segunda-feira, 17 de abril de 2023

Disco voador, assunto sério.


                                                                                             *Cesar Vanucci

 

“O problema dos discos-voadores merece ser tratado com seriedade.”

(Brigadeiro João Adil de Oliveira)

 

O dia 16 de janeiro de 1958 ficou gravado de forma memorável por centenas de oficiais e marinheiros da Força Naval brasileira que participavam de manobras no litoral capixaba, imediações da Ilha da Trindade. Por volta das 16 horas, as atenções de todos se voltaram estrepitosamente à contemplação de um desconcertante espetáculo aéreo. Gigantesco objeto, de formato discoidal, promovia espantosa coreografia diante de extasiada plateia, militares na quase totalidade. As evoluções do aparelho desafiavam todas as leis conhecidas da física. A nave, de aparência metálica, não lembrava em nada nenhum tipo de artefato aéreo concebido pelo engenho humano.

 No convés do navio capitânea, o “Almirante Saldanha”, um fotógrafo profissional civil, Almiro Barauna, dedicava-se a documentar os exercícios navais em curso. Assestando o foco da objetiva no estranho aparelho, bem visível a olho nu, obteve estupenda sequência fotográfica, que acabou merecendo registro na crônica ufológica mundial como um dos mais extraordinários documentários pertinentes à presença dos óvnis na atmosfera terrestre. Com a circunstância, sumamente positiva, de encontrar respaldo num testemunho ocular irrefutável, numérica e qualitativamente da maior respeitabilidade. As fotos chegaram logo aos jornais e agências noticiosas, alcançando impactante ressonância mundial. A autorização para que fossem liberadas partiu do próprio Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, um estadista de mente aberta e visão de futuro. Decisão de caráter vanguardeiro. O Brasil notabilizou-se como o primeiro país a exibir, com a chancela oficial do governo, uma documentação nítida e incontestável das aparições dos misteriosos “objetos voadores não identificados”, de suposta origem extraterrena.

 O “Incidente de Trindade” está registrado como instante de alta relevância da participação militar nas investigações ufológicas. Sabe-se, com certeza, que anos antes a Aeronáutica já vinha se dedicando a estudos pertinentes ao enigmático tema. Conservo em arquivo uma sonora comprovação desse trabalho: cópia integral de impressionante depoimento: a conferência proferida, em 2 de novembro de 1954, na Escola Superior de Guerra, para plateia constituída por centenas de oficiais graduados das três Armas, pelo coronel aviador João Adil de Oliveira, à época chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da Aeronáutica. Esse oficial, mais tarde promovido a Brigadeiro, ganhou notoriedade nacional, na década de 50, por haver presidido a Comissão Militar de Inquérito que apurou o atentado da rua Toneleros, em que foi assassinado o Major Vaz e saiu baleado o jornalista Carlos Lacerda. O dramático episódio, como se recorda, detonou a grave crise política culminada com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas.

 O expositor proclamou, sem vacilações, que “o problema dos “discos-voadores” polariza a atenção do mundo inteiro, é sério e merece ser tratado com seriedade”. Disse mais: “os governos das grandes potências se interessam pelo problema e o tratam com seriedade e reserva, dado seu interesse militar.” Enumerou, com abundantes pormenores, instigantes ocorrências ufológicas e convincentes depoimentos de cientistas, pesquisadores e contatados. Após a conferência, foram apresentadas “algumas testemunhas de casos comprovados pelas investigações da Aeronáutica”.

 No fecho do encontro na Escola Superior de Guerra, o Brigadeiro Guedes Muniz, então presidente da ADESG, fez uma observação ultra intrigante. Aludindo às compreensíveis dificuldades confrontadas por técnicos e engenheiros militares em arriscar pareceres acerca da viabilidade técnica e científica “desses vagabundos do espaço”, ele recorreu a uma fábula que tem o besouro como personagem, “oportunamente será lembrada aqui”.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Sr. Cesar, prazer enorme em ler seus artigos. Oro por sua saúde e para que possamos breve estarmos juntos para uma boa prosa.
Fiquei muito curiosa a respeito da tal fábula do besouro.

Grande abraço.

Anônimo disse...

Mto bom

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