“Um grande mistério petrificado.”
(Jacques de Lacretelli)
De volta ao Peru. É lá mesmo que os investigadores
dos chamados fenômenos insólitos tropeçam, a cada momento, com alguns dos
enigmas mais perturbadores deste nosso planeta azul. O foco de nossas atenções
irá se concentrar agora em Machu Picchu, considerada a “oitava maravilha do
mundo”.
Estamos falando de um prodigioso complexo
arquitetônico, erguido (em priscas eras) por toda a extensão, das fraldas à
cumeeira, de um imponente maciço montanhoso da deslumbrante Cordilheira dos
Andes. Ninguém consegue explicar com
precisão quais foram os recursos técnicos utilizados nas ciclópicas
edificações. Para chegar até Machu Picchu a grande maioria dos turistas vale-se
do transporte ferroviário. Mas não deixa de ser expressivo o contingente de
pessoas, naturalmente dotadas de espírito aventureiro e bom preparo físico, que
se embrenha, todos os dias, pelas chamadas trilhas sagradas na direção da
“cidade perdida dos Incas”.
O trem que a gente pega em Cuzco serpenteia por
paisagens de lindeza estonteante. A viagem dura mais ou menos seis horas. Os
caminhantes, com seus pendores para o montanhismo, demoram de quatro a seis
dias para cobrir a jornada, extenuante, mas repleta de fascínios. Uns e outros,
carregando prazerosas emoções, que se vão acumulando na incessante contemplação
de cenários de mágica beleza, se defrontam, no final do trajeto, com um
espetáculo difícil de descrever em palavras. Machu Picchu esmaga. Extasia.
Costuma arrancar lágrimas, quando não soluços. Não há como resistir ao seu
encantamento.
Alcançamos o topo da
montanha, após haver percorrido as diversas plataformas que abrigam incríveis
muralhas e áreas presumivelmente dedicadas, em tempos imemoriais, a cultivo
agrícola. De onde nos encontramos dá pra avistar um conjunto soberbo de
montanhas, várias recobertas de neve. O olhar alcança, também, lá embaixo,
quase ao nível da gare ferroviária do sopé da montanha, um fio prateado que
avança por interminável desfiladeiro. É o célebre rio Urubamba, que nasce no
alto dos Andes, atravessa o Vale dos Reis, onde engenheiros de tempos
antiquíssimos represaram-no de forma impecável, de molde a causar espanto e
deixar maravilhados seus colegas de profissão dos tempos de agora, indo
despejar suas águas, centenas de quilômetros adiante, no Amazonas.
Do que está sendo retratado parece emanar um
convite indeclinável à genuflexão. O impacto é muito forte. A mente é tomada
por fervilhantes reflexões. As interrogações jorram. O que vem a ser, afinal de
contas, tudo isso? Quem foram os construtores desse portento de engenharia
dir-se-á sobre-humana? Quem habitou Machu Picchu? Quando? Quais – voltamos a
perguntar - os recursos tecnológicos empregados na ciclópica empreitada?
Admitamos, para argumentar apenas, sejam
procedentes as informações de alguns historiadores, que insistem em apresentar
os incas dos tempos da colonização como os construtores da cidade. Como
entender, a partir daí, que esses mesmos nativos, que somavam, de acordo com
historiadores, milhões de criaturas à época da invasão espanhola, executada por
uma legião numericamente insignificante de militares-aventureiros, se
revelassem tão despreparados militarmente para enfrentar os vorazes e
implacáveis conquistadores de suas cidades, terras e riquezas?
Foi em julho de 1911 que Hiram Bingham, apontado
nos compêndios como “descobridor” dessa maravilha arquitetônica, seguindo
roteiro traçado por peruanos conhecedores do complexo incrustado na montanha
conhecida por Machu Picchu, divulgou para o mundo, além das fronteiras daquele
país andino, a existência das colossais edificações. Nascia ali uma prodigiosa
saga, vastamente explorada pelos estudiosos de civilizações desaparecidas, que
crivaram o fabuloso achado arqueológico de interpretações as mais variadas e
imaginosas, numa disputa que se arrasta até os dias de hoje. Jacques de
Lacretelli resume a lendária história de Machu Pucchu numa frase: “Um grande
mistério petrificado.”
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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