*Cesar Vanucci
“A verdade é que os maiores males são criados e arquitetados em escritórios, atapetados, refrigerados e bem iluminados por homens de colarinho branco” (C.S Lewis, romancista irlandês)
A opinião pública acompanha, com especial
interesse, torcendo para que tudo dê certo, as ações articuladas pelas
autoridades competentes no sentido de reprimir, com o rigor que se impõe as
atividades ilícitas das milícias cariocas e, por extensão, as ramificações do
crime organizado no restante do país. As informações acerca do entrosamento das
forças de segurança, inclusive com a participação de militares do Exercito,
Aeronáutica e Marinha em pontos estratégicos no combate aos grupos mafiosos que
infernizam a vida nos grandes centros foram recebidas com boa expectativa e geral
agrado. O mesmo aconteceu, igualmente, no tocante ao anuncio de que órgãos de controle
financeiro estarão contribuindo com sua experiência na linha de frente desse
saneador combate. De tais organismos aguardam-se, esperançosamente, medidas
capazes de promover o estrangulamento dos esquemas financeiros montados pelas
organizações que operam, por assim dizer, na clandestinidade.
Com efeito, acessando movimentações
financeiras e aquisições suspeitas, valendo-se de instrumentos de Inteligência,
os setores engajados na missão de desmantelar as estruturas mafiosas colherão,
sem sombra de dúvida, frutos bastante positivos.
É com dissabor muito grande que a sociedade
toma conhecimento, volta e meia, de casos estarrecedores derivados da atuação
desembaraçada, praticamente fora de controle das famigeradas milícias. Além da
liberdade que desfrutam para transformar bairros inteiros, sobretudo no Rio, em
feudos para negócios escusos, elas agora se dedicam, como revelado pela PF, a empreendimentos
imobiliários em regiões de turismo sofisticado. Assestando o radar da
fiscalização e vigilância em transações bancárias, em aquisições de peças,
máquinas, utensílios utilizados em obras suspeitas, os investigadores
conseguirão, por certo, chegar às derradeiras consequências no combate eficaz
ao crime organizado. A eliminação dos quadros efetivos da policia carioca dos
elementos comprometidos com as milícias é providência sumária indispensável dentro
do conjunto das ações arquitetadas pelo Governo Federal e pelo Governo do Rio
de Janeiro. Tudo que se anunciou está sendo visto como resposta oficial
vigorosa ao crime organizado.
2)
Inventário de bens expropriados - Com essa, falar verdade, ninguém contava. O CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) acha-se empenhado neste momento em inimaginável
inventário. Interessa-se por saber do paradeiro de bens tomados em arresto, por
decisões judiciais, no curso da assim chamada operação Lava Jato. Está ocorrendo,
ao que tudo indica, alguma dificuldade em
precisar qual o destino dado a ativos de grande valor pecuniário expropriados
de graúdos emaranhados nas teias da corrupção. Segundo consta, fazem parte dos
bens arrolados nas diligências em andamento, veículos de luxo, embarcações,
obras de arte. Chegou a ser divulgado, ainda outro dia, que algumas pinturas e
esculturas tinham sido doadas a museus de arte. Existe certa preocupação de que
muitos itens estejam ainda sob guarda de órgãos públicos à espera de leilão ou
providencia assemelhada. A questão foi trazida a lume na semana passada,
havendo quem recordasse um episódio cabuloso, de muitos anos atrás, registrado na
muy leal e heroica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Dois veículos de
luxo desapropriados foram localizados na garagem do magistrado que conduzia o
feito judicial. Um piano estava na casa do vizinho do juiz.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário