segunda-feira, 17 de abril de 2023

Não estamos sós

 



                                                                                    *Cesar Vanucci

“Universo, irmão mal conhecido.”

(Jean Wahl, poeta, citado por Paulo Rónai)

 

A peregrinação terrena é tecida de infindáveis interrogações. As perguntas espocam em número infinitamente superior às respostas. Num contexto desses, de proporções inimagináveis, a ciência é gota. Os fenômenos investigados, na longa espera da decifração, são um oceano. 

No instante em que um telescópio super poderoso em matéria de propriedades tecnológicas apropriadas pelo homem dá-nos conta da existência provável, num ponto distante de outra galáxia, de um corpo celeste que ostenta características atmosféricas assemelhadas às desta nossa ilhota solta no oceano cósmico, é perfeitamente natural se reacenda a sempre momentosa discussão em torno da existência de vida inteligente nas demais paragens do universo. Embora intuída pela grande maioria das pessoas, a tese da pluralidade de mundos habitados não é oficialmente admitida pela ciência ortodoxa.

 Hoje já não seria bem assim. Mesmo levando em conta o patrulhamento ostensivo no campo das ideias praticado por certas correntes fundamentalistas radicais. Mas tempo houve em que as pessoas de mente aberta, resguardando-se de ameaças, trancavam a sete cadeados suas crenças em tão “sacrílega” hipótese.

 Protegiam-se, com justificáveis temores, das consequências práticas de situações em que ideias “tão extravagantes” pudessem vir a cair nos ouvidos de zelosos guardiães dos conhecimentos científicos e religiosos dogmaticamente enfeixados.

A ortodoxia científica, mesclada de fanatice religiosa, fixava conceitos inamovíveis. Contestá-los representava risco a que ninguém queria, obviamente, se expor. As proclamações de um luminar qualquer, revestido de pompa e autoridade, tinham força de mandamento divino. Ái de quem ousasse contradizer, por exemplo, a afirmação de que lá no inatingível ponto em que as águas do mar (povoadas de terríveis monstros) e o horizonte se fundem ficava a borda de um precipício aterrorizante! Ou a assertiva de que o sol e os demais corpos celestiais do firmamento giravam em torno da Terra!

 Retomemos o papo sobre a descoberta nos confins galácticos do astro de configuração parecida com a Terra. Muitas especulações começam, agora, a ser feitas a respeito da possibilidade de se abrigarem ali espécies de vida como as que conhecemos aqui. A inviabilidade da coleta de respostas a curto ou a médio prazo,  considerados sobretudo os milhares de anos-luz que separam um planeta do outro, gera logicamente outras elucubrações. Vamos supor que o local favoreça o desenvolvimento de uma civilização com as mesmas peculiaridades. A evolução tecnológica alcançada se situaria num estágio superior ou inferior ao nosso? Adiante.

 Mantenhamos sob mira a transformação assombrosa que este nosso mundo velho de guerra experimentou nos últimos 50 anos. Avaliação do que poderia vir a acontecer, em matéria de mudanças, num ciclo evolutivo de mil ou 2 mil anos a mais, remete-nos, naturalmente, a projeções e perspectivas fantásticas. Não apenas tão fantásticas quanto a gente consiga imaginar. Mas muito mais fantásticas do que a gente jamais conseguirá imaginar.

A ciência alega não dispor ainda de elementos para proclamar a existência de vida inteligente fora do orbe terráqueo. Sob esse aspecto, os estrondosos avanços tecnológicos espaciais valeram pouco. Continuamos, praticamente, a propósito, no mesmo patamar informativo científico dos remotos momentos da censura ameaçadora que impedia a discussão aberta, transparente, do apaixonante tema. Isso, todavia, não impede que muita gente, consciente de sua cidadania cósmica, em diferentes cantos desta imensa pátria terrena, vagando solta em mares intermináveis pontilhados por sextilhões ou mais até de astros - entre eles o tal planeta que guarda similitude com o nosso -, aceite pacificamente a ideia de que não estamos sós no universo.

 

Jornalista (Cantonius1@yahoo.com.br)

Um comentário:

Anônimo disse...

Em 1986, jatos da Força Aérea foram acionados para perseguir 21 objetos luminosos que apareceram nas telas dos radares sobre São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro e que foram vistos pelos pilotos. “Era uma luz muito forte”, descreve um deles.

Prezado Jornalista, o Sr. saberia dizer mais sobre o caso citado? Sou fã dos seus artigos.

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