A entrevista de Bolsonaro.
Cesar Vanucci *
" Bolsonaro coloca condições para aceitar
resultados das eleições e mente no JN."
(Folha de São Paulo)
O “Jornal Nacional”, da Rede Globo de Televisão, iniciou no dia 22 de agosto, segunda- feira, uma série de entrevistas com os aspirantes ao cargo de Presidente nas eleições do próximo dia 2 de outubro. O primeiro “presidenciável” ouvido foi Jair Bolsonaro. O depoimento alongou-se por 40 minutos e os entrevistadores Willian Bonner e Renata Vasconcellos crivaram o entrevistado de perguntas relativas a numerosas questões de relevância vividas no atual mandato presidencial.
O posicionamento de Bolsonaro, face às indagações formuladas timbrou-se por negativa categórica a todas as criticas atribuídas a seu comportamento como gestor da coisa publica. Ele sustentou que se houve com firmeza e adotou as decisões corretas no caso da pandemia, na convivência com o judiciário, na política sobre o meio ambiente, no relacionamento com agrupamentos políticos, sobre tudo o Centrão e assim por diante. Declarou-se defensor intransigente da Democracia e das liberdades publicas. Quanto às objeções que levantou acerca das urnas eletrônicas, disse que seu propósito não é outro se não assegurar que as eleições sejam “limpas e transparentes”.
O pronunciamento alcançou, como não poderia deixar ser, enorme repercussão. A audiência bateu recorde. Os correligionários do Presidente apressaram-se, tão logo finda a entrevista a propagar pelas redes sociais que a “performance do mito” havia sido “magnífica”. Alguns adeptos chegaram até mesmo a dizer, para espanto geral, que a “humildade de Bolsonaro venceu a arrogância...”
Não foi bem esta a opinião da mídia e de setores altamente representativos do pensamento comunitário. Os veículos de comunicação, na quase totalidade, classificaram de “mentirosas” as alegações do Presidente, confrontando o que ele disse e fez em passado recente com os argumentos esposados diante das câmeras. Assim é que ao rebater informação de Bonner sobre o fato de haver xingado Ministros do Supremo foi prontamente replicado, com as citações das expressões de baixo calão que proferiu, em diferentes ocasiões, alvejando Ministros do STF.
Os entrevistadores propuseram a Bolsonaro que aproveitasse o momento para um compromisso solene perante a nação, no sentido de acatar com todo respeito o resultado das urnas, qualquer que venha a ser o candidato eleito. O Presidente da republica respondeu que respeitaria a decisão dos eleitores, com a condição de que as eleições fossem “limpas e transparentes”. Esta manifestação foi considerada insatisfatória tanto pelos apresentadores do “Jornal Nacional” como por respeitados analistas políticos da imprensa e da televisão, ao se ocuparem da entrevista.
Outros tópicos da entrevista apontados como incorretos versaram sobre a política econômica. Bolsonaro garantiu que tudo vem correndo as mil maravilhas sob esse aspecto, o que é contestado pelos índices de desemprego, de inflação, pelo aumento da pobreza extrema e demais mazelas sociais visíveis no cenário cotidiano.
A revista Carta Capital resumiu assim o desempenho de Bolsonaro:
“A entrevista foi um deserto de ideias e de propostas.
A indigência do vocabulário, os conhecidos problemas de expressão oral, o chamado “body language” foi todo ele pobre, sem graça e sem novidade...”
A Folha de São Paulo, por sua vez, registrou: “ Bolsonaro coloca condições para aceitar resultados das eleições e mente no JN. Presidente disse que nunca xingou ministros, mas já chamou Alexandre de Moraes de”canalha””. Mais adiante relatou: “ O mandatário começou a entrevista mais calmo, dando respostas em um tom sereno. No decorrer do programa, porém, ficou mais irritado...”
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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