Pesquisas,
articulações e eleições
Cesar Vanucci
“Política é uma arte cheia de surpresas e
sutilezas”.
(Antônio
Luiz da Costa, educador)
Como diz o outro, uma coisa é uma coisa; outra
coisa é outra coisa. Pesquisa eleitoral é uma coisa. Eleição, outra coisa. As
pesquisas sobre intenção de votos refletem tendência de um momento determinado,
estando sujeitas, por força de variadas contingências, a serem alteradas no
curso de uma caminhada pré-eleitoral. As eleições, traduzindo decisão amadurecida
representa a palavra final, a vontade popular suprema e o processo político de
escolha dos governantes. Os resultados das pesquisas, em boa (talvez a maior)
parte das vezes podem exprimir números que acabam sendo confirmados nas urnas
eletrônicas. Mas acontece, também, conforme as circunstâncias, essa confirmação
não ocorrer. Um exemplo eloquente do que acaba de ser dito aconteceu no pleito
que resultou na eleição, anos atrás, de Célio de Castro à Prefeitura de Belo
Horizonte. Até o dia da votação as pesquisas apontavam como inevitável sua
derrota. Mas ele acabou triunfando em todas as seções eleitorais.
Na atualidade, todos
os institutos empenhados em consultas sobre as preferências dos eleitores com relação
ao pleito de outubro vindouro apontam a possibilidade de Luiz Ignácio Lula da
Silva retornar à presidência do Brasil, em disputa polarizada com o atual
mandatário Jair Messias Bolsonaro. Nessas consultas por amostragem, as
perspectivas de êxito do candidato petista contemplam sempre 1º e 2º turnos. Na
realidade, o quadro de candidatos ainda não está totalmente definido. Um
conjunto de agremiações partidárias, envolvendo entre outras o PMDB e o PSDB,
promove articulações em torno da hipótese de lançamento de uma candidatura
comum que possa constituir, segundo admitem esses núcleos políticos, uma
terceira via capaz de enfrentar a polarização à vista entre Lula e Bolsonaro. E
existe ainda, correndo, como se diz, por fora, classificado nas pesquisas em
terceiro lugar o candidato do PDT, ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes. Como
se vê, em meio às pesquisas em curso há muita confabulação, articulação,
negociação rolando no espaço político, não se pode perder de vista que política
é um jogo astucioso repleto de manobras desconcertantes, sutilezas e surpresas.
Os sinais são de que há ainda um bom volume de água escorrendo por debaixo da
ponte. Esperar pra ver no que vai dar tudo isso.
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