*Cesar Vanucci
“O problema dos
discos-voadores merece ser tratado com seriedade.”
(Brigadeiro
João Adil de Oliveira)
O dia 16 de janeiro de 1958
ficou gravado de forma memorável por centenas de oficiais e marinheiros da
Força Naval brasileira que participavam de manobras no litoral capixaba,
imediações da Ilha da Trindade. Por volta das 16 horas, as atenções de todos se
voltaram estrepitosamente à contemplação de um desconcertante espetáculo aéreo.
Gigantesco objeto, de formato discoidal, promovia espantosa coreografia diante
de extasiada plateia, militares na quase totalidade. As evoluções do aparelho
desafiavam todas as leis conhecidas da física. A nave, de aparência metálica,
não lembrava em nada nenhum tipo de artefato aéreo concebido pelo engenho
humano.
No convés do navio
capitânea, o “Almirante Saldanha”, um fotógrafo profissional civil, Almiro
Barauna, dedicava-se a documentar os exercícios navais em curso. Assestando o
foco da objetiva no estranho aparelho, bem visível a olho nu, obteve estupenda
sequência fotográfica, que acabou merecendo registro na crônica ufológica
mundial como um dos mais extraordinários documentários pertinentes à presença
dos óvnis na atmosfera terrestre. Com a circunstância, sumamente positiva, de
encontrar respaldo num testemunho ocular irrefutável, numérica e
qualitativamente da maior respeitabilidade. As fotos chegaram logo aos jornais
e agências noticiosas, alcançando impactante ressonância mundial. A autorização
para que fossem liberadas partiu do próprio Presidente da República, Juscelino
Kubitschek de Oliveira, um estadista de mente aberta e visão de futuro. Decisão
de caráter vanguardeiro. O Brasil notabilizou-se como o primeiro país a exibir,
com a chancela oficial do governo, uma documentação nítida e incontestável das
aparições dos misteriosos “objetos voadores não identificados”, de suposta
origem extraterrena.
O “Incidente de Trindade”
está registrado como instante de alta relevância da participação militar nas
investigações ufológicas. Sabe-se, com certeza, que anos antes a Aeronáutica já
vinha se dedicando a estudos pertinentes ao enigmático tema. Conservo em
arquivo uma sonora comprovação desse trabalho: cópia integral de impressionante
depoimento: a conferência proferida, em 2 de novembro de 1954, na Escola
Superior de Guerra, para plateia constituída por centenas de oficiais graduados
das três Armas, pelo coronel aviador João Adil de Oliveira, à época chefe do
Serviço de Informações do Estado Maior da Aeronáutica. Esse oficial, mais tarde
promovido a Brigadeiro, ganhou notoriedade nacional, na década de 50, por haver
presidido a Comissão Militar de Inquérito que apurou o atentado da rua
Toneleros, em que foi assassinado o Major Vaz e saiu baleado o jornalista
Carlos Lacerda. O dramático episódio, como se recorda, detonou a grave crise
política culminada com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas.
O expositor proclamou, sem
vacilações, que “o problema dos “discos-voadores” polariza a atenção do mundo
inteiro, é sério e merece ser tratado com seriedade”. Disse mais: “os governos
das grandes potências se interessam pelo problema e o tratam com seriedade e
reserva, dado seu interesse militar.” Enumerou, com abundantes pormenores,
instigantes ocorrências ufológicas e convincentes depoimentos de cientistas,
pesquisadores e contatados. Após a conferência, foram apresentadas “algumas
testemunhas de casos comprovados pelas investigações da Aeronáutica”.
No fecho do encontro na
Escola Superior de Guerra, o Brigadeiro Guedes Muniz, então presidente da
ADESG, fez uma observação ultra intrigante. Aludindo às compreensíveis
dificuldades confrontadas por técnicos e engenheiros militares em arriscar
pareceres acerca da viabilidade técnica e científica “desses vagabundos do
espaço”, ele recorreu a uma fábula que tem o besouro como personagem, “oportunamente será lembrada aqui”.
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
2 comentários:
Olá Sr. Cesar, prazer enorme em ler seus artigos. Oro por sua saúde e para que possamos breve estarmos juntos para uma boa prosa.
Fiquei muito curiosa a respeito da tal fábula do besouro.
Grande abraço.
Mto bom
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