*Cesar
Vanucci
“Todo
radical tem os pés firmemente plantados no ar”
(Theodore
Roosevelt, ex-presidente dos EUA)
1) Donald Trump tornou-se,
a essa altura, maiúscula referencia no mundo ocidental do arquiconservadorismo
radical. Seu posicionamento ideológico representa fonte de inspiração para
grotescas imitações de simpatizantes noutras plagas. O contestador dos
resultados da eleição presidencial estadunidense, responsável intelectual pela
invasão do Capitólio, é flagrado, volta e meia, em procedimentos que traduzem seus
pendores para atos que desmerecem os valores democráticos dominantes na vida pública
de seu país. Com quase duas dezenas de processos nas costas, por fraudes
financeiras e evasões fiscais vultosas, cometidas por décadas em negócios
escusos que geraram farta corrupção, o ex-mandatário da Casa Branca é acusado
também de haver surripiado documentos secretos que estiveram, quando no
exercício do poder, sob sua guarda. Em fala recente numa atitude que soou,
perante as lideranças democráticas, como verdadeira blasfêmia cívica, criticou dispositivos
da constituição do seu país. De outra parte, atraiu acesa e compreensível
condenação pública pelo fato de recepcionar, numa de suas luxuosas mansões, com
rapapés e lantejoulas, dirigentes de sinistras organizações racistas. Traçou,
nesses conciliábulos envolvendo os “Supremacistas Brancos”, cognome da
famigerada KKK (Ku Klux Klan ) e uma outra notória e virulenta associação antissemita da América, estratégias de ação
com manifesto propósito de levar mais longe odiosos preconceitos e
discriminações. É de se imaginar que, contemplando um currículo desses, a
altiva opinião pública americana, a começar por adeptos do próprio Partido
Republicano, ao qual Trump se acha filiado, adote salvaguardas eficazes, na
hora adequada, no sentido de barrar veementemente as intenções do personagem
mencionado em concorrer outra vez ao cargo político mais importante do cenário
mundial.
2) A ONU (Organização das Nações
Unidas) foi criada em 24 de outubro de 1945, logo após o termino da 2° Guerra
Mundial. As potências vitoriosas com maior protagonismo no sanguinolento
conflito valeram-se dessa condição para se outorgar o direito, na composição da
instituição, de constituírem em superposição aos demais países membros (193), um
colegiado especial. Denominado Conselho de Segurança, o colegiado em questão estabeleceu,
para cada integrante, isoladamente, o poder monocrático de veto a decisões tomadas no
âmbito da Assembleia Geral. Estes os países que , em caráter permanente, formam
o referido Conselho: Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França. De
tempos a esta parte, o conselho passou a acolher representações de outros
Estados Membros com mandato temporário, não detentores, todavia, da
prerrogativa de vetar. A situação configurada,
que perdura ha quase 80 anos, traduz desequilíbrio de forças em definições suscetíveis
de afetar interesses respeitáveis da Comunidade das Nações. Deriva daí, compreensivelmente,
o inconformismo de numerosos países que não escondem o desejo de alterar a norma
regimental vigente, com a eliminação dos privilégios dos vetos. A momentosa
questão, abraçada pelo Brasil desde o primeiro mandato presidencial de Lula,
volta agora, com seu retorno ao Palácio do Planalto, a ser advogada tanto pelo
presidente a ser empossado, quanto pelo seu antigo Chanceler Celso Amorim, que
realizou fecundo trabalho durante no período em que esteve à frente do
Itamaraty. Não será fácil convencer as grandes potencias a renunciarem a
primazia desfrutada. Mas, não persiste dúvida alguma quanto a legitimidade de
que a mudança pretendida está acorde com o ideal democrático.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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