quinta-feira, 24 de abril de 2025

Internet e liberdade de expressão

 


 
  *Cear Vanucci


“Por suposto respeito à privacidade, adolescentes estão morrendo ou cometendo crimes” (Rute Pina, da BBC)

 


As todo poderosas plataformas digitais, de propriedade de magnatas via de regra petulantes, opõem-se tenazmente à regulamentação dos conteúdos propagados. No caso brasileiro, encontram forte e irrestrito apoio de setores políticos fundamentalistas, vários deles com notória e frenética atuação na “indústria de fake news.” Alegam, levianamente, que o regramento violenta a liberdade de expressão. Confundem propositadamente a livre manifestação de ideias, apanágio democrático inalienável, com libertinagem em matéria de palavras e imagens a serviço da animosidade e do ódio.

 O entendimento das redes sociais colide frontalmente com o pensamento dos democratas autênticos, com o sentimento das camadas mais lúcidas da sociedade, que enxergam na regulamentação um instrumento valioso e indispensável em favor da preservação dos direitos humanos fundamentais. Posto que a internet não é território aberto para a prática de felonias verbais e imagéticas, faz-se oportuno o registro, sempre que possível, de exemplos contundentes dos malefícios incontáveis que o uso desabrido da prodigiosa invenção é capaz de acarretar.

Ainda agora, a Polícia Federal vem de desbaratar apavorante esquema de comunicação distorcida envolvendo nossas crianças e adolescentes. O delito cibernético consistia no seguinte: adolescentes desavisados eram orientados no sentido de executar atos de tortura, mutilação, aspiração de substancias toxicas até a perda dos sentidos ou a própria morte. Além disso, tornavam-se gratuitos expectadores de  cenas explicitas de pedofilia. Entre outros flagrantes captados nas investigações foram mostradas sevícias infligidas a bebes, animais domésticos, automutilações, tudo comandado à distancia por indivíduos de mente pervertida. A crueldade chegou a limites inimagináveis com a divulgação ao vivo de lances piromaníacos, onde bando de rapazes ateava fogo em moradores de rua, descrevendo sadicamente detalhes do atentado cometido.

Positivamente, não dá pra aceitar como uma pessoa na posse de suas faculdades mentais ouse assumir posição contrária à regulamentação das atividades das plataformas digitais diante de tamanha selvageria. Só mesmo a má fé, associada à demência, pode levar alguém a admitir como afronta à liberdade de expressão a proibição cabal a que a internet seja utilizada como teatro permanente de coisas horripilantes.

E não podemos nos olvidar de que os fatos acima narrados representam apenas uma das inumeráveis facetas dos crimes diuturnamente perpetrados à falta de ações jurídico-legais que defendam a sociedade, as famílias, os jovens e as crianças das agressões contra a dignidade humana assumidas em consequência do desvirtuamento de uma conquista tecnológica de tão alto significado civilizatório.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

O Evangelho segundo Francisco

 


 

*Cesar Vanucci

        “O amor aos pobres está no Coração do Evangelho”. (Papa Francisco)

 



Lá se foi Francisco. Que perda para a Humanidade! O pranto e as vozes de consternação pela partida do Homem de feição nazarena, vestes brancas, fala persuasiva, doce ou candente conforme as circunstâncias, foram ouvidas em diferentes idiomas em todos os rincões da pátria terrena. Pátria esta povoada por bilhões de criaturas de diferentes nacionalidades, etnias, credos religiosos e políticos. Nem mesmo incréus, ateus quiseram ficar fora do coro das lamentações.

Francisco, avesso a pompas mundanas, Papa dos pés cobertos de poeira das caminhadas extenuantes, carregadas de fé e esperança pelas estradas da vida, deixou-nos legado extraordinário. Aplicou conceitos da Sabedoria trazida do Fundo e do Alto dos Tempos para as lidas de nosso maltratado cotidiano. Soube conectar os ditames evangélicos com as dores do mundo.

Em seu admirável pontificado manteve o olhar misericordioso, de paternal solicitude, sempre voltado para o mundo. As grandes questões que agitam a vida contemporânea dele mereceram manifestações memoráveis, expressas em encíclicas, discursos, entrevistas, instruções passadas aos religiosos e leigos engajados nas ações pastorais da Igreja. Nenhum tema relevante se lhe escapou à percepção arguta de evangelista afinado com os clamores da gente do povo, das pessoas humildes, dos excluídos sócias.

As gritantes desigualdades sociais, a pobreza ao rés do chão, as guerras fratricidas, a impiedade do racismo, o flagelo dos refugiados e deportados, as agressões ao meio ambiente, os preconceitos aviltantes, o desrespeito às diversidades, o terrorismo de grupos fanatizados e de Estados despóticos, o desvirtuamento dos conceitos econômicos, todas estas e muitas outras mazelas da historia contemporânea figuraram no rol das angustias e preocupações do pontífice providencial. Exortando lideranças mundiais a combaterem os males que infelicitam e brutalizam a paisagem humana, Francisco tornou-se arauto das lições contidas na mensagem de perene beleza transmitida às mulheres e aos homens de boa vontade pela sabedoria espiritual.

Oportuno, relembrar que Jorge Bergoglio, em encontro com fieis, no Vaticano, em 2014, classificou a pobreza como “um escândalo”. Ressaltou também que os direitos à alimentação e moradia são previstos no Evangelho, independente de qualquer corrente ideológica.

