*Cesar Vanucci
“A democracia
rechaça o radicalismo” (Antonio Luiz da Costa)
A
antiga sabedoria proclama que há um limite para tudo. Os atos cotidianos da
convivência comunitária são regidos, obviamente, por essa lógica.
Essa fuzarca promovida por bando de fanáticos de
catadura irremediavelmente antidemocrática já foi longe demais. Extrapolou os limites
da tolerância. A opinião publica mostra-se, mais que constrangida, indignada com
essa sequência de desatinos praticada por militantes políticos desorientados com
ojeriza à democracia.
A
lista de sandices é extensa, memorizemos algumas delas. Os incidentes são de
molde a causar desassossego e prejuízos de toda ordem à sociedade. Ex-parlamentar
raivoso, entrincheirado em sua mansão recebe a bala, arremessando granadas, de
seu arsenal doméstico, em agentes da Policia Federal encarregados de escolta-lo
até a cadeia por delitos contra a democracia. Na festa da Padroeira, em
Aparecida do Norte, na Basílica, desordeiros promovem comício, perturbando multidão
de fieis e apupando, histericamente, o Arcebispo durante a homilia em ato sagrado.
O Prelado discorria sobre o magno problema da fome que ronda muitos lares e
explicava que “Pátria amada não é Pátria armada”. Parlamentar desvairada
acompanhada de guarda-costas, ambos de armas em punho perseguem um suposto
adversário político em via pública movimentadíssima na principal cidade do país
por mera discordância de opinião. Um tsunami de “fake news” congestiona as
redes com o escancarado propósito de tumultuar as eleições. O conteúdo das
mensagens é, em muitos casos, tão escalafobético que passa a impressão de que
seus autores são foragidos da ala de pacientes irrecuperáveis de hospício
medieval. Assim que divulgados os resultados das eleições - festa cívica
memorável, organizada impecavelmente pelo TSE e que contou com a participação
ordeira e entusiástica de milhões de eleitores -, minoria de agitadores, insuflada
por extremistas de “colarinho branco”, empregando, pode se dizer táticas
terroristas, resolve promover inaceitáveis bloqueios de rodovias, gerando cenas
que vão do grotesco, passando pelo patético até crueldades inimagináveis. Nos
obsis criados a circulação de pessoas e veículos, ambulâncias não conseguem
chegar ao seu destino, atendimentos de emergências a enfermos em estado critico
sofrem atraso irreparável, viagens são interrompidas, cargas perecíveis se deterioraram
no meio do caminho, assim por diante. Faixas e vozes coléricas pregam, acintosamente,
a derrubada do arcabouço democrático, exortam à quebra da disciplina institucional, agridem os
direitos fundamentais, incentivam a violência. As encenações lembraram manifestações
dos “camisas pardas” do nazismo. Nesses bolsões de desordem, financiados, ao
que se sabe, por alguns radicais endinheirados, que pagam a “inocentes uteis”
as horas roubadas ao seu labor de subsistência, vicejam também, por mais
incrível que seja, manifestações despropositadas acerca de fraudes na apuração
de votos. Partido político derrotado no pleito presidencial, afrontando a respeitabilidade
da Justiça eleitoral e pareceres emitidos por órgãos de fiscalização e
auditoria de idoneidade acima de qualquer suspeita ousou de má fé comprovada,
valendo-se de argumentos jurídicos fajutos, insinuar burla nas apurações. A desonrosa tentativa de “bagunçar o coreto”
eleitoral foi repelida com altivez pelo TSE, que aplicou pena exemplar aos
autores da pérfida manobra. Manobra que, por sinal, causou profundo mal estar
junto até mesmo aos candidatos eleitos pela própria legenda, por obvias razões.
Há
limite para tudo. A maioria que trabalha em favor da construção da construção
humana almeja paz e tranquilidade. Recusa-se a dormir com barulheira desprovida
de sentido.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário