terça-feira, 5 de março de 2024

UM CÂNTICO DE AMOR A PEDRINÓPOLIS

 

                                                                                      *Cesar Vanucci

 

“Um lar com meus pais na lida, muita criança e harmonia. E, toda manhã, a vida, com esperança renascia.” (Relva do Egypto Rezende da Silveira).

 

Relva do Egypto Rezende da Silveira é amiga querida de muitos anos. Nossa fraternal convivência foi cimentada na encantadora Uberaba, onde desfrutei da satisfação de tê-la como aluna na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino, instituída pelas infatigáveis irmãs Dominicanas. Relva fez parte da primeira turma do primeiro curso universitário de jornalismo estruturado em Minas Gerais. Tocava-me ali a responsabilidade de ministrar aulas nas cadeiras de “Técnica em redação” e “Publicidade”. Vi, a partir daquela época, Relva crescer em seus pendores literários e em suas potencialidades humanísticas. Fácil vaticinar que ela acabaria se tornando poetisa de reconhecidos méritos na vida intelectual mineira, bem como, cidadã provida de apreciáveis dons, mãe de família exemplar, guardiã serena em seu âmbito de atuação comunitária, de saberes, conhecimentos e lições de vida que conferem dignidade a aventura humana.

Em seu primoroso livro “Pedrinópolis – um canto no tempo”, recentemente lançado em Belo Horizonte e Pedrinópilis, em concorridas noites de autógrafos, a poeta, prosadora, historiadora, antropóloga e socióloga – tudo isso aflorado de uma única vez no caprichado texto – Relva do Egypto adota o sugestivo estilo romanceiro. O estilo revela entonação rara e impulso poético desbordante.  Não é comum, entre militantes do fascinante oficio das letras alcançar o grau de sensibilidade lírica detectado no trabalho. No livro, Relva nos propõe, com entusiasmo, imersão a lugares repletos de calor humano,  daquele acolhedor rincão de um canto de nossos espaços gerais.

Afinal, “Minas são muitas”, disse aquele que é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos, por ter sabido traduzir, como ninguém, a alma do mineiro, seu jeito de ser e viver e, claro, seu sertão e suas veredas: João Guimarães Rosa.  O médico, oficial da policia militar de Minas e diplomata, em suas andanças, por certo, bordejou as bandas de Pedrinópolis. Empenhado em descobertas territoriais e relatos de coisas que projetam de forma pujante o que chamamos de mineiridade, Rosa teria, de acordo com a febricitante investigação de Relva do Egypto, enaltecido aquele pedaço de chão das Gerais.

Retomando a narrativa de Relva, depois de percorrer todos os recantos por ela descritos e de ficar conhecendo personagens marcantes que fazem parte do enredo histórico de Pedrinópolis, entre eles seus ancestrais ilustres, uma bisavó índia de majestática presença, resta-me indicar, com ênfase e alumbramento a leitura de tão fascinante obra, narrada em versos e capitulada por temas. O caro leitor irá perceber tratar-se de viagem literária fluída, cadenciada, que retrata de forma envolvente uma cidade interiorana em seus aspectos políticos, religiosos, comerciais, mundanos, no culto de suas tradições e em seus anseios de progresso.

Relva convida-nos a conhecer Pedrinópolis. Passa-nos a certeza de que nos encantaremos com o que será visto.

Resumo da historia: de Canto a Canto, Relva do Egypto, com arte requintada, inspiração lírica acentuada, memória aguçada, compõem um Cântico enternecido de amor à sua querida Pedrinópolis. Tratar de ler o livro e dar uma chegadinha a Pedrinópolis, fica aí a sugestão.

 

 

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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