A universalidade da fecunda ação pastoral de Francisco projetava-se no tom invariavelmente fraternal e compassivo dos comentários expendidos a respeito de pessoas que não professavam a fé católica. A frase seguinte exprime bem sua visão de mundo: “Deus não pertence a nenhum povo” (...) “É melhor ser ateu que cristão hipócrita.”

Tantas são as lembranças deixadas por Francisco que o correto é o articulista voltar, a delas se ocupar adiante.

Humildade e simplicidade de Francisco tornaram o 1º Papa latino americano uma figura muito popular e querida Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP/14-12-2013

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Madeira de dar em doido

 

*Cesar Vanucci

“Vamos acabar com os roubos contra nosso país” (Pres. Donald Trump)



 

            " A loucura tem método!" 

Nossa Aldeia Global está sendo sacudida por tremores de terra produzidos por resoluções, ações, propostas e teses de cunho “novidadeiro” algumas bem impactantes, senão daninhas, para a economia planetária e para a convivência entre povos.

Deportações indiscriminadas, cobiça sobre territórios alheios, supressão de ajuda financeira a Universidades possuidoras do maior elenco de personagens agraciados com o Prêmio Nobel em todas as modalidades, guerra fiscal predatória, repleta de marchas e contramarchas, semeando desassossego e incerteza, tudo isso configurando uma nova ordem mundial com características caóticas. Um dos anúncios estapafúrdios mais recentes, provindo da fonte responsável por todo esse “festival de sandices” que assola a humanidade, diz respeito a estudos avançados no sentido da abolição do Imposto de Renda. A compensação virá, segundo os teóricos dessa inovação fiscal, das tarifas aplicadas aos produtos estrangeiros entrados nos Estados Unidos. Seria, conforme o que se noticiou, uma forma de aliviar o bolso dos contribuintes e de ressarcir o país dos “roubos contínuos” praticados ao longo dos tempos pelas outras nações contra o patrimônio estadunidense. “Madeira de dar em doido”, como se costumava dizer em tempos de antigamente.

Dia desses, o Capitólio, sede do Poder Legislativo dos EUA, tornou-se palco de uma cena singular já mais vivida. O Senador Cory Booker, do Partido Democrata, representante do Estado de Nova Jersey, ocupou a tribuna por 25 horas e 4 minutos, sem arredar pé por instante sequer. Profligou, com expressões candentes, a avalancha de decisões executivas tomadas pelo Presidente Donald Trump, acusando-o de inimigo da Democracia. Lembrou o complô por ele armado no passado quando conspirou contra a posse do presidente eleito, Joe Biden, conduzindo partidários a um ataque ao Capitólio com mortos, feridos, saques, prisões e condenações. Comentando o acontecido, o The Gardian revelou que o orador foi delirantemente aplaudido e passou a ser visto coma a cara da resistência Democrática em Washington. Os democratas rodearam o seu novo líder não oficial, acrescentou o jornal.

No assustador capítulo das deportações, o caso do salvadorenho, Kilmar Abrego Garcia é de deixar qualquer um de cabelo em pé. O cidadão em causa foi levado à força, com um grupo de venezuelanos para prisão em El- Salvador. A própria Casa Branca reconheceu que o mesmo, casado com uma americana, não tinha antecedentes criminais e vivia legalmente nos EUA, deixando a questão de seu retorno a cargo do governo de El. O autocrata Bukele afirma arrogantemente que não irá devolver o “imigrante deportado”. Kilmar é exilado político e, entre os venezuelanos, vários não tem antecedentes criminais, diz a imprensa.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

sexta-feira, 11 de abril de 2025

A incerteza é a única certeza

 



 

 

*Cesar Vanucci

 

“O mundo virou um Hospício tarifário” (Carla Beni, economista )

 

 O turbilhão que eclodiu no cenário das relações entre países garante como única certeza a incerteza. As rajadas da metralhadora giratória de Donald Trump, em sua guerra pessoal contra o resto do mundo, atingiram letalmente a economia global.  Com os regramentos e acordos multilaterais e bilaterais chutados, descerimoniosamente, para escanteio por meio dos atos executivos draconianos do aspirante ao cargo de imperador, a ordem comercial consolidada entrou em colapso levantando interrogações e dúvidas atrozes.

Analistas econômicos e observadores políticos manifestam temores por recessão mundial. Sinais inquietadores de uma crise capaz de abalar estruturas financeiras e até políticas já são enxergados. Tais sinais estão sendo emitidos, mais contundentemente, nas quedas sucessivas das cotações das Bolsas de valores e nos avultados prejuízos acusados por grandes corporações. Os danos financeiros foram estimados, num primeiro momento, em 7 trilhões de dólares. Para se ter ideia do que isso representa, relembremos que o valor calculado é superior a dois PIBs brasileiros, ou seja, é maior mais de duas vezes do que toda a riqueza acumulada no período de um ano nas atividades produtivas deste nosso país continental de 220 milhões de habitantes.

Esta estúpida guerra tarifária, originária de decisões desastradas assumidas no Salão Oval da Casa Branca, ganha a cada instante novos e perturbadores contornos. O aspecto que mais galvaniza atenções está vinculado à escala ascendente das taxações e represálias estabelecidas entre os Estados Unidos e outras Nações, com destaque especial para a China. Outro lance momentoso diz respeito à brusca ruptura havida na aliança comercial dos EUA com seus parceiros preferenciais, agrupados na NAFTA, Canadá e México.

