“A Agenda 30 pode resultar em fracasso”
(Presidente Lula na ONU)
Fala de Estadista.
“Foi um discurso brilhante” reconheceu o
adversário Ciro Gomes, de forma republicana, embora oferecendo críticas à
conduta política e administrativa de Lula.
O pronunciamento do presidente da república,
na abertura da Assembleia Geral da ONU, alcançou simpática ressonância na
comunidade das Nações e mídia internacional. A plateia do solene evento,
constituída de Chefes de Estado de mais de uma centena de países, aplaudiu com
incomum vibração as palavras proferidas. Para alguns observadores a
manifestação teria sido magistral, não houvesse a relutância de Lula, outra vez
mais, em admitir que a estúpida guerra da Ucrânia foi desencadeada por culpa da
invasão imperialista russa.
As clamorosas desigualdades sociais, as
agressões ambientais, as ameaças à Democracia, o flagelo da fome, foram entre
outras candentes questões, focalizadas com propriedade na alocução. Disse Lula: “ A comunidade internacional está mergulhada em um
turbilhão de crises múltiplas e simultâneas: a pandemia da Covid-19; a crise
climática; e a insegurança alimentar e energética ampliadas por crescentes
tensões geopolíticas.”
Afirma, mais adiante, o
mandatário brasileiro: “O racismo, a intolerância e a xenofobia se
alastraram, incentivadas por novas tecnologias criadas supostamente para nos
aproximar. Se tivéssemos que resumir em uma única palavra esses desafios, ela
seria desigualdade.”
Há, no importante discurso, um comentário incisivo sobre a
alardeada “Agenda 30”, instituída pelas Nações Unidas.
Argumenta o Presidente: “A mais ampla
e mais ambiciosa ação coletiva da ONU voltada para o desenvolvimento – a Agenda
30 – pode se transformar no seu maior fracasso. Estamos na metade
do período de implementação e ainda distantes das metas definidas. A maior parte
dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento.”
Prosseguindo, em tom veemente, conclama as nações a uma
retomada de consciência das graves responsabilidades afetas a todas elas.
Enfatiza:
“O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e
acabar com a fome parece estar anestesiado. Nesses sete
anos que nos restam, a redução das desigualdades dentro dos países e entre eles
deveria se tornar o objetivo-síntese da Agenda 30.
Reduzir as desigualdades dentro dos países requer incluir os
pobres nos orçamentos nacionais e fazer os ricos pagarem impostos proporcionais
ao seu patrimônio.”
Lula
expõem os propósitos do governo brasileiro: “No Brasil, estamos comprometidos a implementar
todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, de maneira integrada e
indivisível. Queremos
alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um décimo
oitavo objetivo que adotaremos voluntariamente. Lançamos o plano Brasil sem Fome, que vai reunir
uma série de iniciativas para reduzir a pobreza e a insegurança alimentar. Entre elas, está o Bolsa Família, que se tornou
referência mundial em programas de transferência de renda para famílias que
mantêm suas crianças vacinadas e na escola.”
Noutro trecho do discurso, o Presidente reitera a disposição
de trabalhar com denodo em favor de causas humanitárias alvejadas pelos
preconceitos e discriminações. Alinha itens significativos das políticas
públicas que espera poder implantar por inteiro em sua gestão.
Registra: “Inspirados na brasileira Bertha Lutz, pioneira na defesa da
igualdade de gênero na Carta da ONU, aprovamos a lei que torna obrigatória a
igualdade salarial entre mulheres e homens no exercício da mesma função. Combateremos
o feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres. Seremos
rigorosos na defesa dos direitos de grupos LGBTQI+ e pessoas com deficiência. Resgatamos a
participação social como ferramenta estratégica para a execução de políticas
públicas.”
O pronunciamento de Lula faz jus a outras considerações.
Cesar Vanucci
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