*Cesar
Vanucci
“A
justiça provou que todos são iguais perante a lei” (presidente, Joe Biden)
Na
era dourada de Hollywood aficionados da chamada 7ª arte foram brindados por
produções que deixaram registro inesquecível na memória. Caso sem tirar nem pôr
do celebre “12 homens e uma sentença” que acabou rendendo premiações em suas
duas versões. A primeira delas, em 1957, dirigida por Sidney Lumet, com Henry
Fonda à frente do elenco. Jack Lammon,
sob a direção de William Friedkin liderou outro elenco na versão de 97. O enredo
desenrola-se numa sala onde 12 cidadãos, avaliam um caso criminal, com a
incumbência de decidir o destino do réu. A câmera e os diálogos exploram
admiravelmente as reações comportamentais.
Deve
ter acontecido com um mundão de gente o que ocorreu com este desajeitado
escriba ao acompanhar os lances da cobertura televisionada referente ao
julgamento de Donald Trump, formalmente acusado pela justiça de seu país por 34
crimes. As cenas do filme ricochetearam fortemente na lembrança.
Os infatigáveis repórteres liberavam
informações a curtos intervalos, sobre o que se passava no tribunal. Faziam
especulações acerca do que estaria rolando na inacessível sala onde 7 homens e 5
mulheres definiam a sorte do ex-presidente. Olhos grudados nas imagens do receptor,
os telespectadores seguíamos as narrativas, dando largas à imaginação quanto ao
que deveriam estar fazendo, naqueles momentos os 12 jurados. Perguntávamos a
nós mesmos qual seria o placar do veredicto. Sabedores de que a decisão para ser
legitimada teria que obedecer a unanimidade em cada item acusatório,
arriscávamos palpites sobre o resultado final. Em dado momento, um jornalista
antecipou que pelo menos em uma das acusações Trump já havia sido condenado.
Mas
o resultado, surpreendendo o réu só chegou horas depois. Em decisão histórica,
inédita na vida americana, Donald Trump foi condenado em todas as 34 situações declinadas
no libelo acusatório.
Ao
deixar o tribunal, em tom colérico, Donald Trump, disparou uma metralhadora
giratória de impropérios contra o presidente Joe Biden, (chamado-o de burro), o
juiz, o promotor e o júri afirmando que todos participaram de um complô
tenebroso para afasta-lo do poder. Em seu destempero verbal, não poupou nem
mesmo, descabidamente, os imigrantes, dizendo que “são todos bandidos”. Recebeu,
por incrível que pareça a solidariedade de governantes autocratas, como Putin e
Viktor Orbán, além
de anêmicos “covers” espalhados pelo mundo.
Correndo o risco de ser
preso Trump vai responder ainda a novos processos, envolvendo acusações muito
mais graves entre elas atentado contra a democracia pela a invasão do Capitólio.
A legislação estadunidense
não impede que um condenado exerça a presidência, mas, convenhamos, como será
possível a maior democracia do mundo confiar a alguém com um prontuário desses
a responsabilidade de gerir os negócios do país e de influir, com o poder de
apertar botões fatídicos, nos destinos de toda a humanidade?
Curiosidade, no filme o réu
é inocentado...
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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