“O hospício tarifário implantado” não beneficia ninguém, espalha a cizânia na convivência internacional, desestrutura as economias mais frágeis e abre fendas nos sistemas econômicos de maior envergadura.

As reações ao “festival de sandices” que o mundo, atônito, está assistindo vêm crescendo no próprio território americano. Lideranças empresariais favoráveis ao republicano na campanha eleitoral recente já se mostram desgostosas com o que vem rolando no pedaço. Tornou-se pública, a propósito, a áspera discordância de Elon Musk com o principal assessor econômico de Trump, Peter Navarro. Nada obstante, Donald Trump continua a utilizar em seus arroubos retóricos, expressões ofensivas, de menosprezo a aliados e parceiros, algumas até impublicáveis.

A sobretaxa aplicada ao Brasil foi de 10%, a menor do “tarifaço”. Isso se deve, provavelmente, á circunstancia de serem os EUA superavitários nas transações comercias com nosso país.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br )

Sabedoria a preservar

 


 

*Cesar Vanucci



“ Cada geração transmite à seguinte o louvor da obra de Deus.”

(Evangelho)

 



Afortunadamente, embora repleta delas, a internet não é constituída apenas de infamantes Fke News. Quem procura acha mensagens edificantes, imagens sugestivas, animações criativas, gravações maviosas, tudo isso ressoando como vibrante celebração da vida. O texto vindo a seguir, de autor desconhecido, foi pinçado numa dessas “incursões náuticas” pelas caudalosas redes sociais. Ele projeta uma sabedoria que cumpre preservar e compartilhar.

“Para nascer precisamos de 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64 pentavós, 128 hexavós, 256 heptavós, 512 oitavós, 1024 eneavós, 2048 decavós.

Levando em conta apenas o resultado numérico de 11 gerações, foram necessários 4.094 ancestrais, tudo isso em aproximadamente 300 anos antes nascermos!

De onde eles vieram? Quantas lutas já lutaram? Quantos problemas  enfrentaram? Quantas guerras testemunharam? A quantas vicissitudes sobreviveram nossos antepassados?

Por outro lado, quanto amor, esperança, alegria, coragem e estímulos nos legaram! Quanto da sua força para sobreviver, eles deixaram dentro de nós para que hoje estejamos vivos!

Só existimos graças a tudo o que cada um deles vivenciou. É nosso dever sagrado honrar nossos antepassados!

Portanto, curvemo-nos diante da memória de nossos antepassados, reverenciando suas historias de vida!

Nossa eterna gratidão a todos os ancestrais. Não fosse por eles, cada um de nós não teria a felicidade de conhecer a vida!”

Ainda navegando pela internet, deparei-me com dizeres relativos ao tema compilado acima, dentro de visão mais conceitual. O Autor é Roniel Sampaio-Silva, do “Blog Café com Sociologia”: “A ancestralidade significa muito mais do que herança biológica; ela representa um elo entre passado, presente e futuro. Rituais e narrativas transmitidas entre gerações, estruturando identidades e reforçando laços comunitários. No campo da sociologia, compreender a ancestralidade envolve reconhecer sua dimensão simbólica, sua relação com a memória coletiva, sua conexão com o território estabelecendo um sentido de pertencimento, continuidade e seu papel na resistência cultural.”

 Como fecho de ouro das considerações aqui alinhadas, repasso aos leitores mais essas três primorosas citações: “Ora, quem não tem uma vó, que não morreu um dia? Cada avó que morre arrasta consigo um mundo.” (Sebastião Rezende).

“Avô – pai, sem exigências. Avó–mãe com açúcar” (Lauro Muller). “Carrego em mim as memórias de minha vida, as memórias de meus antepassados e as memórias do mundo inteiro. Sou o registro vivo da própria História.”(Argeu Ribeiro).

 

jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

A união faz a força

 


*Cesar Vanucci

 

“Não é uma arma, mas uma ferramenta para garantir equilíbrio nas relações comerciais”.

(Senadora Tereza Cristina)

 

 A Senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura no governo passado, acaba de dar uma demonstração digna de louvores ao liderar ação parlamentar a respeito de questão de relevante interesse público. Conseguiu mobilizar todas as forças representativas partidárias do Senado da República, acima das questiúnculas e paixões políticas, em torno do que pode ser considerado um projeto Estado. A chamada “PL da Reciprocidade” aprovada por unanimidade de votos concede ao poder público o direito de retaliar parceiros internacionais que venham a interpor barreiras tarifárias e ambientais além das estipuladas em acordos multilaterais. Tal posicionamento constitui anteparo legal à descabida guerra tarifaria, violentando as relações comerciais entre países, desencadeada pelo furor xenófobo de Trump. Tem-se como certo que o assunto tramitará da mesma forma serena e altiva, sem retórica conflitante pela Câmara dos Deputados. Esta a justificativa da Senadora assim: “A proposta não é uma arma, mas uma ferramenta para garantir equilíbrio nas relações comerciais. O Brasil não afronta nem retalia gratuitamente, mas precisa de instrumentos para reagir a tarifas injustas ou exigências desproporcionais”. O texto da PL permite que o governo adote medidas simétricas contra países ou blocos econômicos que imponham restrições comerciais, ambientais ou fiscais consideradas excessivas. As contramedidas incluem: Aplicação de taxas ou tributos sobre bens e serviços de países que adotem medidas discriminatórias; Suspensão de concessões comerciais ou investimentos; Anulação de direitos de propriedade intelectual, como patentes e marcas; Resposta a exigências ambientais mais rigorosas do que os padrões aceitos em acordos multilaterais.

