terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Hora do espanto e incertezas.


“Todo cuidado é pouco. Viver é coisa de louco” (verso de canção da MPB)

 

 A confusão é geral. No xadrez geopolítico, infinidade de lances desconcertantes provoca sustos e incertezas. O espanto se banaliza. São tantas as “teses novidadeiras”, brotadas do bestunto dos “donos do poder”, que o jeito, visando reduzir tensões, é cada qual esforçar-se ao máximo para não mais se espantar com coisa alguma.

Coletamos, na sequência, luzidia amostra dos insólitos acontecimentos que vêm rendendo manchetes à mancheia. Nos céus de Washington, avião de passageiros e helicóptero militar colidem, numa tragédia que ceifa dezenas de vidas preciosas. Em comentário a respeito do acidente, Donald Trump insinua que a pavorosa ocorrência foi causada pela política de diversidade de inclusão social do antigo governo... O magnata Elon Musk, na condição de assessor destacado da Casa Branca, anuncia a extinção do órgão encarregado de programas de ajuda humanitária no mundo todo. Acusou a agência, que agrupa milhares de servidores, de promover atos criminosos. Determinou ainda que a cede do órgão fosse interditada, com cordões de isolamento com vistas a impedir o ingresso dos funcionários. No capítulo das deportações indiscriminadas de imigrantes, famílias inteiras foram detidas pela polícia aduaneira, devido a circunstancia de se comunicarem em espanhol. No local da detenção descobriu-se que todos os cidadãos eram americanos de origem porto-riquenha. Crescem as ameaças e decisões do governo americano configurando guerra fiscal envolvendo parceiros comerciais próximos e distantes.  As medidas têm dado margem a reações vigorosas e confabulações diplomáticas de emergência, trazendo óbvias inquietações. O titular da pasta de saúde da administração Trump, filho de Robert Kennedy e sobrinho do Presidente John Kennedy, tornou-se conhecido pelas posturas negacionistas científicas. A impressa lembra sempre que ele se posiciona contra as vacinações, sustentando que o processo de imunização é fatal para o ser humano. Outro gesto de Trump de repercussão negativa mundial diz respeito ao corte de verbas para todas as agências governamentais envolvidas em políticas de integração social favorecendo minorias comunitárias. Releva anotar também a perseguição ostensiva aplicada a numerosos servidores do antigo governo, em razão de terem participado de processos movidos pela Justiça contra Trump, entre eles o da tentativa de golpe.

 A onda avassaladora de decisões estapafúrdias produziu contaminação na Casa Rosada em Buenos Aires. O notório Javier Milei comunicou à praça, todo solene, a construção de um muro de 200 metros na fronteira (com extensão de milhares de km) com a Bolívia, mode que impedir a entrada de imigrantes.

Ora, veja, pois!

                     Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

Os sinais da natureza não podem ser ignorados

 


*Cesar Vanucci

 A transição para energia limpa será mais difícil sem os EUA” (André Corrêa do Lago, presidente da COP30)

 

Na vida real Los Angeles transforma-se, de repente, num filme apocalíptico. A cidade dos estúdios, astros e estrelas, que se fez mundialmente conhecida como Meca do cinema, arde em chamas por causa de incêndios florestais incontroláveis.  Em Washington, por outro lado, o negacionismo oficial, reinstalado no poder, inflige contundentes revezes à Ciência e ao meio ambiente. O planeta enfrenta, atônito, os efeitos da era das mudanças climáticas extremas, ocasionadas pelo efeito estufa.

Noutras paragens deste mundo de Deus, onde o tinhoso costuma plantar perturbadores enclaves, a natureza continua a emitir sinais inquietantes, não poucas vezes desdenhosamente ignorados, por lideranças influentes que se deixaram dominar por cega e embriagadora autossuficiência. O negativismo derivado desses posicionamentos equivocados, altamente contagioso, retarda soluções e agrava os problemas que surgem de forma inesperada e intensa.

O verão brasileiro vem trazendo anomalias atmosféricas de toda ordem. Temporais devastadores, sucessivas ondas de calor, aponto de instaurar estado de emergência em centenas de municípios, com casos numerosos de morte e volume incomum de danos patrimoniais.  Grandes áreas urbanas, como sabido, têm sido castigadas pelas intempéries. Enquanto isso, seca inclemente atinge outras regiões de nosso território, provocando igualmente desastrosos resultados.

