*Cesar vanucci
“De onde, Deus do
céu, poderá ter saído essa combinação implausível de religiosidade com ódio” (Ministro
Luis Roberto Barroso, Presidente do Supremo)
Como
se costuma dizer no linguajar de rua, coisas muito estranhas continuam pintando
incessantemente no pedaço. Coisas, extravagantes, desconcertantes, arrancando ar
de espanto no semblante das pessoas de bem com a vida, que não ocultam sua
preocupação com tanto ato agressivo de tonalidade surreal. O noticiário nossa
de cada dia traz mais estas frisantes amostras.
1)
“Em nome de Deus” – O Ministro Luís
Roberto Barroso, Presidente do STF, discursou – com o brilhantismo que lhe é
peculiar – por duas vezes no evento intitulado “Democracia Inabalada”, na Corte
e no Congresso. Em ambas descreveu atordoante cena. Cá está: “De tudo o que vi
e ouvi, um fato me causou especial abalo. Um policial judicial do Supremo me
descreveu que, após marretadas na parede e arremesso de móveis e de objetos,
muitos dos invasores se ajoelhavam no chão e rezavam fervorosamente. De onde,
Deus do céu, poderá ter saído essa combinação implausível de religiosidade com
ódio, violência e desrespeito ao próximo? Que desencontro espiritual pode ser
esse que não é capaz de mínima distinção entre o bem e o mal, entre o estado de
natureza e a civilização? Que tipo de inspiração terá empurrado essas pessoas
numa ribanceira moral?”
2)
Residências Parlamentares – A mesa
diretora da Câmara do Deputados estabeleceu prazo, melhor dizendo, ampliou
prazo anteriormente estipulado, para a desocupação de moradias destinadas a exercentes
de mandato parlamentar. Mas qual a razão da medida? Indagará, curioso, o distinto
leitor. Simples (e chocante) assim: muitos dos chamados “apartamentos
funcionais” estão sendo habitados por políticos que não mais possuem mandato
eletivo. As más línguas andam dizendo em Brasília que o bando de invasores das
unidades residenciais cogita formar um bloco no carnaval que se avizinha,
usando como refrão famosa marchinha momesca: “daqui não saio, daqui ninguém me
tira”.
3)
Taxa da Milícia – Esta aconteceu no Rio de Janeiro das
“absurdidades factíveis”. O Prefeito Eduardo Paes publicou em sua conta na rede
social um desesperado apelo ao Ministro da Justiça substituto, Ricardo Cappeli
e à Policia Federal para que desfechem operação contra audaciosos milicianos
cariocas que estão a exigir “taxa de licenciamento” com relação a obras de
interesse público. Os marginais “fixaram” somas avultadas dos empreiteiros para
“permitirem” o andamento das construções. Chamou a atenção o fato de o SOS ter
sido dirigido ao sistema de Segurança Federal e não ao sistema Estadual, o que está sendo apontado
por observadores como demonstração da desconfiança
que o trabalho das policias cariocas suscita nas diferentes esferas dos Poderes
Constituídos. “Vamos sair pra cima desses bandidos!” – Respondeu Cappeli.
4) PL e PT juntos
– no tribunal eleitoral do Paraná corre um processo ajuizado pelo PL (Partido
Liberal), com apoio (impensável em qualquer outra circunstancia) do PT (Partido
dos Trabalhadores). O Senador Sergio Moro é acusado no processo em tela de
haver utilizado indevidamente recursos provenientes do Fundo Eleitoral. A
história adquire caráter mais bizarro quando se tem em vista que o PL é a
agremiação partidária do ex-presidente Jair Bolsonaro. Do qual se presume seja
Moro um aliado. Todo mundo se recorda da prestimosa assessoria que o ex-juiz
prestou, nos debates da televisão, a Bolsonaro, na campanha pela reeleição. Seja
relembrado também que o Senador deixou seu cargo na magistratura Federal para
ser Ministro da justiça, desligando-se da função com contundentes críticas ao Governo.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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