Que bom seria se nossas lideranças resolvessem atuar sempre assim na busca, pelo desenvolvimento bem estar social. A união faz a força, diz o ditado.

 

 2) A Inteligência Artificial vem “aprontando” pra valer nos domínios do direito autoral. Confunde alhos com bugalhos e gênero humano com zé germano...Vem passando informações equivocadas a respeito da autoria das melodias executadas nas plataformas digitais. Acontece que a composição ouvida é vinculada apenas ao interprete. Em assim sendo, quando o ouvinte indaga quem é o autor da composição transmitida, a resposta dada é o nome do interprete. Exemplificando: A bela canção “Inútil paisagem”, do genial Tom Jobim, tem como autor (es), conforme a gravação acessada, Sarah Vaughan, Elis Regina, Frank Sinatra, Wilson Simonal, Carminho, Claudete Soares e não sei mais quem. Afigura-se, indispensável, proceder-se, à vista do exposto, uma completa reprogramação das IAs, como não?

Jornalista(cantonios1Yahoo.com.br)

terça-feira, 1 de abril de 2025

A ambição expansionista do “xerife”

 


 

*Cesar Vanucci

“Nunca descarto o uso de força militar” (Donald Trump, sobre a Groenlândia.)

 


São impactantes e de abrangência global os efeitos da febricitante atuação do “xerife” Trump, disparando a torto e a direito seus atos executivos. Não há, por conseguinte, como as questões suscitadas nesses atos deixarem de frequentar insistentemente as preocupações da opinião pública, nem tampouco as atenções dos comentaristas. Vejam, pois: o dirigente do mais poderoso país do mundo deixa escancarada a disposição de apoderar-se na marra de territórios Soberanos, aliados incondicionais em todas as ocasiões.  O caso da Groenlândia é bem emblemático. Com desfaçatez só vista antes na fala de déspotas que infernizaram a história mundial, ele afirma, reafirma e confirma o propósito de fazer de área vinculada à Dinamarca uma província estadunidense.  Não esconde sua cobiça pelas riquezas existentes naquela Ilha do Ártico com potencial extraordinário de exploração.

A visita recente do Vice à Base Militar que os EUA mantêm na Groenlândia, operada nos termos de um acordo firmado  décadas com a Dinamarca, foi interpretada como incrível provocação. Tanto é que os governantes da Ilha recusaram-se a renderem-lhe as honras de ilustre visitante. O governo da Dinamarca, contando com forte solidariedade da Comunidade das Nações, tem expressado indignação com relação aos desejos expansionistas de Trump. A população, pela mesma forma, dá demonstrações de compreensível inconformismo e desagrado nas ruas e praças das cidades dinamarquesas.

Até a semana passada os atos desencadeados, monocraticamente, pela Casa Branca, já haviam produzido 150 decisões judiciais, uma delas no âmbito da Suprema Corte. São sinais eloquentes, bem sintomáticos, do estado de espírito reinante nos diversos setores da vida Norte Americana. As questões demandadas compreendem deportações, conflitos trabalhistas, ocasionados por demissões em massa, entrechoques com magistrados, escritórios de advocacia, educadores, empresários, agentes públicos, gente ligada a movimentos de cidadania.

Para aguçar ainda mais as relações, já tensas, do governo com a opinião pública, vieram à tona 2 escândalos ligados ao vazamento de informações sigilosas, consideradas segredos de Estado. Uma delas, já aqui comentada, é a visita de Elon Musk ao Pentágono, onde o magnata obteve informações altamente privilegiadas. Outra situação amplamente criticada disse respeito á extrema facilidade com que a imprensa colheu dados secretos, com antecedência, da operação militar promovida contra o grupo terrorista no Iêmen. 

Por conta deste cenário parece mais que provável a movimentação, a qualquer momento, dos ponteiros do Relógio do Juízo Final, sinistra metáfora do comportamento desvairado da liderança mundial na atualidade.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)


A sublime linguagem da música.

 



 

*Cesar Vanucci

“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música”.

(Aldous Huxley)

 

Conto com a permissão de meu diminuto, posto que culto e leal leitorado, para introduzir, neste acolhedor espaço, pausa musical. Tem hora que é necessário fazer isso. Aliás, como se recomenda na canção de Carlos Lyra, “É preciso cantar”...

Confesso, em boa verdade, gostar um bocado de musica, bom sujeito que sou. Como dizia Dorival Caymmi, expoente da infindável musicalidade da Bahia com “H” e de Todos os Santos, quem não gosta de musica, bom sujeito não é.

Não toco nenhum instrumento, não componho, cantar mesmo pra valer, só quando resolvo dar uma de “tenor de banheiro” desafinado. Apreciando, então, ouvir música, prevaleço-me com frequência de instantes  reservados ao lazer para audições solitárias, que eu próprio organizo, na tenda de trabalho. Conto sempre com a ajuda prestimosa da Alexa. A obediente secretaria eletrônica facilita muitíssimo o acesso ao inesgotável repertório da “Amazon”.

Vasculhando o imenso território melodioso, costumo reunir, nas mencionadas audições, diferentes interpretações, vocais ou orquestradas, referentes ás canções de minha especial predileção. Dias atrás, seguindo esse método, consegui juntar nada mais nada menos do que 18 versões da belíssima “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Aproveito para registrar que o genial compositor não tem sido suficientemente lembrado nas programações radiofônicas e televisivas da atualidade, o que é deplorável e injusto. “Descolei” até uma gravação esplêndida de Frank Sinatra. Mas, a que mais me tocou foi a de outro rei, daqui de nossas paragens, Roberto Carlos.

