segunda-feira, 30 de setembro de 2024

A fala do Presidente na ONU



 

*Cesar Vanucci

“Ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino” (Presidente Lula da Silva)

 

Pronunciamento condizente com a grandeza do ato e respeitabilidade da tribuna. Mesmo entre cidadãos que nutram fortes restrições à atuação do Presidente não deixarão de ser ouvidas, por certo, muitas vozes de concordâncias alusivas aos palpitantes temas por ele enfocados na fala proferida na abertura dos trabalhos da Assembleia Geral da ONU.

A defesa dos postulados democráticos, a relevância da questão climática, os lastimáveis conflitos bélicos da atualidade e a política armamentista, a tragédia das desigualdades sociais e a fome, os riscos da Inteligência Artificial e a reformulação estrutural da ONU ganharam especial realce no aplaudido discurso. Reportando-se ao “Pacto para Futuro”, acertado pouco antes da cerimônia, Lula sublinhou: “Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e diálogo”. Reconheceu que “o paradoxo do nosso tempo: é andarmos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes.” Explicou que “Nem mesmo com a tragédia da COVID-19, fomos capazes de nos unir em torno de um Tratado sobre Pandemias na OMS.” Conclamou: “Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional.” Defendeu a reformulação do processo operacional da ONU, postulando, como já feito em outras ocasiões, a presença de representantes da America Latina e da África, em caráter permanente, no Conselho de Segurança. Lamentou ainda o fato de que, tantos anos transcorridos desde os começos da instituição, jamais uma mulher teve o nome lembrado para ocupar o cargo de Secretário Geral.

Acerca das disputas geopolíticas, o Presidente afirmou: “2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial.” Aduziu: “Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram 2,4 trilhões de dólares”. Expressou indignação diante da alarmante constatação de que 90 bilhões de dólares foram aplicados em arsenais nucleares. Tal importância – conforme asseverou - poderia ter sido utilizada para o combate a fome e enfrentamento das mudanças climáticas.

Lula pregou o diálogo como a única forma possível de resolver pendências entre Nações. Lembrando, o cenário de horror que se descortina em Gaza, criticou a circunstancia de que um conflito iniciado como “ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino”. Condenou as guerras da Ucrânia, Sudão, Iêmen e demais contendas que enchem a humanidade de sobressalto. Acentuou que em numerosos casos, o direito de defesa transformou-se no “direito” de vingança, que impede um o cessar-fogo almejado pela sociedade humana.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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