“Trump pretende fazer de Gaza uma nova Riviera.” (Dos jornais)
Deu a louca nos domínios geopolíticos. A temporada de
absurdidades instaurada com o retorno de Donald Trump ao poder ganha
impetuosidade crescente, enchendo o mundo de temores.
Em recentes comentários já alinhamos alguns lances
estapafúrdios, incluídos no rol das decisões adotadas pela Casa Branca.
Acrescentamos, agora, outras medidas tão ou mais perturbadoras até,
estridentemente anunciadas que estão causando compreensível sobressalto no seio
da opinião pública. Recepcionando o primeiro Ministro de Israel Benjamin
Netanyahu, Trump declarou-se propenso a ocupar Gaza, desalojando as multidões
de palestinos que ali sobrevivem. A “limpeza” abrangeria o deslocamento da
população para outras áreas, em outros países. A “luminosa” ideia foi
compartilhada com entusiasmo pelo dirigente israelense, mas foi repelida com
veemência em todas as partes do planeta, a começar pelos países árabes. Egito e
Jordânia deram categórico “não” à proposição. A Arábia afirmou que não manterá
relações diplomáticas com Israel caso a proposta vingue. Aditou ainda o
propósito de só se aproximar de Telavive depois da implantação de um Estado da
Palestina soberano em Gaza e Cisjordânia. A França, a Inglaterra e demais
países europeus também registraram seu desacordo, sustentando que a propalada
reconfiguração de Gaza equivale a uma diáspora incompatível com as leis
internacionais e a Declaração dos direitos fundamentais da ONU.
Agravando ainda mais a situação o governo de Israel deixou
claramente explicito que o melhor a fazer na crise do Oriente Médio é afastar
de vez a ideia da criação do Estado da Palestina. É de se ver que tal
posicionamento colide em cheio com o sentimento universal. O Estado da
Palestina é apontado por todos, em todas as esferas do pensamento evoluído,
como a solução ideal para se por fim aos conflitos ininterruptos que tantos
males causam a israelenses, palestinos, libaneses, gente de outras nações que
povoam o território sagrado em que se localiza a fonte matricial das correntes
religiosas do Deus único.
Descabida e inoportuna, a ideia de se fazer de uma Gaza
esvaziada de palestinos uma nova Riviera, em razão das belezas naturais de sua
orla marítima, não ajuda em nada a causa da paz. Muito antes, pelo contrário. O
assunto suscita, como visto, discordância global. De outra parte, brotam da
conjuntura nascida da manifestação do presidente do país mais poderoso do
mundo, receios de que os esforços pela sensação de hostilidade em Gaza possam
ser afetados. O desafogo pela trégua arduamente conquistada, o alívio pela
libertação dos reféns, a esperança ardente, a partir daí, de uma paz definitiva
favorecendo a convivência fraterna de judeus e palestinos não podem ser
alvejados por conveniências geopolíticas equivocadas.
Jornalista Cesar
Vanucci
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