As viagens que faço pelo reino encantado do “barulho que pensa” (Victor Higo) conduzem-me a descobertas e redescobertas fascinantes. Uma delas diz respeito a uma excepcional cantora brasileira que teve momentos de glória no exterior, mas que em sua pátria, embora  aplaudida não encontrou reconhecimento à altura de seu imenso talento. Leny Eversong  morreu nos anos 80, em São Paulo quase no ostracismo . Enfrentou drama pessoal pungente, sobre o qual, falarei noutra ocasião. Brilhou intensamente nos palcos de Las Vegas. Fez dueto com Elvis Presley, que a tinha na conta de uma das maiores cantoras mundiais. Repassando suas interpretações é fácil concluir que o chamado Rei do Rock and Roll" estava coberto de razão.

Dos álbuns por ela deixados constam primorosas vocalizações de clássicos da MPB e do melódico estadunidense. Cito algumas delas: uma extraordinária fusão de “Canta Brasil com Aquarela do Brasil”; “Baixa do Sapateiro”, “Muito Além” (versão brasileira de Al DI LA).

Deixo o fecho destas considerações para Schopenhauer: “A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende.”

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

terça-feira, 25 de março de 2025

Escândalo sem precedentes

 


 

*Cesar Vanucci

 

“Ele é um crianção patético” (Vivian, 21 anos, filha de Elon Musk a respeito do pai, numa entrevista )

 

A mídia estadunidense classificou o episódio como escândalo sem precedentes. A denúncia do New York Times acerca da visita do magnata Elon Musk ao Pentágono, com o fito de coletar informações altamente sigilosas, causou estupefação nos círculos políticos e diplomáticos mundo afora. A Casa Branca negou a versão do jornal. Mas, segundo fontes qualificadas, realmente aconteceu o inimaginável acesso de Musk aos planos secretos dos EUA sobre estratégias militares no caso de eventuais confrontos com outras potências, a China destacadamente. Anote-se que embora tido como principal assessor de Trump, Elon não foi investido oficialmente nas funções que informalmente vem desempenhando. A suma gravidade do ocorrido entra pelos olhos de qualquer cidadão por menos escolado que seja da conjuntura geopolítica. As especulações suscitadas pela história levam em conta certas circunstâncias assaz desconcertantes. Elon Musk é dono de fabuloso complexo aeroespacial, que opera em todos os continentes. Faz parte também de seus pertences redes de comunicação digital com alcance mundial. Sua atuação é significativa, em termos globais, na área da Inteligência Artificial. Possui negócio de grande envergadura, no setor automobilístico, inclusive na China. Mantém contratos vultosos com o Governo dos EUA desde o tempo em que se dizia partidário dos  democratas. Chocou o mundo com a saudação Nazista. E por aí vai... A pergunta que se recusa a calar na garganta de muitos analistas políticos: O que ele quer fazer com as informações tão privilegiadas obtidas? Outra  interrogação intrigante: Quem no Pentágono favoreceu o vazamento das informações? Fê-lo com quais intuitos?

 

2) Bolsonaro - Anunciando  disposição de passar temporada nos EUA, Eduardo Bolsonaro licenciou-se da atividade parlamentar. Seu manifesto propósito é incrementar, pelos meios a que tenha acesso, os ataques desabridos às instituições do seu país, onde pelo que acintosamente propaga, vigora um sistema político “autoritário” com negação das “liberdades públicas” e “perseguição” política a adversários. O filho de Jair Bolsonaro calcula, equivocadamente no próprio ver de muitos de seus partidários, que sua atuação no exterior poderá beneficiar a causa do pai emaranhado até o pescoço, como se diz na linguagem popular, na trama golpista desbaratada pelas forças democráticas brasileiras. O Supremo, com foco especial no Ministro Alexandre de Moraes, continuará a ser alvo prioritário, com toda certeza, das assacadilhas ditadas por vindita e ódio. Tudo isso acontece no momento em que a Justiça se prepara para o julgamento dos arquitetos do complô antidemocrático.  

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Flagrantes da comedia humana

 


 

*Cesar Vanucci

“ E pensar que não existe vacina para surto de sandices !”( Antônio Luiz da Costa, educador)

 

Alinhamos na sequência registros sobre o persistente surto de sandices que anda assolando nossa aldeia global. No que pode ser considerado apartheid às avessas, o governo estadunidense fez chegar á África do Sul  “desagrado” quanto a supostos atos de discriminação cometidos contra a população branca (isso mesmo que você, caro leitor, acaba de ler: população branca). A reprimenda teria derivado de discordâncias quanto a políticas tributárias adotadas pelos sul-africanos. Pretória, obviamente, reagiu à manifestação. Observadores da cena política enxergam a presença de Elon Musk, principal assessor de Trump, nascido na África do Sul, nos bastidores do incidente diplomático reportado. A mesma linha conceitual utilizada no tocante ao governo da África do Sul orientou outro ato da Casa Branca, envolvendo algumas das mais conceituadas Universidades dos EUA. As referidas instituições foram surpreendidas com comentários críticos, em tom de velada admoestação, com insinuação até de sanções, alusivos a discriminações que estariam alvejando alunos ... brancos, ora, veja, pois!