A conjuntura climática não é diferente em parte alguma da morada humana, seja nos 3\4 das águas oceânicas, seja no restante continental.tudo está em frenética ebulição, representando – como não se cansam de proclamar os cientistas – uma séria ameaça à sobrevivência dos seres vivos.  Dias atrás, por exemplo, desprendeu-se da calota polar antártica, colossal iceberg, de tamanho superior à superfície da cidade de São Paulo. Vagando sem rumo, despejando pelo caminho parte de seu conteúdo e elevando com isso o nível do mar, ele poderá vir a colidir com uma ilha na Geórgia do Sul, território britânico, refúgio de vida selvagem.  Algo parecido ocorreu, algum tempo atrás, com outra estrutura glacial nas mesmas circunstancias.

Todos esses registros carecem ser vistos sem intenção de trocadilho, como a ponta do iceberg de uma problemática angustiante em condições de influir nos rumos da nossa civilização.

A retirada do governo dos Estados Unidos do “Acordo de Paris” afetou, de certo modo a COP30, programada para novembro no Brasil. As decisões do conclave em Belém do Pará serão cruciais no tocante às salvaguardas que o mundo precisa adotar de maneira a responder adequadamente aos  dramáticos desafios impostos pela convulsão climática. É preciso usar criatividade para suprir o vazio da ausência estadunidense.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Deportação em massa causa clamor.

 


 

*Cesar Vanucci

“A deportação indiscriminada atrita com direitos fundamentais.” (Domingos Justino)

 

A política de deportação em massa levada a cabo pelo governo dos EUA  está sendo enxergada, por muita gente dentro e fora do país, como ato de feição terrorista. Não padecem dúvidas quanto ao direito legítimo que todo país possui de banir, do seu território, estrangeiros que nele ingressem de forma ilegal. Mas, porém, contudo, todavia, o que está acontecendo, em escala descomedida, é coisa diferente. Extrapola limites do bom senso e dos ditames humanitários. Por tal motivo, o inconformismo diante das arbitrariedades praticadas eclode tanto no seio da sociedade estadunidense, quanto junto á opinião pública mundial.  Lideres e personagens engajadas, mundo afora, na defesa dos direitos fundamentais do ser humano compõem coral de vozes com criticas acerbas aos métodos utilizados na expatriação em marcha.

Imaginava-se, no começo de tudo, que o “bota fora” iria ser aplicado apenas aos que haviam entrado no país de forma furtiva e entre esses os que tivessem contas a prestar à justiça. Ocorre, entre tanto, que nas levas dos “excluídos” tem sido também “contemplada” verdadeira multidão já radicada na comunidade. Ou seja: chefes de família, com residência fixa, participação no mundo do trabalho e na vida social, na expectativa ainda da almejada regularização migratória.

Gente acorrentada, retirada na marra dos locais de tralho levada, só com  roupa do corpo, em voos fretados para à pátria de origem; filhos desapartados dos pais abrigados em casas de amigos; lares defeitos e bens deixados para traz; centros de assistência a imigrantes invadidos pela polícia aduaneira; deprimentes casos de delação e discriminação. O drama vivido por homens, mulheres e até crianças de diferentes nacionalidades, alvejados pelo expurgo implacável, ganha clamor universal. O espanto crescente com que as pessoas, em todas as partes do mundo, tomam conhecimento do que anda pintando no pedaço, em Washington, adquire outra amplitude quando se tem a informação de que o Presidente Donald Trump é filho de imigrante, neto de imigrantes e casou-se com uma imigrante. Sem falar que a grandeza dos Estados Unidos, maior potência mundial, foi construída com participação decisiva de imigrantes.  Homessa! Por que, então, essa empolgação infrene, roçando as franjas da paranoia, de promover o desterro de tantas criaturas ao mesmo tempo? De juntar, nesse gigantesco despejo, como se fossem farinha do mesmo saco, ilegais infratores com cidadãos de vida já consolidada no país, inseridos no esforço construtivo da sociedade?

Sabedor também de que a migração tem impacto positivo na economia do país, o mundo deplora essa “caça as bruxas” que tanto mancha a imagem da pujante democracia estadunidense.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

“Ainda estou aqui” chegou lá.

  O filme é a Eunice Paiva (Fernanda Torres)   O Brasil da amorosidade, da sensibilidade social e da vocação democrática apostou na ...