segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Pandemia das queimadas.

 

 

                                                         *Cesar Vanucci

“Pegando vários biomas ao mesmo tempo, é a primeira vez que acontece” (Ane Alencar, diretora do IPAM)

 

Anos a fio, cientistas e ambientalistas advertiram o mundo para o que estava prestes a acontecer em matéria de mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global. Foram chamados pejorativamente de “profetas do apocalipse” por aguerrida e desinformada militância fundamentalista. Os negacionistas valeram-se de versões da “teoria da conspiração” para toscas argumentações sobre a questão.

 Entre os numerosos setores que deram ouvidos aos avisos houve, no entanto, quem de reta intenção, não soubesse precaver-se contra as enrascadas climáticas que se avizinhavam. Caso sem tirar nem por, do Brasil. Nosso país, pego desprevenido pela pandemia de incêndios florestais ilustra bem a situação.

  A grande arregimentação de recursos humanos, técnicos e financeiros para o enfrentamento das galopantes queimadas em curso bem que poderia ter sido processada algum bom tempo atrás.

A formidanda encrenca climática é um desafio a ser enfrentado com vigor pelas forças vivas da Nação. Mais de 70% de nosso território continental está sendo afetado por forte estiagem que seca rios e chamas que destroem biomas riquíssimos, propriedades valiosas, empestam sagrados ambientes ecológicos, poluem cidades.  E o que não dizer dos danos severos que a fumaça toxica causa aos organismos vivos, molestando a saúde humana e fazendo crescer filas nas emergências médicas? Todo esse somatório de eventos perturbadores, ocasionados por mais de 6 mil focos de incêndio, traduz  brutal pressão sobre os gastos públicos e privados.

 Cuidemos de ouvir explicações, pertinentes às queimadas, trazidas ao por renomada especialista em fogo, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar: “O fogo foi potencializado por uma confluência de fatores que vão desde fenômenos como o segundo ano de El Niño, seguido de La Niña, passando pelo aquecimento global e a ação humana. Já tivemos secas muito fortes na Amazônia, em parte do Cerrado, na região central, mas pegando vários biomas ao mesmo tempo, é a primeira vez. É quase uma tempestade perfeita, onde o clima é motor para propagar o fogo que ocorre a partir das queimadas. Para que haja fogo, tem que ter faísca, é essa primeira fonte de ignição, e ela é iniciada pelo ser humano.”

Não é só o Brasil que arde em chamas. Outras partes da aldeia global vivem drama assemelhado. Espera-se, no caso brasileiro, que as autoridades competentes divulguem logo os resultados dos inquéritos referentes a ações incendiárias de cunho doloso ou não. Por derradeiro, registro indispensável. O Poder Judiciário pediu urgência no enfrentamento do problema; o governo, com algum atraso anunciou plano emergência; o congresso, enquanto isso, debate questões bizantinas. É fogo!

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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