quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Conspiração desvendada

 



 

*Cesar Vanucci

 

“Estivemos mais perto do que imaginávamos do inimaginável.” (Ministro Barroso do STF)

 

Os fatos apurados pela Policia Federal sobre a intentona não são tão estarrecedores quanto se imaginava. São muito mais estarrecedores do que jamais se conseguiria imaginar.

A ameaça da ruptura democrática, rechaçadas pela solidez das instituições republicanas não foi uma “narrativa delirante”, como chegou a ser despudoradamente classificada por elementos enredados até o pescoço na maquinação. As provas coligidas são arrasadoras. Configuram inapelavelmente crimes e apontam os culpados. Políticos fanatizados, ávidos pela permanência no poder, integrantes dos redutos palacianos no governo passado, arquitetaram meticulosamente nefanda conspiração contra o Estado democrático, procurando inverter o resultado eleitoral que se lhes mostrou desfavorável em 2022. As acusações levantadas pela PF contra o núcleo sedicioso são esmagadoras. Os áudios obtidos contêm diálogos altamente comprometedores. Informações consistentes embasam delação premiada feita pelo principal assessor do antigo mandatário do poder. Chefes militares acima de qualquer suspeição opuseram-se à trama criminosa.  Forneceram depoimentos inequívocos sobre a aventura golpista traçadas em planos de ação produzidos em gabinetes localizados nos palácios do Planalto e Alvorada. Dá documentação probatória faz parte, inclusive, a informação de que um dos comandantes chegou a afirmar ao ex-presidente da república Jair Bolsonaro que ele estava incorrendo em gravíssima penalidade, até mesmo de prisão, por conta da proposta de derrubada do regime democrático. Outra averiguação impactante do inquérito diz respeito ao esquema engendrado com fito de eliminar o Presidente da Republica, o Vice-presidente, o Ministro Alexandre de Moraes e possivelmente, outros membros da Suprema Corte. Tais atentados foram abortados na undécima hora em consequência, presumivelmente, de um desencontro de opiniões entre seus mentores.  

 O processo relativo à conspiração, abarcando os eventos de 8 de janeiro, dias anteriores e subsequentes e também indiciando 37 pessoas, a começar pelo ex-chefe do governo, está sendo encaminhado ao exame da Procuradoria Geral da República. Acredita-se que até o final de fevereiro a PGR emita seu parecer. Se acatadas as conclusões do relatório policial, os indiciados, na maioria militares, tornar-se-ão réus passando a ser julgados pelo STF.

 No tocante ao episódio do “homem bomba” na Praça dos Três Poderes, pode ser que o tresloucado ato tenha sido isolado. Mas, mesmo assim é preciso admitir que o “lobo solitário” contou com a perversa solidariedade de uma alcateia uivante que atua, diuturnamente, nas redes sociais com prédicas de ódio e ressentimento, açulando os baixos instintos das pessoas em desarmonia com a vida.  

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

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