Sua Majestade, Rei Pelé I (e único). Celebridade
planetária, Cidadão do mundo, Gênio da raça, Atleta do século XX, Brasileiro
mais conhecido e querido em todos os continentes. Este sim, Mito! Sua arte
incomparável encantou plateias em todos os palcos feéricos ocupados pelo
“esporte das multidões”. Este sim, Mito! Autor de prodígios coreográficos, com
suas fintas desnorteantes, com seus chutes certeiros, com sua percepção
dir-se-á extra-sensorial do gramado por inteiro, Sua Alteza driblava até a “lei
da gravidade”, como assegurava um craque do jornalismo esportivo saudoso
Armando Nogueira. Suas impressionantes impulsões para aparar a bola com
cabeceio fulminante em jogadas vindas pelo alto passavam a impressão de ser ele
possuidor também do dom da levitação.
Pelé, este sim, Mito, exercia fascínio
avassalador em pessoas de todas as idades e nacionalidades, em agrupamentos
sociais e comunidades inteiras. Tanto isso é verdade que em certa ocasião, no
ano de 1969, quando da excursão do Santos a países da África, num feito que não
encontra nada assemelhado na história, conseguiu parar uma guerra civil no
Congo. Os contendores concordaram em estabelecer um “cessar fogo” durante o
período em que se travava disputa futebolística com a presença do Rei. As arquibancadas acolheram elementos das
belicosas facções engalfinhadas no abominável morticínio. Tem-se por certo que,
em meio a delirantes aplausos e hurras das torcidas, adversários se abraçaram efusivamente.
Terminada a batalha esportiva, a batalha com morteiros e metralhadoras
recomeçou, assinalando mais um capítulo odiento dos registros da eterna insensatez
e espírito beligerante da humanidade de todos os tempos. Em personagens que alcançam
como Pelé as culminâncias do apreço e admiração populares, as lendas e as realizações
grandiosas se entrelaçam em determinados instantes, criando para o observador
dificuldades em distinguir o que é real do
que é fruto do imaginário das ruas. São a perder de vista as historietas contadas
a respeito do ídolo imortal em seus 82 anos de transito pela vida terrena.
O
apelido Pelé, atribuído na infância por colegas a Edson Arantes do Nascimento,
recebido a principio a contra gosto pelo próprio, virou sinônimo de perfeição,
adjetivo pomposo. Ficou legítimo dizer-se que nos domínios eletrizantes do
futebol o Pelé nascido em três Corações, Minas, tornou-se um Pelé. Ou seja, o
máximo na carreira abraçada. Este sim foi um Mito. Teve plena consciência de
seu protagonismo na historia, sem se deixar inebriar pelos ouropéis mundanos. Fiel
a suas origens, manteve intacta a simplicidade nos atos e palavras e candura no
trato com os outros. A humildade foi ponto forte em sua personalidade, seu
comportamento na convivência cotidiana não sofria alterações à conta das
glórias conquistadas, inalcançáveis por qualquer outra figura do desporto
mundial em qualquer tempo. Este sim, um
Mito. O Rei Negro, alguém que não recebeu a coroa por herança e que, ao deixar-nos,
não teve a quem passa-la, contribuiu decisivamente para projetar a verdadeira imagem
do Brasil, sua cultura, seu colorido humano e suas virtualidades nos confins
deste planeta azul.
Sua partida causou comoção em todos os
cantos. Chefes de Estado, expoentes da cultura humana, representantes de diferentes
modalidades esportivas, lideranças políticas de todas as etnias, personagens do
maior realce na vida religiosa e gente do povo expressaram em carinhosos
depoimentos seu adeus e gratidão imorredoura a Edson Arantes do Nascimento, o
Pelé.
Por ser um autentico Mito na magnífica
aventura pessoal, a FIFA houve por bem recomendar que em todos os países onde
se pratique futebol haja um estádio com o nome do Rei Pelé.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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