Bem que a justiça tentou impedir, mas o governo foi mais expedito. Caso é que Trump, dando continuidade à sua desatinada política de deportações, invocando legislação pra lá de obsoleta, do século XVIII, ordenou a expulsão de um grupo especifico de mais de 300 elementos, alegadamente  venezuelanos e supostamente condenados em diferentes instâncias judiciais, encaminhando-os a uma prisão de El Salvador e não ao seu país ou ao seus países de origem. A justiça estadunidense proibiu taxativamente a deportação concebida em moldes tão insólitos. Mas quando a ordem legal chegou o avião que transportava os imigrantes já estava despejando-os no presídio considerado mais terrível das Américas, com capacidade pra abrigar 40 mil detentos. O governo de EL Salvador embolsou milhões de dólares por concordar com essa “terceirização penitenciaria”.

As conversações sobre um “cessar fogo” na Ucrânia continuam a oferecer singulares desdobramentos. Num papo telefônico de 2 horas, Trump e Putin estabeleceram curiosas premissas quanto à incandescente questão. Resolveram definir trégua para algumas, mas não todas as frentes de luta. Resumindo a história: as escaramuças sangrentas com mortos, feridos e destruição, podem ocorrer neste pedaço aqui que permanece ativo para o desvario belicoso, mas não naquele pedaço adiante a ser mantido, a todo custo, como um Oasis idílico de amor e paz.

Fechando a lista destes casos surreais: A PM do Rio calculou em 20 mil o numero de manifestantes presentes num comício Bolsonarista em Copacabana. O Palácio da Guanabara determinou que a estimativa fosse multiplicada por 20. Deu 400 mil. Da procês?

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Isenção e justiça social

 


 

*Cesar Vanucci

“A proposta está sendo muito bem recebida” ( Ministro Fernando Haddad)

 

1) Promessa de campanha de Lula, a isenção de Imposto de Renda para assalariados de até 5 mil reais tornou-se projeto de lei, já em poder da Câmara de Deputados para avaliação. A medida encontra simpática receptividade junto à opinião pública. Será fatalmente aprovada, para aplicação a partir de 2026. Acaloradas manifestações já se fazem ouvir entorno da renuncia fiscal, com foco na fonte dos recursos necessários para compensação orçamentária. A previsão é de que o dinheiro provenha de rendimentos, até aqui não tributáveis, de uma minoria alojada financeiramente nas coberturas da edificação social. Noutras palavras: a compensação referente ao beneficio a ser concedido a quem ganha menos derivará dos proventos de quem ganha muito mais. Nada a estranhar. Esta a formula adotada em  países onde a justiça social se revela mais aprimorada, caso, por exemplo da Escandinávia. Pelas estimativas do Ministério da Fazenda, 142 mil patrícios mais aquinhoados em matéria de renda e bens contribuirão assim para que 24 milhões de cidadãos menos favorecidos economicamente desfrutem da isenção. Não soa despropositada, nesta hora, a ideia de que a compensação orçamentária possa também defluir, se necessário, de percentual dos rendimentos de quem esteja recebendo, ao arrepio da lei, super. salários no serviço público. Com alguma dose de boa vontade e espírito publico, executivo e legislativo poderão, ainda – como não? – abrir mão, a título de reforço orçamentário, de parte das dotações destinadas a emendas parlamentares e fundos partidários.

2) Milei - “Cover” mal-ajambrado de Donald Trump, Javier Milei continua aprontando. Anunciou a retirada da Argentina do Acordo de Paris e da OMS, tal qual fez seu ídolo. Dia desses, na TV, apresentando-se como “especialista em finanças”, propagou as vantagens excepcionais de uma criptomoeda recém-lançada no mercado portenho. Tal fato ocorreu pouco depois de receber, na Casa Rosada o criador da mesma. Não deu outra: Milhares de chefes de família e donas de casa saíram a campo imediatamente, à cata da criptomoeda para aquisição. O negocio proporcionou, por curto espaço de tempo, vantagens para os investidores. Pouco depois, entre tanto, veio a degringolada, com prejuízos incalculáveis para a economia popular. A indignação causada pelo sucedido levou as vítimas da fraude, gente do povo e empresas, a ajuizarem inédita ação, perante a justiça Estadunidense, reivindicando ressarcimentos. Milei e pessoas à sua volta são citados no processo como supostos beneficiários da maracutaia. Enquanto isto, com passeatas e panelaços, aposentados argentinos queixam-se sob repressão policial, que suas pensões são insuficientes adquirir simples cesta básica.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

Dois temas candentes

 


 

*Cesar Vanucci

 

"A solução é manter o canal de diálogo aberto para evitar prejuízos desnecessários para ambas as partes".( Vice Geraldo Alckmin , sobre a guerra fiscal)

  

1) Os sons das trombetas da guerra fiscal deflagrada por Donald Trump estão desagradando meio mundo. Aliás, falar verdade, o mundo inteiro. As estúpidas medidas adotadas, quebrando acordos reconhecidamente sedimentados nas relações multilaterais, procurando amoldar países soberanos a caprichos supremacistas, alimentam turbulências, podendo desembocar numa recessão econômica global, conforme admitem qualificados especialistas. No Brasil as taxas extras estabelecidas, mormente as incidentes sobre os itens aço e alumínio, afetam principalmente os Estados da região Sudeste, com destaque para Minas Gerais. Sejam realçados os esforços dos negociadores governamentais, via Ministérios da Indústria e das Relações Exteriores no sentido de defender adequadamente, nos foros competentes, os respeitáveis interesses dos segmentos alvejados. Impõe-se assegurar aos porta-vozes credenciados do Brasil nas negociações com o Governo de Washington apoio amplo e irrestrito nas postulações formuladas. Sem essa de se retrair ou de silenciar diante de tão relevante e candente questão, em nome de mesquinhas conveniências políticas. O que está em jogo coloca-se bem acima de questiúnculas abstratas. O Congresso, por exemplo, não pode furtar-se, jeito maneira, ao dever de cerrar fileiras em torno de causa tão significativa.

