*Cesar
Vanucci
“A fome tem pressa” (Dona
Laurita, moradora de favela, numa declaração na tevê, explicando, entre
lágrimas, que recolhe restos de comida no lixão para alimentar os filhos
menores )
As
mazelas que enodoam o panorama social brasileiro geram estatísticas arrepiantes.
Agencias da ONU (Organização das Nações Unidas) levantaram os números da
insegurança alimentar no país e no mundo, oferecendo um quadro atordoante.
Causa agonia muito grande ficar sabendo, por exemplo, que o Brasil, celeiro do
planeta, graças à sua pujante atividade agrícola, bate recordes sucessivos na
produção de alimentos, mas nada obstante 21 milhões de patrícios padecem as
agruras de severa insegurança alimentar.
Do total acima registrado a metade – assinala
a ONU – passa fome. E logo num país que extrai de terras dadivosas mais de 200
milhões de toneladas de grãos a cada safra, o que corresponde, num mero
exercício aritmético, acessível a criança de grupo, a “apenas”... Um milhão de
toneladas por habitante, minha Nossa Senhora da Abadia d Água Suja!
Tempos atrás, a situação, como se diz no dialeto
sertanejo era “um pouco mais melhor”. No período de 2014 a 2016 o índice da
população molestada pela insegurança alimentar era de 1,9 %. Saltou para 9,9 %
entre 2020 e 2022, embora o negativismo oficial proclamasse a inexistência do
drama da fome em nossa pátria.
O
problema da fome tem dimensões planetárias. Segundo a ONU, a insegurança
alimentar chega a atingir a cifra de 2,3 bilhões de seres humanos, sendo que
735 milhões enfrentam fome absoluta. São números escandalosos, revoltantes que
envergonham nossos foros civilizatórios. O mundo, a começar pelo Brasil produz
alimentos mais do que suficientes para atender às necessidades globais mesmo
com guerras, mudanças climáticas e pandemias, citadas nos informes das agencias
da ONU como possíveis causas do crescimento da fome.
O brasileiro José Graziano da Silva, diretor
Geral da FAO (Organização para
Alimentação e Agricultura), comentando o levantamento da ONU, esclareceu que a
recuperação da pandemia global foi desigual e a guerra na Ucrânia afetou o
abastecimento de alimentos. Explicou: “Este é o ‘novo normal’ em que as
mudanças climáticas, os conflitos e a instabilidade econômica estão empurrando
os que estão à margem ainda mais pra longe”.
Fruto
daninho das desigualdades sociais, a fome constatada nos diferentes continentes
coloca a nu a clamorosa incapacidade das lideranças mundiais em encontrarem as soluções
apropriadas para os problemas do dia-a-dia das multidões. Pessoas de espírito
solidário se perguntam, amiúde, contemplando as calamidades sociais à sua
volta, de que adianta todo esse esplendoroso aparato tecnológico nascido da
inventiva de cérebros bem dotados, se não for para favorecer os povoadores,
todos eles, de nosso maltratado mundo de Deus?
2) Negativismo – O Recenseamento concluído
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou a
existência de quase 100 milhões de domicílios familiares na vastidão
territorial do país. Em mais de 1 milhão das residências percorridas pelos
agentes da instituição ocorreram reações desfavoráveis, algumas até belicosas
ao fornecimento de dados. Só faltava
mais essa: negativismo censitário.
3) Maduro - Numerosos seguidores do Governo Lula têm demonstrado
desagrado com relação às palavras
simpáticas por ele utilizadas, em mais
de uma ocasião, a respeito do ditador venezuelano Maduro. Dia desses, numa
entrevista radiofônica o Presidente argumentou que a Venezuela deve ser vista
como uma democracia por realizar “muitas eleições”. Pego pelo entrevistador, numa
calça justa, como se costuma dizer, ouviu do mesmo, que o regime ditatorial de
64 também promoveu um punhado de eleições.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
Um comentário:
A fome é um acinte. Ninguém merece e nem precisa passar fome.
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