Turbulência à Vista.
“Os questionamentos sobre a legitimidade do modelar sistema
eletrônico de votos só fazem crescer nos redutos bolsonaristas”. (Domingos
Justino Pinto, educador)
CESAR VANUCCI*
Não é preciso nenhuma bola de cristal ou qualquer outro
instrumento “supostamente confiável” de adivinhação para que sejam percebidos,
até mesmo pelo reino vegetal, como costuma dizer o jornalista Mino Carta, que
momentos com certo grau de turbulência ainda nos aguardam no processo
sucessório presidencial em marcha.
Tudo mostra que teremos uma réplica, à moda brasileira de
questionamento contestatório envolvendo o resultado eleitoral, como aconteceu
recentemente, promovido por Donald Trump, nos Estados Unidos. Adeptos da
candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, contando com seu
indisfarçável estímulo deixam clara a disposição de colocar em dúvida,
desacreditando-o, o sistema de coleta de votos eletrônico. Na hipótese de uma
decisão desfavorável nas urnas de outubro, a arguição de fraude será fatalmente
levantada segundo a opinião de experimentados analistas políticos. Lideranças
exponenciais no quadro político, entidades representativas do pensamento da
sociedade civil, forças parlamentares, pelo que se sabe, já se preparam para o
enfrentamento de eventual movimentação contrária ao veredito popular. Seja
colocado em realce a certeza de que a votação eletrônica é um método modelar,
comprovado numa profusão de testes elaborado pelo Tribunal Superior Eleitoral,
com o aval de respeitadas instituições internacionais. Bem ao contrário do
antigo e obsoleto esquema da votação com o emprego de cédulas, é invulnerável a
fraudes, assegurando que a vontade expressa soberana dos eleitores seja
rigorosamente evidenciada e acatada, como recomenda a saudável prática
democrática.
A esperança da opinião pública é no sentido de que o efeito
contaminante do vírus contestatório, no que concerne ao sistema eletrônico de
votação, não disponha de força suficiente para molestar a vontade soberana do
eleitor.
Clélia Fialho Ferreira.
“As pessoas não morrem. Partem primeiro”. (Camões)
Mais, muito mais do que uma secretária de alta competência,
com predicados acima dos padrões. Ela foi além disso, muito mais do que uma
eficiente assessora técnica e administrativa, provida de invejável capacidade
de iniciativa e liderança, de conformidade com o perfil de um colaborador ideal
almejado por atarefados executivos. Clélia Fialho Ferreira, aos setenta e três
anos, envolvida, há décadas em atividades executadas na tenda de trabalho deste
desnorteado escriba, acaba de partir primeiro, deixando um vazio impreenchível.
Foi uma irmã, amiga e conselheira, presente o tempo todo em nossa lida cultural
e profissional. Cuidava, com esmero sem igual, da digitação de textos,
arquivos, de todo o suporte logístico necessário ao trabalho relacionado com os
artigos, conferências, discursos, livros por mim produzidos. Na memória
privilegiada e em agendas bem cuidadas relacionava informações valiosas para
que os resultados das ações empreendidas pudessem ser eficazes. Ser humano
admirável, sensível aos clamores sociais, sempre disposta a atuar com presteza
em afazeres que requeressem seus préstimos, Clélia conquistava simpatia à
primeira vista de quantos dela se acercavam. Otimista, acreditava no destino
superior do ser humano, achando sempre uma palavra de encorajamento e alento
para situações perturbadoras. Quando alguém exprimia inconformismo, decepção,
frustração, face a problema ocasional, costumava aconselhar, fraternalmente, ao
dito cujo, a tentar desvencilhar-se da “amolação”, “amarrando tudo em nome de
nosso Senhor Jesus Cristo”.
Chamada prematuramente a cumprir outra missão no plano existencial,
minha irmã, conselheira e amiga Clélia já está fazendo muita falta. Sua
ausência, como dói!
*Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br).
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