*Cesar Vanucci
“O clima está mudando mais rápido do que as ações para
lidar com a questão.”
(Barack Obama)
Tempos atrás, as estações do ano tinham data certa pra começar e data
certa pra acabar. Aqui por estes nossos pagos, a tradicional “folhinha mariana”
cuidava de fornecer ao distinto público informações valiosas sobre as
rotineiras variações meteorológicas. Verão era verão, primavera era primavera,
outono era outono e inverno era inverno. Dizia-se, naquela época, a propósito das
elevações de temperatura, que o calor era de “fritar mamona”. Os jornais
apreciavam dizer “calor senegalesco”, “calor infernal”, “calor de rachar”, por
ai afora...
Com os termômetros atingindo escalas nunca dantes percebidas neste nosso
planeta repleto de inexplicabilidades, outras formas comparativas de se
registrar o fenômeno atmosférico andam pintando no pedaço: “calor de maçarico”;
“calor de Saara sem Oasis”; “calor de fornalha siderúrgica”, assim vai. Parece-nos mais apropriada, pelo
toque regionalista, uma classificação ouvida dia desses: “Calor de Araçuaí,
somado com ao calor de Ituiutaba, mais o calor de Muriaé” .
Todos vemos, com apreensões, o coreto climático bagunçar. Nos dias que
correm, recordes preocupantes estão sendo batidos em tudo quanto é parte do
mundo. Por conta de dias hipercalorentos a sensação térmica chega até 60 graus
em inúmeras regiões. Muita gente adoece e sucumbe por causa disso. A ciência
alerta: Quando a temperatura ambiente ultrapassa
a capacidade de resfriamento do corpo, os mecanismos naturais, como a
transpiração, podem não ser suficientes. Isso pode levar a riscos de
desidratação, insolação e até mesmo a falhas nos órgãos, especialmente em
pessoas vulneráveis, como idosos e crianças, mais suscetíveis aos efeitos
adversos do calor.
O ano de 2023 foi o mais quente da história. O ano de
2024 poderá suplanta-lo sob esse perturbador aspecto. Os entendidos em questões
climáticas explicam que, embora o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico,
tenha influencia na situação em foco, o calor extremo é resultado das contínuas
emissões de gases de efeito estufa. Ou seja, o adelgaçamento das camadas de
ozônio que protegem a terra dos raios solares.
O calor escaldante que tanto nos
molesta, por mais despropositada e paradoxal que seja a afirmativa, é a ponta
do Iceberg. De um medonho Iceberg com poder destrutivo inimaginável.
As tempestades catastróficas, as inundações,
os maremotos com presságios de tsunamis, os terremotos, os ventos uivantes com
velocidade demolidora, os vulcões com suas ameaçadoras lavas incandescentes, as
estiagens prolongadas e as queimadas devastadoras: tudo isso, implicando em
riscos à sobrevivência humana, dão forma cataclísmica à ameaça do aquecimento
global. As súbitas nevascas que açoitam tantos rincões, assinalando
temperaturas extremas jamais registradas, é outra face alarmante do efeito
estufa. E o que não dizer da temida perspectiva de derretimento das calotas
polares? Algumas informações atualizadas dão conta de que os termômetros acusaram
aumento de 4 graus em alguns trechos do Ártico. O chamado degelo pode provocar
a elevação do nível dos oceanos com consequências apavorantes, como é de se
imaginar.
Os vaticínios dos cientistas apontam
para um cenário apocalíptico. O bicho-homem, com sua prepotência e arrogância,
com seu imediatismo ganancioso, com atitudes equivocadas e desastrosas, imprevidência,
negligencia, insuficiência gestora, omissões perversas, instinto beligerante, o
bicho-homem – repita-se, comporta-se como se toda a abundante sinalização da hecatombe
anunciada não lhe dissesse respeito. Faz questão de pagar pra ver.
Como a esperança é a ultima que
morre, as criaturas de boa vontade se agarram à expectativa de que no tempo que
resta para um redirecionamento das coisas possam surgir lideranças providas de
ideias capazes de reverterem o quadro caótico acenado.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
2 comentários:
Caro amigo, Vanucci, é com imenso pesar que ouso adicionar este breve e odioso comentário.
Em minha estreita e particular visão, por certo minoritária e quase única, julgar que nós, os terráqueos humanos, temos força para controlar os movimentos de correntes marítimas, erupções vulcânicas, ventanias e furacões, e também intervir na alternância de ciclos naturais de variação de temperatura do imenso (para nossa insignificância relativa) planeta Terra, só pode ser exagerada fé em nós mesmos.
Pelo bom senso, injustificável.
Abraços, Guilherme Roscoe
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