terça-feira, 10 de setembro de 2024

Um autêntico humanista

 



*Cesar Vanucci

Colaborar é muito mais inteligente que competir.

(Maurício Roscoe, no livro “A Evolução Humana”)

 

As fileiras dos homens de bem, imprescindíveis no processo da construção humana, viram-se desfalcadas com a saída de cena de Maurício Roscoe. Ele partiu primeiro, como no dito lírico de Camões, em meio a imenso pesar dos parentes e da legião de amigos que em seus gestos cativantes e posicionamentos de vida sempre o identificaram como personagem de incomum sabedoria e sensibilidade social.

Chefe de família exemplar, engenheiro respeitado, empresário vitorioso, líder classista de ideias arejadas, deixou bem visíveis, em todas as áreas de sua febricitante atuação, marcas vigorosas de conduta ética e profissional irrepreensível. A empresa que criou e conduziu por muitos anos,

M. ROSCOE, dedicada ao setor da construção civil, tornou-se símbolo de empreendimentos relevantes na paisagem industrial e arquitetônica.

Maurício foi vice-presidente da Federação das Indústrias MG, presidiu o Sindicato da Construção Civil, Câmara Brasileira da Indústria da Construção e União Brasileira da Qualidade. Fez parte dos conselhos da Fundação Cristiano Otoni - Escola de Engenharia UFMG, Sociedade Mineira de Engenheiros, SENAI, PUC-MG e Fundação Dom Cabral, mostrando-se criativo e operoso em todas as funções ocupadas.

Puxando pela memória, lembramo-nos de um momento especial em nossa fraternal convivência. Foi quando, na gestão do saudoso José Alencar Gomes da Silva na FIEMG, o SESI Minas concebeu e lançou a famosa “Ação Global”, que contou com a preciosa parceria da Rede Globo, levada a todos os Estados da Federação. Maurício Roscoe fez questão de procurar a coordenação da “Ação Global” para falar de seu entusiasmo e oferecer seus préstimos.

Tivéssemos que resumir numa única frase a personalidade do homem de bem que nos deixou, diríamos assim: Um autêntico humanista! É o que está exuberantemente demonstrado nos livros que escreveu onde semeou fecundas ideias. Cuidemos de ouvi-lo: “ Colaborar é muito mais inteligente que competir. / O uso descontrolado de recursos naturais, a obsessão pelo crescimento a qualquer custo, a inquietude, a fome, a falta de acesso à saúde e à educação, não podem mais ser considerados normais./ Se buscarmos a causa raiz de todos esses problemas, veremos que tudo se resume à perspectiva fragmentada que as pessoas têm do mundo que nos rodeia./ Vivemos em uma sociedade em que cada pessoa e cada grupo procura atingir os seus objetivos e interesses, sem uma visão do todo ou uma estratégia de longo prazo sustentável./Em uma sociedade não evoluída, cada cego defenderia a sua opinião veementemente e eles, provavelmente, nunca chegariam a um consenso”

A respeito do grande líder empresarial, merece ser ainda anotada, a manifestação da FIEMG ao proclamar que Maurício, fonte perene de inspiração, “Foi um verdadeiro pilar da nossa sociedade.”

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

É preciso cantar e alegrar

 



 

*Cesar Vanucci

A música é barulho que pensa” (Victor Hugo)

 

Contando, em confiança, com a aquiescência do distinto e culto leitorado,  ocupo hoje este impoluto espaço, habitualmente utilizado para elucubrações sobre lances sociais, econômicos e políticos da tumultuada aventura da vida, com  registro de deleite exclusivamente musical. Trata-se de pausa convidativa que possa distanciar-nos, por breves instantes, das agruras trazidas pelo noticiário nosso de cada dia.

Sempre solícita e imperturbável diante do alvoroço do ambiente caseiro, a infatigável Alexa botou, a pedido, a vitrola da Amazon  pra tocar músicas do alentado repertorio de Sarah Vaughan. “Santo Deus, mas o que é isso!?” A exclamação, de incontido entusiasmo, saltou espontaneamente da garganta aos primeiros sons emitidos pela genial interprete. Seja ressaltado que, anos atrás, experimentei sensação assemelhada ao ouvir, pela vez primeira, uma gravação de Yma Sumac, prodigiosa cantora peruana por muitos apontada como suprema medalhista de ouro no pódio da música lírica.

