Cesar Vanucci *
“Houve um engano. Mandarei soltá-los
imediatamente”.
(Ziereis,
impiedoso chefe de campo de
concentração,
para os prisioneiros “voluntários”)
Retomemos a narrativa iniciada no artigo
anterior. Como informado, com base em depoimento do escritor Jacques Bergier,
coautor de “O despertar dos mágicos”, os carcereiros do sinistro campo de
concentração nazista “Mauthausen”, comandado por um “camisa parda" chamado
Ziereis, tomaram-se de espanto quando, na primavera de 1944, pouco antes do
término da Segunda Guerra Mundial, receberam inesperadamente uma leva numerosa
de ”prisioneiros voluntários”, todos
eles integrantes da respeitada corrente religiosa “Testemunhas de Jeová”.
Jacques
Bergier toma a palavra: “Como todo mundo na Alemanha – ao contrário do que se
afirmou depois – sabia o que se passava nos campos de concentração, esta
atitude (dos adeptos da referida corrente religiosa) era, no mínimo, surpreendente.
Por isto, Ziereis, o “fuhrer” do nosso campo, tratou de interrogá-los logo.
Ficamos sabendo bem depressa o que se passava. Os recém-chegados declararam: -
Somos “Testemunhas de Jeová”. Disseram-nos que aqui são cometidos crimes.
Queremos ser testemunhas diretas disto e, no dia do Juízo, colocados à direita
de Deus, lhe prestaremos, pessoalmente, conta do que vimos.”
Bergier
acentua, nesta parte da narrativa, que o empedernido chefe nazista, homem que
parecia não ter medo de nada, estremeceu diante do depoimento ouvido. Disse às
“Testemunhas de Jeová” enfileiradas diante dele: - Houve um engano. “Mandarei
soltá-los imediatamente”.
O
que sobreveio na sequência só fez aumentar a estupefação dominante. Fitando o
temido carcereiro, os “prisioneiros voluntários” puseram-se a gritar em coro
palavras ofensivas a Hitler e ao nazismo. Entre outras: “Morte a Hitler!” “Que
morra este porco!”
Bergier
completa o relato do incrível episódio: “Não houve escolha, tiveram que ficar
no campo. Morreram todos no crematório. Contudo, não gostaria de estar no lugar
de Ziereis – que abati pessoalmente no dia da Liberação – quando tiver que
prestar esclarecimentos diante do Todo-Poderoso.”
A
história que fala desse posicionamento destemido de membros das “Testemunhas de
Jeová”, frente às atrocidades cometidas nos campos de concentração, acha-se
inserida num dos capítulos do livro “Passaporte para uma outra Terra”. O
capítulo tem por subtítulo “Os Imortais”. Os comentários expendidos pelo autor
contemplam a hipótese da imortalidade física. A inserção das “Testemunhas de
Jeová” no contexto decorre de uma crença alimentada por membros do movimento
religioso, segundo a qual alguns seres imortais, com missão espiritual
importante, já estariam habitando este nosso planeta.
Não
resisto, à tentação de inserir aqui outro trecho do texto de Jacques Bergier
alusivo ao instigante tema da imortalidade. Diz ele: “Faço questão de deixar
bem claro que não quero zombar das Testemunhas de Jeová. Ora, elas afirmam que
já vivem entre nós 144.000 Imortais. Esta tradição de Imortais entre nós é
muito antiga. Já na China se falava da Ilha dos Imortais onde se podia
encontrar alguns sábios do passado. Em todas as civilizações, a tradição de uma
pequena minoria de Imortais vivendo entre nós é fundamental. A lenda mais
famosa neste domínio é, evidentemente, a do Judeu Errante.”
Acrescento
hoje ao texto lançado anos atrás a informação de que as “Testemunhas de Jeová” recusavam-se,
nos tempos do nazismo a fazer a saudação imposta pelo governo (Heil Hitler), a participar de atos
racistas e a se alistarem nas Forças Armadas do exército alemão. Das “Testemunhas”
era exigido que renegassem sua fé. Elas eram ameaçadas com severas punições
caso se negassem a assinar documento denominado como “Erklärung”. O documento em questão livrava-as da execução. A quase
totalidade dos membros da comunidade perseguida não renunciou às suas
convicções pagando com a vida a atitude heroica assumida.
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