O exílio
e o retorno
Cesar Vanucci
“Sua fé foi sempre muito grande.”
(Frei Manoel, dominicano, irmão da Madre)
Do México, recolhida aoConvento das Irmãs de São José deLyon, onde permaneceu em exílioforçado até a anistia em 1979, Madre Maurina Borges da Silveira encaminhou inúmeras correspondências às autoridades brasileiras, pedindo permissão para regressar a terra natal. Existem indícios de que, em alguns setores do governo, houve quem se desse conta, em dado instante, da necessidade de se proceder a um reexame do doloroso caso da freira impiedosamente alvejada pela boçalidade e paranoia dos agentes da lei.
Em julho
de
Madre Maurina continuou, à vista disso, a amargar o indesejado exílio. Nessa tormentosa fase, seu pai, Antônio Borges da Silveira, veio a falecer. Negaram-lhe também o direito de comparecer ao sepultamento.
De volta ao Brasil, beneficiada pela anistia, a religiosa retomou suas atividades na congregação franciscana, com o mesmo inquebrantável espírito de fé que marcou toda sua trajetória de vida, dedicando-se ao trabalho apostólico de sempre.
Em 5 de março de 2011, aos 87 anos de idade, cercada do carinho das colegas de hábito, em Araraquara, Estado de São Paulo, Maurina deixou este mundo. Embora as vicissitudes enfrentadas, registradas parcialmente nesta sequência de artigos, a morte desta freira valorosa, mineira de Perdizes, condenada ao martírio num momento trevoso da história brasileira, passou inexplicavelmente desapercebida aos olhares da mídia e dos próprios órgãos de defesa dos direitos humanos.
Tanto
quanto pude constatar, o reverente pronunciamento do Deputado Adelmo Carneiro
Leão, sobre sua vida e obra, na tribuna da Assembleia Legislativa,
estranhavelmente sem repercussão midiática, foi o único registro significativo
feito em Minas Gerais a respeito do caso. Na internet, colhi também alguns
dados que serviram de fonte para a elaboração destes artigos. No mais, o que
prevaleceu foi um inexplicável e sepulcral silêncio. Não sei dizer, mas
ponho-me a fazer elucubrações a propósito, se essa ausência de registro, pelo
menos por parte das organizações de direitos humanos, tenha decorrido de o fato
da religiosa não haver, ao contrário do que a acusavam seus algozes, se
inclinado por qualquer tipo de militância política. Circunstância, cá pra nós,
que não deveria ser de molde também a justificar a falta de divulgação.
Na
sequência o final do relato.
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