quinta-feira, 18 de julho de 2024

Uma impávida guerreira

                                     

      *Cesar Vanucci

“Uma dessas mulheres que mudam, para melhor, a história.”  

 (Justificativa da homenagem prestada a Diva Moreira )

 


Confesso-me, com satisfação, amigo e admirador de longa data da cientista política Diva Moreira. Faço parte da legião de pessoas que com arrebatado entusiasmo, aplaudiram a iniciativa do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos MG de dar seu nome a um Diploma memorialístico de exaltação democrática. A concessão do “Diploma Diva Moreira”, contemplando, num primeiro momento 30 cidadãos de diversificadas categorias sociais e profissionais, encerra o propósito de homenagear mineiros alvejados, em seus direitos fundamentais, por perseguições e arbitrariedades cometidas durante o regime instaurado em 64.

O Conselho qualificou os agraciados como exemplos inspiradores na defesa dos ideais democráticos, batalhadores em prol de uma sociedade justa e fraterna onde caibam todos os conceitos de vida.  

 Além de dar nome à comenda, Diva Moreira recebeu também a láurea numa solenidade bastante concorrida e representativa, que lotou as dependências da “Casa Afonso Pena”, sede da Faculdade de Direito da UFMG. Ovacionada à hora da entrega, quando proferiu magistral discurso, essa impávida guerreira, valorosa mineira de Bocaiúva, compartilhou a homenagem com a ex-Presidente Dilma Rousseff (representada no evento), o ex-ministro Nilmário Miranda, Clodsmidt Riani e Helena Greco, já falecidos, além de 25 outras personalidades vítimas da violência do Estado, nos “anos de chumbo”, entre 1964 e 1985. 

Diva, intelectual negra, notabiliza-se como ativista social em numerosas frentes. Lidera movimentos antirracistas, estando engajada há várias décadas em ações voltadas para reforma sanitária, na luta antimanicomial e pelo aprimoramento do sistema democrático. A defesa da mulher é uma das bandeiras que abraça com fervor. É fundadora da “Casa Dandara”, centro de educação e cultura voltado para a população negra. É dessas mulheres que mudam a história para melhor, conforme dito na justificativa referente à escolha de seu nome como patrona da honraria.

O ato cívico e cultural, realizado no dia 20 de junho, de acordo com seus promotores, serviu para trazer para o debate público, no transcurso dos 60 anos do golpe civil-militar, a relevância da memória histórica, da verdade e da justiça, pilares indispensáveis no processo de construção de uma Nação verdadeiramente independente, soberana e democrática.




Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)


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