*Cesar Vanucci
“O
consenso sobre a guerra está se desgastando rapidamente.”
(Reuven
Hazan, cientista político da Universidade Hebraica, de Jerusalém)
O
radicalismo extremado de Benjamin Netanyahu, Primeiro Ministro do Estado de
Israel, conseguiu a impensável façanha de provocar manifestação crítica uníssona
de incondicionais aliados à sua maneira arrogante de conduzir a crise política e
militar no Oriente Médio.
Antes, ele já se recusava, obstinadamente, a
acolher os apelos, provindos de todas as partes, por um cessar fogo humanitário.
Fez questão fechada de ignorar os clamores de organismos internacionais como
ONU, OMS, Cruz Vermelha, Médicos sem Fronteiras, sobre os rumos apavorantes que
o conflito estava assumindo. Conflito esse desencadeado por atentado no
território israelita cometido pela organização terrorista Hamas, objeto de condenação
generalizada pela comunidade das nações. A justificável contraofensiva foi
fulminante, sem toda via, alcançar até aqui os resultados almejados entre os
quais avulta prioritariamente a libertação na totalidade dos indefesos reféns.
Acontece que as ações bélicas alvejaram impiedosamente os habitantes do densamente
povoado território de Gaza. Uma gente bastante maltratada por dramáticas contingências
de vida, e que na maioria nenhuma
participação teve na nefanda sortida terrorista.
Dificuldades
intransponíveis vêm se antepondo ao desejo alargado da ONU e centenas de países
em se estabelecer uma trégua nessa guerra cruel, de modo a que o sofrimento das
pessoas não diretamente envolvidas na, sanguinolenta refrega, seja atenuado. As
vítimas fatais, crianças na maioria, já ultrapassaram a casa dos 20 mil, o
numero de feridos alcança cifras alarmantes. Milhões de pessoas sem teto, sem
lugar seguro pra ficar, carecem desesperadamente de assistência médica e de
meios mínimos de subsistência, as pressões internacionais, reforçadas agora por
parcelas significativas da própria comunidade israelita, esbarram na inflexibilidade
do Primeiro Ministro, que insiste na tese de não deter a marcha bélica até que
todos os terroristas sejam eliminados. É o radicalismo enfrentando o
radicalismo.
Em
seu posicionamento, que preocupa visivelmente as nações amigas, Netanyahu já
chegou ao extremo exagero de afirmar que seu país não aceita, definitivamente,
a criação do Estado da Palestina, previsto em resolução da ONU aprovado no
distante ano de 1948. Seja mencionada, como outra demonstração radical, uma
declaração enfática atribuída a um integrante do Ministério israelita, de que não
existem inocentes em Gaza e que a melhor maneira de se resolver a questão é
lançar uma bomba atômica no território. Para alguns observadores, a declaração foi
interpretada como revelação de que Israel, como se suspeita, possua armamento
nuclear em seu arsenal.
Muito
dolorosa essa conjuntura vivida numa região tão rica em simbologia humana e
espiritual. Uma região reconhecida como sendo o espaço territorial mais sagrado
do planeta por três influentes correntes ideológicas que representam parte
colossal do sentimento religioso da humanidade.
Prestes a completar 4 meses, esta guerra sem
quartel ensanguenta e tenciona o Oriente Médio e enche de comoção o planeta inteiro. Não há
como vislumbrar no horizonte, em tempo próximo, - desairosamente para a nossa
evolução civilizatória - perspectiva de uma paz, se quer temporária, que
permita conversações e procedimentos humanitários e que assegure socorro mínimo
às multidões desamparadas de Gaza, incluídos aí os cidadãos capturados pelos
comandos terroristas.
Que
Deus ilumine as mentes e corações das lideranças mundiais e dos “senhores da
guerra” no sentido de que se desvencilhem das trevas do ódio sectário e mergulhem
resolutos, em claridade que favoreça a construção do diálogo e, adiante, de uma
paz duradoura.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
Um comentário:
A memória é fugidia! Ninguém se lembra mais dos atentados em série sofridos pelo povo israelita.
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