Sonetos de um
cavalariano andante
*Cesar Vanucci e Maria Inês Chaves de Andrade
“O texto poético
tende a ser tão peculiar quanto o estado de alma do autor”.
(Jair Barbosa da Costa)
É
sempre enlevante a leitura dos escritos de Jair Barbosa da Costa, seja em verso
ou prosa. Mestre consagrado no ofício das letras, este valoroso acadêmico dos
quadros associativos da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (AMULMIG) e da Academia João
Guimarães Rosa da Polícia Militar, além de outras
respeitáveis instituições culturais, presenteia-nos, amiúde, com peças
literárias da melhor supimpitude, alegrando e encantando instantes de recreação
e reflexão das pessoas fissuradas na arte da comunicação.
Em
seu recente livro “Sonetos de um cavalariano andante”, o apreciado poeta e
escritor, também festejado nas rodas intelectuais como crítico literário, faz
aflorar lírica pujante em versos como estes: “O perfume vem da flor, sem
qualquer rota de fuga, nesse ambiente de amor ”; “ O arco da esperança não é de
Deus? Restauram-se a alegria e a ilusão para quem vive a fé, mirando os céus”;
“Antes, só escutar sabia, a voz presa na garganta. Ao conquistar a alforria, o
seu amor se agiganta.” Vou parando por aqui, com muita coisa ainda a dizer, por
certo. Cedo a palavra, agora, à brilhante Acadêmica, filósofa, poeta e
escritora Maria Inês de Andrade para que complemente, magistralmente, como é de
seu feitio, as considerações acerca da excelente publicação. Ei-la.
Beber
de sua fronte, eis o que deseja todo berbere em seu oásis - fosse mesmo
“talvez” não fosse seguro -, porque, até no fundo do poço, nele as
profundidades e as profundezas convivem poeticamente e inspiram. A fonte,
então, dele exsurge tão divina quanto não pudesse ser outra e oferece seu bom
gosto. Daí, o sentimento lhe aprecia o paladar, este que, à caneta sobre o que lhe
cala fundo a boca de silêncio raso, sabe doce bem-falar-o-bem-do bem, benzinho
ainda, quando dá grandeza ao amor de suas pequenas, todas as grandes mulheres
que, em torno de si, bruxuleiam à sua luz. Ele prova que o que experimenta -
prova sobre prova -, merece mesmo ser-nos oferecido de bandeja para que,
através de suas palavras, todas elas, ora amargas, outras salgadas, ainda
ácidas ou apimentadas, azedas se preciso, agradáveis e meladas quando quer, mas
nunca insossas, possamos saber quanto a vida é gostosa. Ele cultiva o léxico
cotidianamente tanto quanto cultua cada vocábulo - próprio a quem sabe
literatura do dia a dia à eternidade -, para nos dar, estes cultos de todos os
cultos e incultos também, as palavras todas e por isso escreve, como agora
escreveu Sonetos de um Cavalariano Andante. Assim, depois de uma última volta,
o aventureiro errante retorna atrevido como sói mesmo ser e irrompe promessa
rota, por coerência com a energia vital que represa e se comporta. Agora, nem
Allegro a mim me diria tanto, como Moderato não seria ele para dizer de si,
quando andante assume, então, o tempo de sua poesia e perfeito revela nosso
cavaleiro a passo certo, já que antes, um cavalheiro a cavalo,
verdadeiramente. O dom da escrita é-lhe
virtude e o tratamento que merece de todos nós a si adere pronome para que o
Excelentíssimo Coronel Jair Barbosa da Costa apresente-se como é, exatamente
assim, excelência em seu ofício de poeta, arrimando em rima o fundamento de uma
história inteira, literal e literariamente, tão linda de se contar quanto se
contam lindos, um a um, todos os seus escritos.
*Maria
Inês de Andrade é membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais
Cesar
Vanucci, jornalista, Presidente emérito da AMULMIG
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)