*Cesar
Vanucci
“As facções devem ser tratadas
como terroristas.” (Governador Tarcísio Freitas, SP)
Cena de violência assustadora. Parece extraída da trilogia “O Poderoso Chefão”. No saguão do aeroporto de Guarulhos um dos mais movimentados do mundo, pistoleiros mascarados utilizando rifles, alvejaram mortalmente figurão da cúpula do crime organizado, alguém que acabara de firmar compromisso de “delação premiada” com a Justiça. Três outras pessoas ficaram feridas uma delas vindo a óbito. Os atiradores conseguiram escapar sem serem molestados, desvencilhando-se do carro e das armas usados em lugar ermo.
Esse
“crime sob encomenda”, á luz do dia e em local de intensa aglomeração, cercado
de circunstâncias escabrosas, está sendo encarado pela opinião pública como
desafio aberto das facções criminosas, no caso o PCC, ao poder do Estado. A
suprema gravidade da ocorrência mobilizou forças policiais nas esferas Estadual
e Federal, deixando evidente que o deslindamento do caso em todas as
consequências imagináveis, constitui compromisso de honra das autoridades
competentes. Os primeiros passos das investigações em curso apontam,
clamorosamente, a participação de integrantes da chamada “banda podre” da
polícia. A vítima da “queima de arquivos”, Antônio Vinícius Lopes, havia colocado o Ministério Público a par da promíscua
ligação de policiais com a bandidagem que atua em diversificadas frentes de
negócios escusos em São Paulo, fora do Estado e no exterior. São bastante
intrigantes algumas revelações já vindas à tona. Antônio Vinicius recusou a
escolta oferecida pelos Promotores que o ouviram no processo de delação. Nada
obstante, estranhavelmente, contratou do próprio bolso uma equipe de guarda
costas composta, toda ela- haja pasmo - de policiais militares. Os policiais,
em numero de 8, ainda na ativa, executavam suas tarefas sem que seus superiores
se dessem conta, aparentemente, da séria irregularidade. Na hora do desembarque
fatídico, o delator trazia em meio a outros pertences valores em joias e
dinheiro estimados em mais de um milhão de reais. As medidas adotadas visando
saudável objetivo de esclarecimento completo dos fatos, como exigido pela
consciência das ruas, já abrangeram detenção de mais de uma dezena de agentes
das policias civil e militar. Tudo indica que as autoridades estão de posse de
informações relevantes que poderão conduzir à prisão de poderosos e, ate hoje, inalcançáveis chefões
das temíveis facções responsáveis por crimes de toda ordem, a começar pela
lavagem de dinheiro, via sistema de transporte urbano. O caso de Guarulhos robustece
bastante a ideia da implantação, sem delongas, de um sistema nacional unificado
de segurança pública, como sugerido pelo Ministro da Justiça através de PEC já
encaminhada ao exame do Congresso Nacional.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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