Voltando a Sarah. Toda  manhã de um domingo foi tomada por terna e extasiante ligação - dir-se-á mágico - do ouvinte com a sequência melodiosa saída da engenhoca eletrônica que reproduzia a voz da maravilhosa cantora. Falemos dela. Nascida em 1924, “partindo primeiro” em 1990, Sarah Vaughan foi um dos fenômenos vocais mais extraordinários da historia da arte. Sua voz caracterizava-se pela tonalidade grave, por enorme versatilidade e seu controle das ondulações entre o grave e o agudo. Conquistou os principais troféus e honrarias reservados à elite da vida musical. Segundo os especialistas, possuía ouvido excepcional para a estrutura harmônica das canções, o que lhe permitia mudar ou modular a melodia como se fosse um instrumento executado com mestria.

Falemos agora do repertorio da fabulosa interprete. Na “audição dominical” a que faço referencia acima, desfrutei do privilegio de ouvir Sarah interpretando alguns dos mais belos melódicos americanos, vários deles transpostos para trilhas sonoras de filmes inesquecíveis produzidos por Hollywood em seus anos dourados. Mas a parte mais arrebatante do “recital eletrônico” consistiu nas faixas referentes à nossa MPB.  

Sarah foi, certamente, a cantora estrangeira mais apaixonada por música brasileira. O seu fascínio pelas composições nascidas da arte e engenho de autores nacionais, levou-a a gravar três álbuns inteiramente dedicados aos nossos ritmos. Fazem parte dessa magistral coletânea autores que frequentam a predileção das plateias, como Tom Jobim, Cayme, Vinicius, Chico Buarque, Milton Nascimento, Marcos Valle, Ivan Lins, entre outros. O resultado dessa fusão de talentos, que incorporou ainda a participação, no apoio vocal de interpretes brasileiros consagrados, foi um trabalho artístico impecavelmente elaborado, que consegue mostrar em inglês a sutiliza e encanto da música popular brasileira.

Bem, no mais, é como diz a canção de Carlos Lyra: “No entanto, é preciso cantar e alegrar...”.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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Na França deu xadrez

 


                                             *Cesar Vanucci

O mundo não é obrigado a aguentar o vale tudo de Elon Musk”. (Presidente Lula)

 

Pavel Durov, dirigente do Telegram, êmulo de Elon Musk nos domínios da comunicação digital, entendeu de desafiar as leis da França, tal qual vem fazendo com relação ao Brasil o dirigente do X. A consequência do inadmissível procedimento foi uma ordem judicial de prisão. Para evitar o desconforto de uma cela em xadrez de Paris, o dito cujo se viu forçado a desembolsar (em euros) a bagatela de 150 milhões de reais de modo a que a punição pudesse ser convertida em reclusão domiciliar, com a obrigação expressa de se apresentar duas vezes por semana ao juizado que acompanha o caso. Entre as vozes que se ergueram protestando contra a decisão do judiciário francês, alegando que a liberdade de expressão estava sendo violentada, duas delas chamaram de modo especial as atenções da mídia e observadores políticos. Adivinhem quem? Vladimir Putin, presidente da Rússia e Elon Musk.

O Telegram muito popular na Rússia, já teve sua ação suspensa no Brasil por descumprimento de dispositivos da nossa legislação. Foi flagrado, a exemplo do antigo Twitter, veiculando propaganda hostil aos valores democráticos, de conteúdos nazistas, racistas e fake news. A propósito, teve sua atuação suspensa noutros países, inclusive na Rússia onde já voltou a operar normalmente.

Os fatos reportados conferem à momentosa questão dos abusos praticados por plataformas digitais, notadamente o X na atualidade brasileira, uma dimensão que extrapola a visão acanhada da minoria de políticos fundamentalistas engajados no esforço de propagar a errônea ideia de que o STF porta-se como algoz do santo e benemérito magnata Elon Musk...

Os países democráticos, desafiados pelas Big Techs vêm estabelecendo normas de regulamentação em suas operações.

