*Cesar Vanucci
“Um
lar com meus pais na lida, muita criança e harmonia. E, toda manhã, a vida, com
esperança renascia.” (Relva do Egypto Rezende da Silveira).
Relva
do Egypto Rezende da Silveira é amiga querida de muitos anos. Nossa fraternal
convivência foi cimentada na encantadora Uberaba, onde desfrutei da satisfação
de tê-la como aluna na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de
Aquino, instituída pelas infatigáveis irmãs Dominicanas. Relva fez parte da
primeira turma do primeiro curso universitário de jornalismo estruturado em
Minas Gerais. Tocava-me ali a responsabilidade de ministrar aulas nas cadeiras
de “Técnica em redação” e “Publicidade”. Vi, a partir daquela época, Relva
crescer em seus pendores literários e em suas potencialidades humanísticas.
Fácil vaticinar que ela acabaria se tornando poetisa de reconhecidos méritos na
vida intelectual mineira, bem como, cidadã provida de apreciáveis dons, mãe de
família exemplar, guardiã serena em seu âmbito de atuação comunitária, de
saberes, conhecimentos e lições de vida que conferem dignidade a aventura
humana.
Em
seu primoroso livro “Pedrinópolis – um canto no tempo”, recentemente lançado em
Belo Horizonte e Pedrinópilis, em concorridas noites de autógrafos, a poeta,
prosadora, historiadora, antropóloga e socióloga – tudo isso aflorado de uma
única vez no caprichado texto – Relva do Egypto adota o sugestivo estilo
romanceiro. O estilo revela entonação rara e impulso poético desbordante. Não é comum, entre militantes do fascinante
oficio das letras alcançar o grau de sensibilidade lírica detectado no
trabalho. No livro, Relva nos propõe, com entusiasmo, imersão a lugares
repletos de calor humano, daquele
acolhedor rincão de um canto de nossos espaços gerais.
Afinal,
“Minas são muitas”, disse aquele que é considerado um dos maiores escritores de
todos os tempos, por ter sabido traduzir, como ninguém, a alma do mineiro, seu
jeito de ser e viver e, claro, seu sertão e suas veredas: João Guimarães
Rosa. O médico, oficial da policia
militar de Minas e diplomata, em suas andanças, por certo, bordejou as bandas
de Pedrinópolis. Empenhado em descobertas territoriais e relatos de coisas que
projetam de forma pujante o que chamamos de mineiridade, Rosa teria, de acordo
com a febricitante investigação de Relva do Egypto, enaltecido aquele pedaço de
chão das Gerais.
Retomando
a narrativa de Relva, depois de percorrer todos os recantos por ela descritos e
de ficar conhecendo personagens marcantes que fazem parte do enredo histórico
de Pedrinópolis, entre eles seus ancestrais ilustres, uma bisavó índia de
majestática presença, resta-me indicar, com ênfase e alumbramento a leitura de
tão fascinante obra, narrada em versos e capitulada por temas. O caro leitor
irá perceber tratar-se de viagem literária fluída, cadenciada, que retrata de
forma envolvente uma cidade interiorana em seus aspectos políticos, religiosos,
comerciais, mundanos, no culto de suas tradições e em seus anseios de
progresso.
Relva
convida-nos a conhecer Pedrinópolis. Passa-nos a certeza de que nos
encantaremos com o que será visto.
Resumo
da historia: de Canto a Canto, Relva do Egypto, com arte requintada, inspiração
lírica acentuada, memória aguçada, compõem um Cântico enternecido de amor à sua
querida Pedrinópolis. Tratar de ler o livro e dar uma chegadinha a Pedrinópolis,
fica aí a sugestão.
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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