*Cesar
Vanucci
“O amor aos pobres está no Coração do
Evangelho”. (Papa Francisco)
Lá
se foi Francisco. Que perda para a Humanidade! O pranto e as vozes de
consternação pela partida do Homem de feição nazarena, vestes brancas, fala
persuasiva, doce ou candente conforme as circunstâncias, foram ouvidas em diferentes
idiomas em todos os rincões da pátria terrena. Pátria esta povoada por bilhões
de criaturas de diferentes nacionalidades, etnias, credos religiosos e políticos.
Nem mesmo incréus, ateus quiseram ficar fora do coro das lamentações.
Francisco,
avesso a pompas mundanas, Papa dos pés cobertos de poeira das caminhadas
extenuantes, carregadas de fé e esperança pelas estradas da vida, deixou-nos legado
extraordinário. Aplicou conceitos da Sabedoria trazida do Fundo e do Alto dos Tempos
para as lidas de nosso maltratado cotidiano. Soube conectar os ditames
evangélicos com as dores do mundo.
Em
seu admirável pontificado manteve o olhar misericordioso, de paternal
solicitude, sempre voltado para o mundo. As grandes questões que agitam a vida
contemporânea dele mereceram manifestações memoráveis, expressas em encíclicas,
discursos, entrevistas, instruções passadas aos religiosos e leigos engajados
nas ações pastorais da Igreja. Nenhum tema relevante se lhe escapou à percepção
arguta de evangelista afinado com os clamores da gente do povo, das pessoas
humildes, dos excluídos sócias.
As
gritantes desigualdades sociais, a pobreza ao rés do chão, as guerras
fratricidas, a impiedade do racismo, o flagelo dos refugiados e deportados, as
agressões ao meio ambiente, os preconceitos aviltantes, o desrespeito às
diversidades, o terrorismo de grupos fanatizados e de Estados despóticos, o
desvirtuamento dos conceitos econômicos, todas estas e muitas outras mazelas da
historia contemporânea figuraram no rol das angustias e preocupações do
pontífice providencial. Exortando lideranças mundiais a combaterem os males que
infelicitam e brutalizam a paisagem humana, Francisco tornou-se arauto das
lições contidas na mensagem de perene beleza transmitida às mulheres e aos
homens de boa vontade pela sabedoria espiritual.
Oportuno, relembrar que Jorge Bergoglio, em encontro com fieis, no Vaticano,
em 2014, classificou a pobreza como “um escândalo”. Ressaltou também que os
direitos à alimentação e moradia são previstos no Evangelho, independente de
qualquer corrente ideológica.
A universalidade da fecunda
ação pastoral de Francisco projetava-se no tom invariavelmente fraternal e
compassivo dos comentários expendidos a respeito de pessoas que não professavam
a fé católica. A frase seguinte exprime bem sua visão de mundo: “Deus não
pertence a nenhum povo” (...) “É melhor ser ateu que cristão hipócrita.”
Tantas são as lembranças
deixadas por Francisco que o correto é o articulista voltar, a delas se ocupar
adiante.
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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