Cabe, agora, trazer ao conhecimento de quem ainda não sabe outras “proezas” dignas de nota perpetradas pelo cidadão mencionado. Nos Estados Unidos, onde vive, Musk aliou-se politicamente, no passado, com os democratas. No governo Barack Obama ganhou polpudos incentivos financeiros para expandir seus negócios. Trabalhou ativamente pela eleição de Joe Biden, contrapondo-se a Donald Tramp, a quem acusou de fascista. Sua militância como politiqueiro barato levou-o, mais recentemente a “virar a casaca”. Tornou-se aliado de Tramp na corrida presidencial, abrindo fogo cerrado, em sua plataforma digital contra Kamala Harris e seu vice, Tim Walz, aos quais acusa de estarem a serviço do comunismo. Ainda outro dia, num arrobo retórico que suscitou, no meio jornalístico, questionamentos sobre sua saúde mental, andou dizendo que a candidata democrata a Casa Branca vem insuflando o STF e o Ministro Alexandre de Moraes no imbróglio presentemente relatado nas manchetes.  

 É de irritante visibilidade o empenho do insolente magnata de interferir no processo político brasileiro.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

A insolência do magnata

 


 

 

                       *Cesar Vanucci

A liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo para atividades ilícitas”. (Ministro, Alexandre de Moraes)

 

Acontece que: 1. O Brasil é uma democracia pujante com instituições republicanas consolidadas; 2. Os brasileiros ufanam-se desta invejável condição, abominando toda manifestação que encerre propósito de alvejar os valores pátrios; 3. Nenhum magnata dono de plataforma digital é ungido, pelos deuses do Olimpo, como ente supranacional com poderes de ditar regras a Estados soberanos, recusando-se a cumprir suas leis; 4. O território sagrado de uma Nação não é “casa de |Mãe Joana”; 5. Instrumento criado com o nobilitante objetivo de promover o bem estar social, a internet não pode tornar-se uma “terra de ninguém”.

 Em assim sendo, não há como justificar o comportamento acintoso, com laivos terroristas, do politiqueiro Elon Musk, proprietário de conglomerado multinacional que inclui a rede social X. Chamado pertinentemente às falas pelo Supremo, o birrento e insolente empresário resolveu desafiar a Corte e, via de consequência, os Poderes constituídos da Nação. Negou-se, com  desfaçatez, lançando no ar impropérios contra figuras representativas de nossa vida pública, a banir de sua plataforma ataques raivosos ao regime democrático. A ação corrosiva condenada pela lei e repelida pela consciência popular, diz respeito a propaganda de ódio, de feição racista, misógina, nazista, pedófila e assim vai. O argumento farisaico usado é de que sua atitude se inspira – vejam só a audácia – na “liberdade de expressão”.

Agravando – e muito – a inaceitável postura, ordenou o fechamento do escritório de representação do X em nosso território. Como todo mundo está calvo de saber, em nenhuma parte de nossa aldeia global uma empresa pode executar suas operações sem representação legal com endereço e CNPJ. Esgotadas as tentativas de dissuadi-lo da maluquice trombeteada, o judiciário, como é de seu indeclinável dever, determinou a suspensão das atividades do antigo Twitter, até que a designação de representante oficial da empresa seja efetivada. Nesse meio tempo, ganhando ressonância mundial, a questão passou a envolver também outra empresa do grupo comandada pelo magnata. A primeira reação dessa outra empresa foi de embarcar na palhaçada da desobediência, mas acabou por reconhecer que o recuo era o melhor a ser feito, com o deslocamento das divergências legais para um ambiente próprio, ou seja, a Corte, onde são tomadas decisões judiciais.

As encrencas protagonizadas por Elon não se cingem ao Brasil. No Reino Unido, Austrália, França, Índia e Turquia ele andou comprando briga, mas acabou voltando atrás. Na Arábia Saudita e na China o X é impedido de operar, mas ele não dá um pio, finge-se de morto, para não “atrapalhar” outros rendosos negócios.

A flamejante contenda comporta, obviamente, desdobramentos, ficando claro, todavia, que a posição adotada pelo Poder Judiciário acha-se ancorada em princípios legais legítimos.

                               Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Freio de arrumação e Represália

 


                                         *Cesar Vanucci

               “Acordo sobre emendas aponta um caminho, mas não finaliza as ações...”

                     (Ministro Flávio Dino, do STF).

 

O “freio de arrumação”, proposto pelo Supremo Tribunal Federal, funcionou com razoáveis resultados no palpitante caso das emendas parlamentares. Representantes dos Três Poderes participaram, como se chegou a dizer, de uma “audiência de conciliação”. Acertaram os ponteiros nos conformes constitucionais. O diálogo mostrou-se positivo, embora tenha sido ainda insuficiente para ajeitar todas as pendências que a questão comporta. Mas, como se costuma dizer no popular, é preferível algum diálogo, a diálogo algum.

