quinta-feira, 24 de abril de 2025

O Evangelho segundo Francisco

 


 

*Cesar Vanucci

        “O amor aos pobres está no Coração do Evangelho”. (Papa Francisco)

 



Lá se foi Francisco. Que perda para a Humanidade! O pranto e as vozes de consternação pela partida do Homem de feição nazarena, vestes brancas, fala persuasiva, doce ou candente conforme as circunstâncias, foram ouvidas em diferentes idiomas em todos os rincões da pátria terrena. Pátria esta povoada por bilhões de criaturas de diferentes nacionalidades, etnias, credos religiosos e políticos. Nem mesmo incréus, ateus quiseram ficar fora do coro das lamentações.

Francisco, avesso a pompas mundanas, Papa dos pés cobertos de poeira das caminhadas extenuantes, carregadas de fé e esperança pelas estradas da vida, deixou-nos legado extraordinário. Aplicou conceitos da Sabedoria trazida do Fundo e do Alto dos Tempos para as lidas de nosso maltratado cotidiano. Soube conectar os ditames evangélicos com as dores do mundo.

Em seu admirável pontificado manteve o olhar misericordioso, de paternal solicitude, sempre voltado para o mundo. As grandes questões que agitam a vida contemporânea dele mereceram manifestações memoráveis, expressas em encíclicas, discursos, entrevistas, instruções passadas aos religiosos e leigos engajados nas ações pastorais da Igreja. Nenhum tema relevante se lhe escapou à percepção arguta de evangelista afinado com os clamores da gente do povo, das pessoas humildes, dos excluídos sócias.

As gritantes desigualdades sociais, a pobreza ao rés do chão, as guerras fratricidas, a impiedade do racismo, o flagelo dos refugiados e deportados, as agressões ao meio ambiente, os preconceitos aviltantes, o desrespeito às diversidades, o terrorismo de grupos fanatizados e de Estados despóticos, o desvirtuamento dos conceitos econômicos, todas estas e muitas outras mazelas da historia contemporânea figuraram no rol das angustias e preocupações do pontífice providencial. Exortando lideranças mundiais a combaterem os males que infelicitam e brutalizam a paisagem humana, Francisco tornou-se arauto das lições contidas na mensagem de perene beleza transmitida às mulheres e aos homens de boa vontade pela sabedoria espiritual.

Oportuno, relembrar que Jorge Bergoglio, em encontro com fieis, no Vaticano, em 2014, classificou a pobreza como “um escândalo”. Ressaltou também que os direitos à alimentação e moradia são previstos no Evangelho, independente de qualquer corrente ideológica.

A universalidade da fecunda ação pastoral de Francisco projetava-se no tom invariavelmente fraternal e compassivo dos comentários expendidos a respeito de pessoas que não professavam a fé católica. A frase seguinte exprime bem sua visão de mundo: “Deus não pertence a nenhum povo” (...) “É melhor ser ateu que cristão hipócrita.”

Tantas são as lembranças deixadas por Francisco que o correto é o articulista voltar, a delas se ocupar adiante.

Humildade e simplicidade de Francisco tornaram o 1º Papa latino americano uma figura muito popular e querida Foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP/14-12-2013

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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