*Cesar Vanucci
“Ele fez o brasileiro acreditar no Brasil!”(David Nasser)
A lucidez do
cidadão Juscelino Kubitschek de Oliveira expunha com clarividência que uma sociedade
verdadeiramente livre não pode deixar de ajudar os muitos que são pobres, até
porque, não sendo assim, jamais conseguirá salvar os poucos que são ricos. O
recado continha a pureza da água de regato de montanha, intocada pela poluição.
A voz poderosa do líder ecoava por todos os quadrantes. Fora do desenvolvimento
econômico global, que aproveite a todos como patrimônio comum da sociedade, não
há salvação para ninguém. E o desenvolvimento é filho dileto do trabalho, da
educação, da mobilização das virtudes humanas e capacidade criativa do povo. E
mais: o objetivo do desenvolvimento é sempre social.
Quando Brasília foi anunciada e começou a ser
construída, naquele estilo JK que encantaria o mundo, adversários rancorosos,
atônitos com a nova ordem gerencial instalada na vida do país, perderam, de
vez, como se dizia em tempos de antigamente, as estribeiras. Malsucedidos nas
tentativas de impedir a posse de JK, de desalojá-lo do poder pela força,
partiram para grosseiras e maledicentes violências verbais, diariamente
difundidas. A fúria
adversária atingiu , em dados momento,
níveis tais de paroxismo que a sensação experimentada era de que o
Brasil iria mesmo acabar. Tribunas e jornais deram curso a afirmações tão
insanas e disparatadas que a gente se surpreende até no direito, tantos anos
transcorridos, numa análise amadurecida e serena dos fatos, de supor que certos
opositores foram recrutados na ala mais isolada e de maior risco de alguma
clínica psiquiátrica de pacientes irrecuperáveis. Recorda-me o dito vociferante
de alguém importante, o escritor Gustavo Corção, bradando do alto de
embriagadora autossuficiência a disposição de beber, gota por gota, toda a água
que viesse a jorrar no terreno sáfaro onde vinha sendo implantado o lago
artificial. Outro cidadão, jornalista Carlos Lacerda, com sobrecarga de rancor
no coração, acusou Juscelino, inopinadamente, pela morte num acidente de
helicóptero do então governador fluminense Roberto Silveira, lançando mão de
argumento inacreditável. O Presidente adotara, desde os tempos de governador de
Minas, o “hábito irresponsável” de utilizar helicópteros nas incursões
administrativas. Silveira resolveu imitá-lo, “num gesto de macaquice”.
Conclusão lógica: o culpado da morte do governador que costumava andar de helicóptero
tinha de ser “justamente ele”, Juscelino. Dá procês?
Sandices do gênero eram disparadas
continuamente. Duas quarteladas (Aragarças e Jacareacanga) foram orquestradas
no começo de sua gestão com o fito de desalojá-lo do poder. A consciência
cívica nacional cuidou de rapidamente desbaratá-las. A volumosa quantidade de
embaraços e obstáculos antepostos à sua trajetória não foi suficiente para
deter a marcha das ideias, a conquista do Planalto Central, a interiorização do
desenvolvimento, a industrialização acelerada da fecunda ação juscelinista.
Fica claro que a narrativa sobre JK vai
ter continuidade.
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