A decisão tomada representa nada mais, nada menos daquilo que a Constituição estipula no tocante à lisura nos gastos públicos. Os princípios da transparência e rastreabilidade, de obviedade ululante, terão que ser rigorosamente observados na distribuição dos recursos. Nenhum detentor da prerrogativa de emprego das verbas poderá movimenta-las sem responder com clareza a esses quesitos essenciais: o que, quem, quando, onde, como, por quê.

Restou, para avaliação futura mais aprofundada, já aí envolvendo como interlocutores o Executivo e o Legislativo, a questão do volume avultado do dinheiro público carreado para as ditas emendas, que correspondem hoje, pra pasmo geral, a quase 50% da parte reservada pelo Governo para programas de benfeitorias públicas.

Cumpre ainda assinalar, a propósito do assunto reportado, que repercutiu muito negativamente a notícia de que alguns próceres da Câmara Federal andaram prometendo represálias, tendo por alvo o STF, diante das medidas saneadoras, adotadas pela Corte. Como se noticiou, o presidente da Casa, Arthur Lira desengavetou uma proposta de emenda constitucional prevendo, por incrível que pareça que decisões do Judiciário possam ser submetidas ao crivo do parlamento. Ou seja, deputados e senadores avocariam poderes de julgar o que fosse julgado pelo judiciário. Uma maluquice sem tamanho. Um dispositivo desse gênero fere em cheio a Constituição, abala a relação entre os Poderes da República, representando chocante inequívoco retrocesso democrático.  Observadores categorizados da cena política lembram que procedimento desse jaez só pode prevalecer em regimes autoritários, a exemplo do que aconteceu no Brasil em 1937, no Estado Novo, com a instituição da temível “Polaca”.

2) Dia do fogo – a Ministra, Marina Silva, do Meio Ambiente, analisa por prisma sombrio o fogaréu que se espalhou pelos canaviais do interior paulista. Considera o caso atípico. Compara os incêndios de agora com o chamado “dia do fogo”, ocorrido tempos atrás envolvendo ações criminosas, de cunho político, detectadas no Pará. As suspeitas da Ministra deram causa a investigações da Policia Federal. As diligencias policiais abrangem ocorrências verificadas também na Amazônia e Pantanal. Prisões já ocorreram por atos incendiários deliberados.

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A subida das Mulheres nos pódios

 



*Cesar Vanucci

Só a gente sabe o que preciso enfrentar para chegar até ali".(Rebeca Andrade,principal medalhista Olímpica brasileira )

 Palmas ruidosas, que elas bem merecem! As mulheres reinaram absolutas no palco olímpico. Assim se avalia a participação brasileira no grandioso evento esportivo de Paris. Arrebataram a maioria das 20 medalhas, incluindo-se nos feitos por elas alcançados as 3 de ouro.

A presença feminina nos jogos olímpicos vem sendo a cada edição ampliada. Este ano, em nosso caso foi majoritária em relação ao grupo masculino. Na linha do tempo é de datação relativamente recente. As primeiras Olimpíadas, reza a Historia, foram realizadas na Grécia antiga, em tempos anteriores ao cristianismo. Às mulheres era vedado até mesmo assistir as disputas. Em 1896 na capital grega começou – pode se dizer – a era moderna das Olimpíadas. Já aí, resolveu-se “conceder-lhes” a mera condição de espectadoras. Houve protestos. O gesto mais retumbante a respeito foi de uma atleta  grega Stamati Revithi, que em desafio aberto ao mundo esportivo e autoridades, após a maratona oficial percorreu, correndo, o mesmo trajeto de 40 km da prova masculina. 4 anos após, 1900, nas olimpíadas de Paris as mulheres puderam concorrer, mas apenas em algumas categorias. “A altruística permissão” abrangeu tão somente as modalidades de golfe e tênis, sob a alegação machista de que a fragilidade feminina desaconselhava contatos físicos passiveis de ocorrerem noutras disputas. Fazendo jus ao se vitoriarem nalguma prova a simples certificados de participação, medalhas não.  

A inclusão de mulheres nas demais competições foi se processando aos poucos, até chegarmos aos jogos de Londres (2012) quando finalmente ocorreu a equiparação entre atletas dois sexos no direito de competir.

