*Cesar Vanucci
“Refugiados de Guerra não são criminosos eles são vitimas de guerra." (Mohammed Haziz, jornalisra).
1) O Aeroporto de Guarulhos, SP, um dos
pontos de partidas e de chegadas mais movimentados do trafego aéreo mundial, foi
palco recentemente de uma história pungente, típica deste nosso mundo velho de
guerra tão desfalcado de solidariedade social quanto sobrecarregado de
esplendor tecnológico. Grupo composto de quase duas centenas de afegãos, entre
eles várias crianças, expulso da terra natal pelo terror talebanista, foi
largado nas dependências do terminal e entregue, por algum tempo, à própria
sorte.
Os refugiados aboletaram-se no local em
arremedos de tenda em condições bem precárias de conforto. Durante sua
permanecia, que se estendeu por mais de mês, obtiveram permissão para usar
chuveiros das instalações por apenas 3 vezes. Chegaram a ser acometidos de surto
de sarna. Foi quando o Ministério da Justiça e grupos de ativistas que já vinham
prestando alguma ajuda aos exilados tomaram a deliberação de promover ação mais
resoluta, oferecendo-lhes tratamento consentâneo com a gravidade da circunstância
adversa enfrentada.
No
município de Praia Grande, litoral paulista, uma colônia de férias foi cedida
para aloja-los temporariamente. Mas, estava escrito que sua desdita não havia
ainda cessado. Os ônibus que fizeram o traslado dos afegãos de Guarulhos até
Praia grande foram interceptados no meio da viagem, diante da recusa formal da
Prefeitura de acolhê-los. Negociações demoradas foram feitas com a
interveniência do Ministério da Justiça até serem ajustados termos
conciliatórios para a concessão do abrigo. O chocante episódio provocou, por
parte das autoridades competentes, articulações com vistas à elaboração de
planos mais eficientes na assistência às levas de refugiados que aportem nosso
território.
O
que aconteceu em Guarulhos foi, reconheçamos deprimente. Arranhou, de certo
modo, nossa decantada hospitalidade. Chamou a atenção para o contraste existente
entre o aparato tecnológico da vida moderna, representado pelo majestoso aeroporto
de uma metrópole populosa e trepidante e a incompreensível dificuldade humana
em encontrar solução simples para problemas do dia-a-dia das pessoas. A
sensação dos humanistas é de que os refugiados afegãos ficaram perdidos na
selva de concreto, como alias acontece com milhões de criaturas, em diferentes
partes do mundo, que “vivem” em “situação de rua”.
2)
Em razão do bate-papo com tinturas conspiratórias, travado, pelo celular, com o
Tenente Coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias
Bolsonaro, o Coronel Jean Lawand Júnior foi chamado a depor na Comissão Mista do Congresso
que apura os atos golpistas de 08 de janeiro. Saiu da audiência que durou
várias horas, com o apelido de Pinóquio, tal o volume de informações falsas
transmitidas. Sua atuação provocou desagrado geral, tanto da parte de
governistas, quanto de oposicionistas. O próprio Presidente da Comissão deixou
isso patente no fecho da inquirição, afirmando que chegou a pensar em dar-lhe
voz de prisão por falso testemunho. Lawand ousou declarar que sua conversa com
Mauro Cid, visou o propósito de conclamar Bolsonaro a “dar ordem” para pacificar
os ânimos e não promover um golpe de estado. O depoente conseguiu do STF
autorização para permanecer calado. Enrascou-se de tal maneira no
interrogatório que para muitos pareceu que o melhor teria sido para ele, para
sua historia pessoal permanecer mudo e quedo que nem penedo, como era de
costume dizer-se em tempos antigos.
3) Deplorando amargamente a decisão acerca
da inegibilidade de Bolsonaro, em fala pronunciada em Las Vegas no dia da
sessão do TSE, o Deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, cometeu um
ato-falho, corrigido prontamente após receber um whatsapp. Ele disse, ao
derramar-se em elogios ao ex-chefe do governo que Bolsonaro não é um “homem
normal”.
Jornalista
(catonius1@yahoo.com.br)
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