*Cesar Vanucci
“Há
séculos a Natureza vem sendo transformada em dinheiro. Chegou a hora de o
dinheiro restaurar a Natureza.” (Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente).
Os tempos das calamidades climáticas constantes
são chegados. O que não tem faltado é anuncio prévio acerca da desassossegante
possibilidade. A Natureza tem dado recados abundantes. A ciência não para de
alertar sobre o que está por acontecer e já está, até mesmo, acontecendo.
A tragédia humanitária que se abateu sobre a
Província do Rio Grande do Sul é amostra impactante do “novo normal climático”.
No curto espaço de sete meses os Pampas Gaúchos foram impiedosamente alvejados.
No verdadeiro cenário de guerra que se instalou em quase todas as cidades e
zona rural, milhões de pessoas foram atingidas. As tempestades trouxeram
inundações, deixando cidades inteiras submersas e isoladas por causa da
destruição de estradas e pontes. Propriedades e lavouras foram arrasadas. O
sistema de serviços essenciais ficou seriamente comprometido. Centenas de
preciosas vidas foram perdidas. O numero de desabrigados alcançou cifras elevadíssimas.
Uma calamidade jamais registrada naquelas paragens.
Encarar catástrofes desse gênero com desdém e indiferença,
pior ainda, com mórbido negacionismo significa fuga irracional da realidade. O
negacionismo insolente é filho dileto do fanatismo ideológico. Fomenta teorias
conspiratórias que desservem a causa da evolução humana.
São múltiplos e muitas vezes imprevisíveis os
desafios a serem enfrentados, daqui pra frente, pela sociedade nesta fase
tormentosa de convulsão dos elementos naturais, provocadas pela insensatez e
ganância dos povoadores deste belo e mal tratado planeta. Antes de nos
ocuparmos de alguns aspectos relevantes da ameaçadora situação vivida pelo
mundo contemporâneo, em função do aquecimento global, cumpre ressaltar um lance
altamente significativo, rico em humanismo, observado em meio a volumosa carga
desditosa da brusca alteração ambiental. O Brasil solidário acha-se muito bem
representado nos dolorosos acontecimentos. Os Poderes públicos nas esferas
Federal e Estaduais, Forças Armadas e policiais, bombeiros, órgãos de prestação
de serviços comunitários, voluntários, gente do povo, movidos pelo saudável propósito
da ajuda incondicional, estão proporcionando estupenda demonstração dos frutos
positivos que podem ser colhidos de uma poderosa conjugação de vontades focadas
no bem comum. Coisas assim fazem renascer a esperança em momentos melhores.
Amenizam o sofrimento e a dor das vítimas.
É preciso atentar para os sinais. Deu para
perceber, nos dias que antecederam a tragédia no Sul, que a informação básica
de que um fenômeno climático se avizinhava chegou ao conhecimento do público em
tempo razoável. Zelar para o aprimoramento deste esquema é fundamental. A criação
de estratégias de prevenção que contemplem obras vitais nas chamadas áreas de
risco é outra medida a ser adotada. O fortalecimento da Defesa Civil com recursos
tecnológicos avançados e continuo treinamento de seus integrantes para prevenir
e acudir as emergências nos desastres naturais também faz parte do conjunto de providências
a serem implementadas.
Atentar para os sinais é preciso. O indigesto
“cardápio” dos cataclismas nascidos do adelgaçamento da camada de ozônio que
circunda o globo terrestre abrange inesperados furacões, erupções vulcânicas,
terremotos, secas climáticas, tsunamis e mais um colosso de coisas
assustadoras. As lideranças mundiais não podem declinar do dever imperioso de definir
ações inteligentes e vigorosas em defesa da coletividade. Pode estar em jogo,
nessa historia do aquecimento global destes nossos tempos confusos, a própria
sobrevivência da espécie humana.
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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