 

2) As lideranças compromissadas com a missão de estruturar um eficiente Sistema Nacional de combate ao crime organizado precisam se capacitar de que a sociedade brasileira tem pressa na solução do atordoante problema. Se já existe delineado em suas linhas mestras, no Ministério da Justiça, um esquema que condensa o melhor da experiência policial na luta contra milícias, facções e outros grupos mafiosos, o que resta, então, para se colocar em movimento as ações preventivas e repressivas tão almejadas? Há quem diga ser necessário incrementar o dialogo entre as corporações que atuam no front da chamada “guerra urbana”, na busca de denominador comum na metodologia do trabalho. Diálogo nunca é demais, debates também. Dialogue-se, debata-se, esgote-se todo o arsenal de ideias e sugestões nascidas das vivências cotidianas no enfrentamento do banditismo, mas desfaçam-se logo, o mais rápido possível, os entraves burocráticos que impedem sair do papel as ações concretas pretendidas. São diárias e numerosas as violências urbanas que clamam por soluções  eficazes. O que vem sucedendo em alguns aglomerados urbanos, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, por exemplo, ganha conotação, no ver de muitos, de atos terroristas. Escusado lembrar que, nalguns casos, como é fácil deduzir, o combate ao crime exigirá ação cirúrgica no próprio organismo policial.   

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)  

quinta-feira, 13 de março de 2025

Tempos inquietantes

 



*Cesar Vanucci

                                   “Acho que vamos obtê-la ”(Trump, aludindo à Groenlândia)

 

Tempos confusos e inquietantes. As conversações entre Nações, habitualmente transcorridas de forma solene e regidas por protocolos diplomáticos, cedem lugar a enfezados bate-bocas, transmitidos ao vivo e a cores. Ou, então, são substituídas por recados curtos e grossos, cheios de azedume, postados em redes sociais.

O Presidente Donald Trump e seu vice J.D Vance armaram emboscada para Zelensky, Chefe do governo ucraniano. Atraíram-no ao famoso Salão Oval da Casa Branca com o fito de aplicar-lhe senhora descompostura. A humilhação foi vista com perplexidade por milhões de pessoas, em todos os continentes. O que se exigiu da Ucrânia foi rendição incondicional, com a entrega aos invasores russos das províncias ocupadas. Além disso, a título de compensação pela “ajuda” em armamentos utilizados na defesa do país, a sessão para exploração pelos Estados Unidos das jazidas minerais raras existentes em seu subsolo.

Quase que ao mesmo tempo, em discurso proferido no Legislativo estadunidense, o incorrigível Trump reafirmou sua disposição, de ocupar a Groenlândia, “de um jeito ou de outro”. Reiterou, igualmente, a intenção de tomar o Canal do Panamá. Paralelamente à primeira visita oficial que fez ao Congresso, onde foi recebido com aplausos dos partidários e apupos dos adversários, Trump ordenou aos delegados de Washington na ONU que votassem contrariamente – ora, veja, pois! - a uma moção, aprovada pela maioria da Assembleia, condenando a Rússia pela invasão da Ucrânia. O voto dos EUA foi acompanhado apenas pelas delegações da Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Iran e Nicarágua.

 Noutra vertente das estapafúrdias decisões que vem tomando, Trump tem deixado explicito, com “a guerra fiscal” deflagrada, o propósito de fomentar uma nova ordem econômica mundial, mesmo que isso implique numa recessão global.  Fora e dentro dos Estados Unidos avolumam-se reações e discordâncias quanto aos seus posicionamentos. Os países europeus, reafirmando apoio incondicional à Ucrânia invadida, anunciaram um projeto extraordinário de fortalecimento armamentista com custos equivalentes a 1/3 do PIB brasileiro, soma fabulosa em “tempos de paz”. A China, sobretaxando produtos estadunidenses em resposta á política tarifaria de Washington, declarou-se de forma rude, nada diplomática, “pronta” para “qualquer tipo de guerra”... No Canadá acumulam-se os protestos contra os atos e palavras do dirigente estadunidense. Trump costuma chamar o 1° Ministro do país irmão de “governador”, em alusão à descabida pretensão de anexar o Canadá. Pesquisa, nos EUA sobre os primeiros 50 dias do Governo apontou índice de desaprovação a Trump  superior ao de aprovação, o que não é de se espantar. Uma coisa é certa: a confusão não vai parar por aqui.

      Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

segunda-feira, 10 de março de 2025

“Ainda estou aqui” chegou lá.

 



O filme é a Eunice Paiva (Fernanda Torres)

 

O Brasil da amorosidade, da sensibilidade social e da vocação democrática apostou na premiação todas as fichas de sua inesgotável esperança. Deu certo. O “Ainda estou aqui” chegou lá. O cobiçado Oscar, como melhor filme estrangeiro, juntou-se a outros reluzentes troféus já conquistados pelo esplêndido filme de Walter Salles em outros famosos centros mundiais da consagração cinematográfica. Entre eles “O Globo de Ouro” de melhor atriz arrebatado pela magnífica Fernanda Torres.

