110 segundos
Cesar Vanucci
“A guerra é o fracasso da
humanidade”
(Papa
Francisco)
Um minuto e quarenta segundos, cento e dez segundos. É o tempo que resta, de
acordo com a marcação dos ponteiros do “Relógio do Juízo Final”, para que soem
as badaladas fatídicas que nenhum vivente, em sã consciência, deseja jamais
escutar. Denominado ainda, por muitos, “Relógio do Apocalipse”, esse dispositivo
simbólico foi instituído, em 1947 pelos mais importantes cientistas atômicos,
apreensivos com as sandices humanas, como instrumento destinado à medição da
temperatura das tensões mundiais.
A movimentação do relógio,
avanços e recuos ditados pelas circunstâncias, consideradas as análises de
especialistas atentos à evolução dos acontecimentos políticos, sociais,
econômicos, militares processados em todos os “frontes” da vida, é feita por um
comitê de especialistas da cúpula científica internacional. O dispositivo
criado pelos sábios faz uso de uma analogia onde a raça humana é posicionada,
num tempo imaginário, a poucos minutos da meia noite. A meia noite, no caso, representa
o fim do mundo. O primeiro alerta, em 1947, no auge da “Guerra Fria” fixou
marco de 7 minutos para as badaladas derradeiras. Dali pra frente os ponteiros
avançaram e retrocederam um sem número de vezes, prenunciando a iminência de catástrofes
ou um arrefecimento nos impulsos belicistas das lideranças. Os ajustes dos
ponteiros são arbitrários, provindos das percepções dos cientistas. Evidente
que as alterações são acompanhadas com preocupação, em todo o planeta.
Aqui estão, extraídos de
Informe da BBC alguns registros relevantes das oscilações dos ponteiros do “Relógio”.
Em 1947, a hora fixada era 11h53m. Em 1949, o relógio vai para 11h57m, pelo
fato de haver ocorrido teste nuclear russo.
Em 1953, os EUA e União Soviética
testam artefatos termonucleares. O relógio indica 11h58m. Em 60, o “horário” é
de 11h53m, como resposta a uma percepção de um aumento da cooperação científica
e compreensão pública dos perigos das armas nucleares. Em 1963, os EUA e Rússia,
assinam o Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares, limitando testes
atmosféricos. O relógio pontua: 11h48m.Em 1968, França e China testam armas
nucleares. Paralelamente, eclodem Guerras no Oriente Médio e no Vietnã.
Os ponteiros fatais acusam:
11h53m. A ratificação do “Tratado de não proliferação das armas atômicas”, pelo
senado dos EUA, em 1969 altera uma vez mais a pontuação: 11h50m.
No ano de 1972, é firmado o
Acordo de Limitação de Armamentos Estratégicos e o Tratado Antimíssil
balístico. Os riscos na marcha contra a vida diminuem 2 minutos. Dois anos
depois, os riscos voltam a crescer. A Índia testa armas nucleares. Em 1980, o
marcador volta para 11h53m forçado por impasses nas conversações entre as
grandes potências.
Em 1881, o relógio assinala
11h56m, devido aos conflitos no Afeganistão e África do Sul. No governo Reagan,
1984, aumenta a corrida armamentista e o relógio marca 11h57m.
Esse “vai e vem” do relógio
deflui das marchas e contra marchas da conturbada jornada humana. Quantos fatos
impactantes transcorreram de1984 até o dia de hoje! Citemos alguns, à guisa de
ilustração. Queda do “Muro de Berlin”, desintegração do bloco soviético,
atentado das torres gêmeas, guerra no Afeganistão, ingresso da Coréia do Norte
no fechado “Clube Atômico”, incremento das repulsivas ações terroristas,
conflito sem fim à vista na Síria, corrida armamentista ininterrupta, agressões
incessantes ao meio ambiente, conflitos tribais no continente africano e por aí
vai... E mais: desigualdades sociais e pobreza extrema, pandemias fora de
controle, entre outras mazelas. Agora, em 2022 mais uma guerra na Europa.
Sabe caro leitor, qual a
pontuação do relógio neste momento? A mais próxima, desde que o mundo é mundo
do Armagedon dos temores globais: 110 segundos. Que Deus nos proteja!
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