sábado, 22 de outubro de 2022

A eleição que continua

 

A eleição que continua

                                                                                                          *Cesar Vanucci        

                         "A desinformação é tanta que até a imprensa tradicional repete fake news.”                                                                                                                            (Ministro Alexandre de Moraes)

1) Plano 3D

Devido provavelmente a um descuido – já que manifesta a inconveniência para a candidatura situacionista, neste momento pré-eleitoral, de divulgação desse teor -, fontes do ministério da economia deixaram vazar noticia alusiva ao propósito governamental de adotar, ainda no presente exercício, plano econômico de contenção de gastos denominado 3D pelo Ministro Paulo Guedes. Quando se deram conta do lapso cometido, os tecnocratas em finanças apressaram-se em dizer que a coisa não era bem como a imprensa estava a propagar. O plano em causa consistiria na desindexação, da inflação de salários, aposentadoria e outros benefícios sociais, numa tentativa de não ultrapassar o teto dos gastos públicos. O titular da pasta da economia assim explicou, de acordo com o noticiário, o significado do “3D”: desvinculação, desindexação e descentralização. De forma mordaz jornalistas da área econômica encontraram outro significado para o plano: desastroso, danoso, desditoso.

 

2) Segundo turno

A campanha eleitoral no segundo turno atingiu grau de efervescência nunca vista anteriormente. Nesta reta final o “vale tudo” chutou pra escanteio todas as regras éticas. Além da produção ininterrupta de fakes, ganharam desassossegante notoriedade às pressões de toda ordem, com vistas a persuadir, agradar, intimidar, manipular eleitores desprevenidos. Chama a atenção, por exemplo, a exagerada carga de “bondades” distribuídas na 25° hora da acirrada porfia. São benefícios sem suporte orçamentário, de efêmera duração, com mais do que certa probabilidade de afetar as contas públicas em futuro próximo. Não são poucos os cidadãos, chefes de família que se confessam perturbados com os ataques desabridos entre pessoas e grupos contendores, bem como com o assedio nos ambientes de trabalho envolvendo familiares e conhecidos. São visíveis – argumentam – os sinais de angustia e desgaste emocional. A saúde mental da população está seriamente afetada.

 

3)Fakes

O TSE recebeu quase 20 mil denúncias de fake news na atual campanha eleitoral. É quase certo que esse volume de conteúdos falsos, alvejando reputações, represente apenas parte da avalancha de desinformação propalada pelas redes com impetuosidade de grama tiririca. A Corte judicial bem que se esforça em reprimir o esquema, mas tudo indica que os meios legais para a contenção dos abusos são insuficientes para se contrapor à velocidade da maléfica irradiação facultada pela internet. O problema das fakes é universal. Em todas as partes do mundo a momentosa questão vem sendo tenazmente debatida, na busca de soluções que não coloquem em risco a liberdade de expressão. Indoutrodia, a justiça americana condenou um “ especialista” em espalhar falsidades pela mídia eletrônica a pagar multa de 1 milhão de dólares. Se a moda pegar por aqui...

 

4)Poupança.

Uma das fakes mais alardeadas na hora presente diz respeito a desagradável perspectiva de um confisco da poupança, como já ocorreu em período governamental lúgrobe do passado. O fato permite que rememoremos a campanha em que Fernando Collor se elegeu presidente, numa disputa com Luiz Inácio Lula da Silva. O político alagoano afiançou com estardalhaço, que seu oponente iria, se eleito aplicar a indesejável medida confiscatória. Lula negou enfaticamente. No final das contas quem acabou  assinando o calamitoso ato do confisco, que levou muitas famílias  ao desespero, foi justamente o autor da denuncia. Que teve seu prestigio abalado a ponto de ser “convidado” a deixar a presidência.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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