Cesar Vanucci *
O Brasil reverencia os 120 anos de nascimento de JK. Nada a dizer sobre o grande estadista que já não tenha sido dito. Não importa, pois como diz o ditado, a melhor retórica é a repetição. Voltemos, então numa pequena série de comentários a falar da vida e obra do brasileiro ilustre que, na Presidência, fez o país avançar 50 anos em 5.
Bastaria
Brasília para imortalizá-lo. Mas ele foi muito além. Suas utopias contemplavam
insuspeitadas latitudes na geografia demarcada pela ação
político-administrativa convencional. Impulsionado por fervor dir-se-á místico
e muita ousadia criadora, JK foi um redescobridor do Brasil. “Alegre como uma
janela aberta”, apoderado da paixão “de servir e de ser útil”, exprimindo
virtudes e defeitos de sua gente, como anotou meu saudoso padrinho Paulo
Pinheiro Chagas, excepcional tribuno e escritor, num magistral ensaio sobre o
cintilante itinerário de Juscelino na vida pública. Ele, Kubitschek, encarnou,
como nenhum outro personagem de realce na cena política conseguiu fazer, o
verdadeiro sentimento nacional.
Sua
aventura vital foi extraordinária. Os próprios adversários, em retratação
histórica de conduta política antagônica circunstancial, se viram obrigados,
nalgum trecho do tempo, a reconhecê-lo. Combatido implacavelmente por minoria
raivosa, escorada nas ações por mídia predominantemente hostil, alvejado na
dignidade pessoal, cassado, preso, banido da pátria a que soube servir com
incomum destemor cívico e espírito democrático, o Nonô de Diamantina legou aos
compatriotas um patrimônio imensurável de realizações e de ideias fecundas.
Fonte inesgotável de inspiração nas lutas empreendidas pela sociedade brasileira
na tentativa de invadir o futuro e conquistar patamares mais elevados em
matéria de bem-estar social e econômico.
A primeira
imagem que trago gravada de JK é a de sua presença em Uberaba, como candidato
ao Governo de Minas. Gabriel Passos, brilhante opositor, seu concunhado, havia
passado por lá, dias antes, deixando vigorosa impressão. No comício de JK
aconteceu algo eletrizante. Um prenúncio daquilo que aprenderíamos a ver como
marca registrada inconfundível dos tempos de euforia cívica que se abeiravam de
nós, brasileiros.
O comício
teve todos os ingredientes de empolgante festa do gênero. Faixas, banda,
rojões, palavras de ordem ditadas pelo alto-falante. Entre uma e outra execução
musical – marchas trepidantes, culminando com o indefectível Oh! Minas Gerais
–, os oradores procuravam aquecer o público com tiradas retumbantes, na
tentativa de suplantar o bom desempenho anterior do palanque adversário. Esmeravam-se
na preparação da entrada triunfal em cena da estrela do evento.
Pintou o
grande instante. O locutor, a voz empostada, anunciou para Uberaba e para todo
o Triângulo Mineiro, pelas possantes ondas da emissora local, “a palavra do
futuro governador do Estado de Minas Gerais, excelentíssimo senhor doutor
Juscelino Kubitschek de Oliveira!”
O que aconteceu na continuação não dá para contar em todos os detalhes. A cidade assistiu, emocionada, ao mais eletrizante espetáculo político de seus, então, quase cem anos de emancipação política. As palavras jorravam com a impetuosidade de uma catarata, lavando a alma das pessoas, tocando os brios da cidadania, povoando de esperanças e sonhos animadoras perspectivas de trabalho, inundando de entusiasmo redivivo adormecidas crenças no amanhã do país. Todos se comportavam como parceiros orgulhosos na arregimentação das forças vivas da Nação para a aventura diferente em termos de progresso e desenvolvimento que estava sendo proposta por aquele quase desconhecido. Nos semblantes, sorrisos e olhares cúmplices, a sensação deleitosa da descoberta fascinante de uma nova e carismática liderança.
O resto da história, conto na sequencia
Um comentário:
Sobre
Juscelino Kubitschek de Oliveira, também conhecido pelas suas iniciais JK foi um médico, oficial da Polícia Militar mineira e político brasileiro, foi o 21º Presidente do Brasil entre 1956 e 1961. JK concluiu o curso de humanidades do Seminário de Diamantina e em 1920 mudou-se para Belo Horizonte.
Nascimento: 12 de setembro de 1902, Diamantina, Minas Gerais
Nascido numa família humilde estudou no Seminário de Diamantina, onde concluiu o curso de humanidades.
Em 1922, ingressou no curso de Medicina da Universidade Federal de Belo Horizonte, concluindo em 1927. Em seguida, estudou cirurgia em Paris, em 1931 e estagiou no Hospital Charité de Berlim.
Entrou na política pelas mãos do interventor federal de Minas Gerais, Benedito Valadares, onde atuou como seu chefe de gabinete.
Em 1934, elegeu-se deputado federal, mas perdeu o mandato devido ao golpe de 1937, que instituiria o Estado Novo.
Entre 1940 e 1945 foi prefeito de Belo Horizonte, onde realizou obras importantes como o complexo da Pampulha com projetos de Oscar Niemeyer.
Com a deposição de Getúlio Vargas, novas eleições são disputadas e Eurico Gaspar Dutra é eleito presidente.
Por sua vez, JK se elege deputado federal e participa da elaboração da Constituição de 1946.
Em 1950 foi eleito governador de Minas Gerais. Durante seu governo no estado priorizou o binômio “energia e transporte”. Desta maneira, criou a CEMIG (Centrais Elétricas de Minas Gerais) e construiu cinco usinas para a produção de energia elétrica.
Eleição Presidencial
No dia 3 de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek venceu as eleições para presidente e João Goulart era o vice-presidente.
JK foi eleito por uma coligação entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), partidos de origem getulista. Assumiu a presidência no dia 31 de janeiro de 1956.
Ao assumir o poder, Juscelino Kubitschek estabeleceu o lema de sua política econômica, prometendo cinquenta anos de progresso em cinco de governo.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu em média 7% ao ano. Além disso, a taxa per capita aumentou num ritmo quatro vezes maior que o restante da América Latina.
Após deixar a presidência, lhe sucedeu Jânio Quadros e se elegeria senador pelo estado de Goiás. Com o Golpe Militar de 64 e a publicação do AI-1 que cassava mandatos de políticos considerados uma ameaça para o Brasil, JK retira-se do Congresso.
Mais tarde, resolve formar a Frente Ampla que reunia políticos de renome contra a ditadura militar como Carlos Lacerda.
Porém, o projeto termina de forma trágica. Juscelino Kubitschek de Oliveira faleceu em 22 de agosto de 1976, em um acidente automobilístico quando viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro.
O Governo JK é sempre lembrado como “os anos dourados” na história brasileira.
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