. Refiro-me à crença generalizada de que sobre “Discos Voadores” devem ou podem falar apenas os cientistas, os técnicos e os dotados de imaginação fértil. Esclareço desde logo que não tenho a intenção de envolver ciência técnica ou Júlio Verne na exposição. Desejo apenas fazer um relato sucinto do que se sabe no mundo a respeito de “Discos Voadores”, o que se sabe sobre a opinião de homens estudiosos e qualificados que se têm preocupado com o assunto. O problema tem polarizado a atenção do mundo inteiro, é sério e merece ser tratado com seriedade. Quase todos os governos das grandes potências se interessam por ele e o tratam com seriedade e reserva, dado seu interesse militar. Infelizmente, é ele tão apaixonante e envolve interesses de tal complexidade que dificilmente se consegue manter um estado de espírito compatível com a análise fria dos fatos”.
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