 A chegada das brasileiras as competições internacionais só se deu em 1979. Até aquele momento a legislação brasileira proibia as mulheres de concorrerem em provas esportivas, consoante um decreto-lei de 1941. Acode-nos à memória velha de guerra um fato assaz curioso: naqueles idos tempos, futebol feminino era “caso de polícia”. Quem quebrou o tolo preconceito foram as “meninas de Araguari”. Imaginamos que hoje, já avós estejam, lá na formosa cidade triangulina, esfregando as mãos de contentamento com o feito do time liderado por Marta.

 A crônica das brasileiras nas Olimpíadas assinala marco reluzente no ano de 1996, em Atlanta. Foram conquistadas ali medalhas de ouro e prata no vôlei de praia, prata no basquete e bronze no voleibol. Os lauréis obtidos representaram para nossas atletas a superação dos desafios que tiveram de enfrentar para poder ter o direito de competir, treinar e praticar todos esportes. De lá pra cá outras triunfantes jornadas, como a de agora em Paris, se sucederam.

 Nossas valorosas atletas ajudaram o Brasil a se tornar potência Olímpica de médio porte. Sua contribuição poderá favorecer, adiante, quem sabe, a subida de novos degraus no pódio global.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)



Ponto final, fim de papo!



 “Não metam o nariz nos assuntos internos da Venezuela”.(Nicolás Maduro, num acesso histérico).

 

Conversa encerrada.  Os desmandos do caudilho de Caracas, extrapolando os limites mais elásticos da tolerância, não deixam outra alternativa ao governo brasileiro que não seja a do distanciamento político e diplomático. Algo similar ao que se fez com a Nicarágua do outro desprezível déspota.

Não se trata, evidentemente, de rompimento de relações diplomáticas, mas sim de posicionamento vigoroso, sem tergiversações, capaz de expressar supremo desagrado pelas reiteradas manifestações do inconfiável Nicolas Maduro a respeito da crise política venezuelana. Como sabido, são incontáveis as manobras de engabelação urdidas pelo tirano, mesmo diante da benevolente disposição de vários países, entre eles o Brasil, de encontrar uma saída honrosa para a descomunal encrenca por ele criada. O anuncio feito pelo Conselho Nacional de Justiça da Venezuela, reafirmando outra vez mais o “triunfo” eleitoral do arrogante autocrata e proibindo a divulgação das famosas atas dissipou por completo qualquer ingênua dúvida que pudesse sobrevir às artimanhas usadas na fraude.

O que a opinião pública brasileira espera do Palácio do Planalto é uma declaração formal de não reconhecimento definitivo dos resultados das eleições no país irmão. Tal declaração deverá ser acompanhada de afastamento de qualquer tipo de contato que não seja pautado, estritamente, por tratativas negociais que representem os interesses comuns dos dois Estados, vizinhos muito próximos geograficamente.

2) “Minha casa minha milícia” - O Rio de Janeiro e suas bizarrices amedrontadoras! Com a desenvoltura habitual, derivada da certeza de contar com poderosos apoios clandestinos, as milícias cariocas apoderam-se de áreas de domínio público, implantando condomínios residenciais, de bom nível, compostos de várias unidades. A fiscalização governamental só se deu conta dos empreendimentos quando estavam prestes a receber ocupantes. Tudo até ali foi feito à margem dos protocolos legais. As autoridades competentes assumiram os prédios, conseguindo autorização judicial para demoli-los e já deram inicio a derrubada. O relato suscita um colosso de indagações. Como passou despercebida ao longo das construções, o que vinha rolando, a olhos vistos, nos terrenos indevidamente apropriados? A compra de materiais de construção, a movimentação de veículos, os canteiros de obras não chamaram a atenção dos agentes da lei? Por que as edificações, ao invés de serem demolidas, não foram integradas aos programas habitacionais de caráter social?  Por quê mesmo? Para esta última pergunta surge uma resposta que é uma constatação amarga dos desatinos praticados pelos milicianos nas desguarnecidas paragens guanabarinas. A cessão das moradias com fito social desencadearia fatalmente reação violenta dos foras da lei, em desafio aberto a um aparelho de segurança impotente para conter a abusiva situação. Minha Nossa Senhora!

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

Um autêntico humanista

  *Cesar Vanucci “ Colaborar é muito mais inteligente que competir. ” (Maurício Roscoe, no livro “A Evolução Humana”)   As fileira...