segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Deu a louca...

 



                                       *Cesar Vanucci

       “É loucura, mas há um método.” (William Shakespeare)

 

Meu saudoso pai Antônio, no carinho dos amigos conhecido por Tonão, costumava dizer, num tom repartido entre o sério e o brincalhão, algo muito curioso. Segundo ele, com o advento da era nuclear, os cientistas largaram na atmosfera, por descuido, fragmentos de estrôncio, agente químico capaz, quando absorvido por algum vivente, de compeli-lo a praticar coisas impensáveis, em desconformidade com os padrões convencionais de comportamento. Sei não! O que posso garantir, com absoluta certeza, é que o noticiário nosso de cada dia anda lembrando pé de jabuticaba de Sabará em “época de apanha”, tão carregado que está de histórias desconcertantes. São atos perturbadores, amalucados revestidos de estridente surrealismo. Cá estão, na sequencia, amostras bem elucidativas.

·        O anarcocapitalista Javier Milei, Presidente argentino que se comunica telepaticamente, em mesa mediúnica, com “Rex”, seu finado cão de estimação, tomou a deliberação, talvez aconselhado pelo mesmo, de encaminhar ao Congresso um pacotaço de medidas que acabou provocando o maior e mais azucrinante panelaço já ouvido em plagas portenhas. Entre os 350 itens levantados, alguns são tão mirabolantes que podem acabar virando enredo para novas versões de “A pantera cor-de-rosa”. O escambo como remuneração de assalariados figura na lista. Noutras palavras: o empregado pode no final do mês receber seus vencimentos em qualquer tipo de moeda, com parte em mercadoria, como rolos de papel higiênico, absorvente intimo, galinha depenada pronta para assar e por aí vai. Outra dele: empresas chinesas que se instalem no país ficarão isenta de impostos. Antes ele dizia que iria romper relações com Pequim.

·        O chefe da Polícia Civil de Brasília foi recolhido à Papuda. Motivo: rejeitado pela antiga companheira, criou um serviço especial de campana para acompanhar todos os seus passos, com equipes de subordinados se revezando no trabalho. Não satisfeito incluiu o telefone da moça numa lista de aparelhos grampeados por ordem judicial.

·        Perto dali, numa cidade do interior goiano o prefeito local inconformado com a separação lançou sua possante caminhonete, em plena madrugada, contra a porta de entrada da residência da “mulher amada” e seu novo parceiro, descarregando todos os cartuchos de sua arma automática. Ninguém ficou ferido. Na oitiva o agressor disse que queria apenas “assustar os pombinhos”...

·        Em Resende, estado do Rio, dizendo-se revoltada com o tratamento dispensado a sua irmã no posto de saúde, uma mulher raivosa arremessou o veículo que dirigia contra o prédio derrubando paredes até a recepção.   

·        Bem razoáveis no entender de quem sabe das coisas econômicas, os resultados econômicos de 2023, com a Bolsa batendo recorde e desemprego em queda, foram surpreendentemente, criticadas por quem menos se esperava. O diretório do PT, partido do Governo Lula, o autor da façanha. O Ministro Fernando Haddad foi “acusado” de “austericídio”...

·        Na Câmara Municipal de São Paulo, vereador das fileiras bolsonaristas propôs a formação de uma CPI para investigar atuação do Padre Júlio Lancelot. O sacerdote em questão é uma das figuras mais admiradas do Brasil no campo da solidariedade, graças ao trabalho incansável que promove em favor dos excluídos sociais.

·        Parlamentar da oposição conseguiu introduzir na lei de diretrizes orçamentárias (LDO) um dispositivo “proibindo” que dotações na área da saúde sejam aplicadas em intervenções cirúrgicas infantis relativas à troca de identidade sexual. A maquiavélica pegadinha é bem explicita: não se enquadrando, jurídica e protocolarmente, no plano orçamentário o item será fatalmente vetado. Nas redes sociais fake news dirão depois   que o governo é “favorável” a operações pecaminosas envolvendo crianças.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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