sexta-feira, 16 de setembro de 2022

 

Reflexões deste momento

                                                                  *Cesar Vanucci

“A associação entre a campanha e o evento cívico foi incentivada pelo próprio Presidente”             (Ministro Benedito Gonçalves, do TSE).

 

1)Trump

A crônica política estadunidense não assinala nada parecido. O vexaminoso procedimento de Donald Trump, surrupiando documentos ultra sigilosos pertencentes ao Estado, guardando-os em caixa-forte numa de suas mansões, confirma, à saciedade, a inconsequência e o desequilíbrio mental do ex-ocupante da Casa Branca. Diante de tamanho desproposito a gente se põe a conjeturar os agigantados riscos que a humanidade correu quando do mandato exercido pelo amalucado personagem. Não há como olvidar que Trump transportou em sua pasta durante 4 anos, na condição de governante mais poderoso do planeta, dispositivos capazes de alterar para sempre o rumo da civilização. Quem saberá dizer, por certo, do que conseguimos escapulir num dos inevitáveis arroubos megalomaníacos ao tempo de sua gestão! E pensar que o cara ainda cogita voltar a concorrer à presidência do país, ora, veja, pois...

 

2) Elizabeth II.

Focada absorventemente na cobertura da morte, vida e obra, da carismática Rainha Elizabeth II, acompanhando, lance por lance, as imponentes e alongadas exéquias da Soberana inglesa, a mídia, sobretudo televisiva, concedeu espaço reduzido para manifestações negativas que se fazem também ouvir, na hora presente em várias  partes do mundo, a respeito da atuação da realeza. Em numerosos rincões da África e da Ásia libertos, no século passado da opressão colonialista britânica, não foram poucas as vozes discordantes em relação às louvações atribuídas a Sua Majestade em seus 70 anos como Chefe de Estado e da Igreja Anglicana.

Se para grande parte da humanidade Elizabeth foi uma rainha inesquecível, para outra ela representou o símbolo vivo de um despotismo colonial que deixou sequelas irremediáveis na historia das ex-colônias do extinto Império onde o sol nunca se punha. Como é sabido, os domínios ingleses, no apogeu imperialista, abarcaram quase ¼ da superfície mundial. Deles floresceram, deploravelmente, ações consideradas lesivas aos interesses dos nativos dos lugares administrados pela Coroa. Lembranças desses tempos de subjugação estão sendo agora suscitadas. Outro lado da moeda.

 

3) Decisão do TSE .

Momentosa decisão do Corregedor-Geral da Justiça Eleitoral do TSE Benedito Gonçalves, condenou o procedimento do Presidente Jair Bolsonaro por estabelecer uma associação das comemorações oficias solenes dos 7 de setembro com sua campanha eleitoral , objetivando a reeleição. Horas depois, o colegiado da Corte referendou a decisão. "Os elementos presentes nos autos são suficientes para, em análise perfunctória, concluir que a associação entre a campanha do réu e o evento cívico-militar foi incentivada pelo próprio Presidente candidato à reeleição, o que pode ter desdobramentos na percepção do eleitorado quanto aos limites dos atos oficiais e dos atos de campanha", diz trecho da manifestação do Ministro na liminar ao recurso interposto pela candidata à presidência Soraya Thronicke contra a utilização de imagens das comemorações oficiais na propaganda eleitoral de Bolsonaro. A repercussão da atitude do  Chefe do Governo na festa da independência foi intensamente criticada pela opinião pública.

 

5) Constituição.

Explicando que o judiciário é o guardião sereno e altivo da Carta Magna que contém  o receituário para a solução dos problemas, o Ministro Ayres de Brito, um humanista, ex-presidente do STF, valeu-se de uma sugestiva metáfora. Aqui está:

Para fazer cumprida a constituição o Legislativo há que ser visto como a nascente, o Executivo como a correnteza e o judiciário como a foz de todo o processo. Falou e disse.

 

  

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

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