quinta-feira, 27 de julho de 2023

As cavernas de Montalvânia

 


 

*Cesar Vanucci

 

“Um registro quase indestrutível para a posteridade.”

(J.A.Fonseca, escritor)

 

Retomo a série de artigos sobre  enigmas de nosso planeta azul, com foco neste momento num local cá mesmo das nossas Minas Gerais. Antônio Lopo Montalvão foi um obstinado. Homem de ideias arejadas. Não esmoreceu, enquanto vivo, no esforço de colocar Montalvânia, cidade da qual foi fundador, num lugar de relevo no mapa arqueológico. E, por meio disso, atraindo as atenções para as potencialidades de pesquisa científica da região, inseriu o lugar na trilha dos grandes enigmas. Situada no norte de Minas Gerais, a 18 quilômetros da divisa da Bahia e a 900 quilômetros de Belo Horizonte, Montalvânia oferece aos estudiosos de fenômenos insólitos um cenário precioso,  material de investigação do melhor conteúdo.

 

Composto de um conjunto de cavernas, com deslumbrantes figurações rupestres, o sitio vem sendo objeto, de anos para cá, de intensas pesquisas por parte de grupos arqueológicos conceituados. Quem conhece as maravilhas estampadas nas paredes das grutas parte logo para comparar Montalvânia, em grandiosidade, como centro de estudos relativos à pré-história, a Val Del Mônica, na Itália, Tasilli, na África, e Lascaux, na França. Só que tem uma coisa: Montalvânia não é de toda aberta aos olhares do público. Não dispõe de infraestrutura mínima de serviços para comportar fluxos turísticos.

 

Produzi, à época do antigo CBH, uma série de reportagens sobre Montalvânia. Ouvi depoimentos de parentes do célebre Antônio Montalvão. Exibi um filme com espetaculares imagens captadas pelo economista Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, ex-secretário de Estado e ex-presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas. Tendo desfrutado da convivência de Antônio Lopo Montalvão, ele ficou conhecendo muita coisa de suas arrojadas ações e ideias. Boa parte das imagens, a exemplo do que pode ser intuído de algumas cenas vistas nas grutas de Lagoa Santa, também em Minas Gerais, suscita interrogações intrigantes sobre o tipo de evento e de mensagem que os “artistas das cavernas” pretenderam realmente transmitir. Mentes imaginosas não encontram dificuldades em encaixar os registros, datados de milênios, na linha das especulações propostas por autores como Van Deniken, J.J.Benitez, Guy Tarade, entre outros. O que é apontado, por alguns, como um “deus” cultuado por civilização primitiva é interpretado, por outros, como o desenho de um astronauta com todos seus complexos apetrechos. Assim por diante.

 

Antônio Lopo Montalvão denominava o soberbo conjunto de cenas coloridas gravadas na rocha viva de “bíblia de pedra”. Na opinião do escritor mineiro J.A.Fonseca,  autor de uma série de livros com foco nos assim denominados temas transcendentes, “os desenhos rupestres sugerem mensagens de importantes acontecimentos de um passado longínquo, não registradas pela história humana.” O mesmo autor, num trabalho divulgado pela revista eletrônica “Via Fanzine”, editada pelo atuante jornalista e pesquisador de casos insólitos Pepe Chaves, assinala que foi tomado de pasmo, sentindo-se “garroteado intelectualmente, diante dos símbolos gravados, em grande profusão, na rocha”, ao visitar, nos idos de 1992, as cavernas, com “suas elevações calcárias”, de Montalvânia. Explica o porquê dessas sensações: é que se encontra ali concentrada “uma grande quantidade de imagens, em aparente “confusão”, algumas apresentando caracteres humanos, outras zoomorfas, símbolos e formas desconhecidos, como se alguém quisesse guardar um grande mistério, uma história de dor ou de grande apreensão, ou mesmo um manancial de conhecimentos que havia sido perdido, para que os homens de uma época futura pudessem resgatá-los, mesmo que em parte.” Fonseca resume as impressões colhidas nas numerosas cavernas numa frase: “marcas espetaculares em pedra bruta, como um registro quase indestrutível para a posteridade.”

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Nenhum comentário:

A SAGA LANDELL MOURA

O natal é dos corações fervorosos

                                                                                        Cesar Vanucci*     "Natal. Apagam-se as l...