Reverência à democracia
*Cesar Vanucci
“Minha
reverência incondicional à autoridade Suprema da
Constituição” (Ministra Rosa
Weber, em sua posse na presidência do STF).
A sessão solene de posse da Ministra Rosa Weber
na presidência do Supremo Tribunal Federal constituiu outra extraordinária
demonstração de pujança democrática.
Ocorre-nos uma comparação. Dando largas à
imaginação, tomando a liberdade de converter a cerimônia do salão nobre da Corte
em um concerto musical de gala em feérico recinto, poderíamos assegurar ter
sido espectadores de um recital sinfônico magistral. Daí os estrepitosos
aplausos que entrecortaram as falas da Presidente empossada e da Ministra Carmem
Lúcia, que a saudou, equivalentes ao “bravo” com que plateias entusiastas
reverenciam espetáculos do mais elevado padrão.
Rosa Weber que assume a função até outubro do
ano vindouro, quando se extingue o prazo legal de sua permanência na instituição,
defendeu em seu pronunciamento o
Estado de Direito, a laicidade, o sistema eleitoral, rejeitando, de maneira
categórica, os discursos de ódio. Asseverou ainda que "sem um Poder
Judiciário independente e forte, sem juízes independentes e sem a imprensa
livre não há Democracia". Declarou enfaticamente: "Sejam as minhas
primeiras palavras as de reverência incondicional à autoridade suprema da Constituição
e das leis da República, de crença inabalável na superioridade ética e política
do Estado democrático de Direito, de prevalência do princípio republicano e
suas naturais derivações, com destaque à essencial igualdade entre as pessoas e
a estrita observância da laicidade do Estado brasileiro, com a neutralidade
confessional das instituições e garantia de pleno exercício de liberdade
religiosa".
Antes dela homenageando-a, a Ministra Carmem
Lúcia, ex-presidente do STF, registrou que Rosa "não assume o cargo em
momento histórico de tranquilidade social e de calmaria, mas bem diferente
disso, os tempos são de desassossego no mundo e não diferente disso no
Brasil". Acentuou ainda que o momento reclama no cargo uma pessoa com as extraordinárias qualidades de
Rosa Weber, “de decência, de prudência e de solidez de posições combinada com
especial gentileza de trato". Prosseguiu: "O momento cobra decoro e a
República demanda compostura. Tudo o que Rosa tem para servir de exemplo em
tempos de “desvalores” muitas vezes incompreensíveis". Cármen Lúcia disse também: "Não se
promove a democracia com comportamentos desmoralizantes de pessoas e
instituições. A construção dos espaços de liberdades não se compadece com desregramentos
nem com excessos".
Os 2 pronunciamentos suscitam o impulso de
todo democrata autentico de apor sua assinatura embaixo.
Na avaliação de analistas políticos, a
Presidente empossada é de perfil discreto, avessa aos holofotes
midiáticos. Acredita-se que, durante sua gestão, fará todo possível para evitar
polêmicas que atraiam a Corte para o centro das atenções.
A
cerimônia foi bastante prestigiada, reunindo representantes de todos os Poderes
e seguimentos comunitários, além de membros do corpo consular. O presidente
Jair Bolsonaro não compareceu.
Discursaram
também o Procurador–Geral da Republica, Augusto Aras e o presidente da OAB,
Beto Simonetti . O primeiro assinalou ser
“gratificante saber que estamos trabalhando para que tenhamos um certame eleitoral
em clima de paz e harmonia, sem violência". Simonetti, por sua vez,
afirmou: "Neste ano eleitoral, nossa missão é ombro a ombro com a Justiça
brasileira, defender o sistema de votação que há décadas permite eleições
limpas com a prevalência da soberania popular".
Repita-se esta posse no STF entra nos anais da
vida pública brasileira como uma festa de gala.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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