Marco épico no plano artístico cultural, o filme tornou-se também referência histórica maiúscula na vida política e democrática brasileira. A mensagem poderosa que dele deflui é de clareza solar: “Ditadura nunca Mais!” Ganha sonoridade especial nos dias que correm, quando a Justiça se prepara, debaixo do olhar atento da Nação, para emitir  veredicto acerca  da participação da cúpula sediciosa na trama que colocou sob risco as sagradas instituições democráticas e republicanas.

A ovação popular que se seguiu, de norte a sul, de leste a oeste do país, à proclamação em Hollywood do premio atribuído, pela vez primeira a uma obra de arte fílmica, inspirada em historia real narrada num livro brasileiro, protagonizada e dirigida por brasileiros e falada em nosso idioma foi de deslumbramento indescritível. A maior festa das ruas em todo o mundo, ou seja, o carnaval brasileiro elevou ao zênite o entusiasmo das pessoas já envolvidas, solidariamente nos frenéticos folguedos. A vibração alcançou também os que solitariamente optaram pelo recolhimento durante o período momesco. Alguns poucos elementos da atividade política preferiram guardar silêncio envergonhado com relação ao grande feito cultural, fazendo prova com tal procedimento de indigência cívica e intelectual.

Aplaudido pela critica e pelo público em milhares de salas de projeção onde vem sendo exibido, em dezenas de países, o longa metragem ganhador da estatueta dourada é visto como uma saga dos tempos modernos, por onde se projeta o anseio generoso dos homens e mulheres de boa vontade, dos humanistas, dos democratas, em prol das liberdades e dos direitos fundamentais. O drama existencial vivido pela família Paiva, heroicamente conduzida por Eunice Paiva e contado no excelente livro escrito por Marcelo, filho do deputado “desaparecido”, ajuda a gente a entender o significado da celebre frase proferida pelo saudoso Ulysses Guimarães na promulgação da constituição que nos rege: “Eu tenho nojo da ditadura”.

Por derradeiro, aqui vai registro que soará, certeiramente, como novidade para grande maioria das pessoas. Há 80 anos, em 1945, nosso maior compositor musical, Ary Barroso, produziu “Brasil”, primeiro filme a concorrer ao Oscar.

 

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

O método Trump




 

                 “É loucura, mas há um método.” (Shakespeare).

 


Anos atrás, ainda no primeiro mandato, o órgão de classe dos psiquiatras, nos EUA emitiu parecer questionando a condição mental do Presidente. Seus ditos e feitos, monopolizando manchetes e produzindo tensões, contribuem em muito para que a opinião pública aceite como veraz o diagnóstico.

Atropelando leis, rasgando tratados, desfazendo regras instituídas ou estimuladas pelos próprios EUA, nas relações multilaterais Trump apresenta-se ao olhar mundial, de repente, como “providencial arauto” de “ideias novas”, todas resvalando o absurdo. Manifesta interesse em comprar a Groelândia, anexar o Canadá, tomar o Canal do Pananá, deportar 10 milhões de imigrantes, encarcerando parte deles em Guantanamo e em presídio de El Salvador. Não se dando por satisfeito, anuncia a retirada, na força bruta, se não puder ser “espontânea”, de 2 milhões de palestinos radicados nos escombros de Gaza, alojando-os na Jordânia e Egito, apesar, dos dois países se recusarem peremptoriamente, mesmo sob ameaças de represálias, a participar do medonho êxodo. Aponta duas alternativas como “solução” da questão do território palestino: a) transformar-se em Riviera do Oriente Médio; b) tornar-se uma sucursal do inferno. Diz isso sem atentar para as circunstâncias de que os palestinos já conhecem de sobra o que seja viver uma experiência infernal. Deixa expresso que o território pertencente aos palestinos não será comprado, mas sim tomado na marra.

As manifestações de desagrado pelo que está rolando avolumam-se. Além obviamente dos ruídos produzidos nos circuitos diplomáticos, vêm ocorrendo outras reações, até outro dia impensáveis, em ambientes que sempre mostraram receptividade simpática ao povo, cultura e costumes estadunidenses. Caso, por exemplo, dos canadenses, que pregam boicote aos produtos do vizinho país e substituem aplausos por vaias, em competições esportivas quando o hino dos Estados Unidos é executado.

E o que não dizer da onda de questionamentos levados à apreciação da justiça por cidadãos e organizações de seu próprio país?  

Desrespeitando acordos comerciais de longa data consolidados, desestabilizando a Organização Mundial do Comércio (OMC), os gravames fiscais impostos a fornecedores de produtos carreados ao mercado de consumo de seu país, as políticas de comércio exterior colocadas em prática pelo ocupante da Casa Branca afetam o Brasil, como de resto, praticamente todos os países que fazem parte do sistema de intercâmbio negocial.

Analistas da conjuntura mundial apontam como fatores influenciáveis das decisões criticadas, o chauvinismo medular presente na orientação politica do presidente e as circunstâncias da China haver atingido superávit recorde de quase 1 trilhão de dólares na balança comercial, enquanto os Estados Unidos amargaram déficit quase equivalente em suas transações comerciais.

Jornalista Cesar Vanucci

 

A SAGA LANDELL MOURA

Internet e liberdade de expressão

      *Cear Vanucci “Por suposto respeito à privacidade, adolescentes estão morrendo ou cometendo crimes” (Rute Pina, da BBC)   As t...